Christian Gurtner

23 de mai de 20202 min

Quando os árabes encontraram os Vikings

Atualizado: 5 de dez de 2020

Um anel foi recentemente descoberto numa escavação em Birka, Suécia. Ele estava presente no túmulo de uma mulher viking que viveu no Século IX e era feito de prata com um pedra violeta cravada. O anel, no entanto, continha algo peculiar: uma inscrição em árabe.

A inscrição dizia “Il-la-lah (para Alá) estava em cúfico, uma antiga caligrafia usada pelos árabes até o século X, quando começou a ser substituída pelo násqui, a caligrafia cursiva.

A interação entre vikings e árabes nos parece tão surpreendente porque, por muito tempo, ela foi negligenciada pelo conhecimento popular, como filmes, matérias e documentários. Mas esse anel reacende essa fantástica passagem histórica.

A região russa do rio Volga, provavelmente foi onde a maior parte dessas interações ocorreram. Não é atoa que o viajante Ahmad Ibn Fadlan os chamou de “Rusiyyah” quando registrou seu primeiro encontro com os vikings.

“Eu nunca tinha vistos corpos tão perfeitos quanto os deles. São altos como palmeiras e levemente avermelhados. Eles não usam túnicas. Todo homem usa uma capa que cobre metade de seu corpo, deixando um braço sempre descoberto. Eles carregam machados, espadas, adagas e sempre os tem ao alcance.”

Isso, junto com as tatuagens e rituais de sepultamento brutais, causavam aos árabes uma mistura de horror e fascinação pelos vikings, que mantiveram uma relação majoritariamente pacífica com os árabes.

Essa relação era baseada na troca. Os vikings pareciam se interessar bastante pelos árabes e suas moedas de prata, pelas quais trocavam por armas, pele e escravos.

Um outro viajante do califado, chamado Al Tartushi, também registrou seu encontro com esses homens do norte, chamando a atenção para o fato de que, “naquela sociedade, as mulheres podiam se divorciar sempre que quisessem” e também sobre o canto deles: “Eu nunca ouvi um canto tão horrível quanto o canto desse povo. É um gemido que sai de sua garganta como um latido de cão ou algum animal selvagem”. Os olhos pintados de preto que usavam tanto homens quanto mulheres, também foram dignos de nota.

Mas o que os árabes viam como selvageria, muitas vezes tinham funções práticas, como a pintura negra nos olhos, que eram usadas para diminuir o efeito do sol intenso nos olhos, quando no mar ou na neve, facilitando a visão.

Apesar de se ter registro da interação entre essas civilizações, muitas evidencias que ainda aguardam serem descobertas podem iluminar mais ainda essa interessante relação pré-cruzadas.

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