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  • Foto do escritorChristian Gurtner

D.B. Cooper – O inexplicável sequestro do Vôo 305

Atualizado: 3 de dez. de 2020


Conheça o misterioso sequestro do vôo 305 da Northwest

O 727 da Northwest

FICHA TÉCNICA

Pesquisa, roteiro e produção: Christian Gurtner Participação especial: Alexandre Marchi

PATRONOS

Esse episódio foi possível graças ao apoio de Soraya Pfeiffer, Genicio Zanetti, Wagner Fernandes, Rogerio_AA, Vinicius Brescia, Fulvio Longhi, Raphael Dos Santos Maia, Daniel, Alexandre Moreira, Vinicius Osiro, Gabriel Campos, Joao Paulo Sossoloti, Kleuber, Mauro Lacerda, Rosi Julierme Peixoto, Francisco Menezes, Silton

 

A tripulação do vôo 305

LINKS CITADOS

 

TRILHA SONORA

  1. Darkening Developmenst — Kevin MacLeod

  2. Satiate Percussion — Kevin MacLeod

  3. An Upsetting Theme — Kevin MacLeod

  4. Gagool — Kevin MacLeod

  5. Urban Gauntlet — Kevin MacLeod

  6. Sneaky Snitch — Kevin MacLeod

  7. Not as it seems — Kevin MacLeod

  8. Mistake the Gateway — Kevin MacLeod

  9. Investigation — Kevin MacLeod

  10. Time Passes — Kevin MacLeod

  11. Air Prelude — Kevin MacLeod

  12. Hitman — Kevin MacLeod

  13. To the Ends — Kevin MacLeod

  14. Rollin at 5 — Kevin MacLeod

Retrato falado de D.B. Cooper

BIBLIOGRAFIA

KRAJICEK, DAVID. DB Cooper: The Legendary Daredevil.Disponível em: < http://www.crimelibrary.com/criminal_mind/scams/DB_Cooper/index.html >. Acesso em: 03/02/2015

FBI. D.B. Cooper Redux. Disponível em: < http://www.telegraph.co.uk/culture/8667855/The-40-year-mystery-of-Americas-greatest-skyjacking.html >. Acesso em: 03/02/2015

HANNAFORD, ALEX. The 40-year mystery of America’s greatest skyjacking. Disponível em: < http://www.telegraph.co.uk/culture/8667855/The-40-year-mystery-of-Americas-greatest-skyjacking.html >. Acesso em: 03/02/2015

TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

(As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los)


Ler a transcrição completa do episódio


Estados Unidos, 24 de novembro de 1971

Aeroporto Internacional de Portland

Às 4 horas da tarde do dia de Ação de Graças, um homem de aproximadamente 40 anos foi até o guichê da empresa aérea Northwest, onde comprou uma passagem só de ida para Seattle se registrando como Dan Cooper. Poucos minutos depois ele já estava a bordo da aeronave, um Boeing 727 com 36 passageiros a bordo.

As 4:35 da tarde o avião decola.

Uma das comissárias passou servindo bebidas e Dan Cooper, que vestia um terno escuro e gravata, o que era algo comum na época, colocou óculos escuros, pediu whiskey e acendeu um cigarro, passando em seguida um bilhete para a comissária. Ela colocou o bilhete no bolso e continuou seu trabalho.

Ela fez isso pois estava acostumada a receber bilhetes de passageiros homens. Normalmente era o número do quarto do hotel em que iam ficar ou outra cantada qualquer. E por isso não deu muita atenção àquele papel.

Porém, ao passar novamente pela poltrona do homem, ele a chamou e disse: “É melhor você ler esse bilhete, tenho uma bomba comigo”.

A, comissária, assustada, leu o bilhete, que dizia: “Eu tenho uma bomba em minha mala de mão, eu vou usá-la se necessário. Eu quero que você se sente ao meu lado. Vocês estão sendo sequestrados”.

A comissária levou o bilhete ao comandante que informou o controle aéreo sobre o sequestro e pediu que a comissária fizesse o que o sequestrador pediu.

Ela, então, voltou para Dan Cooper e sentou-se ao seu lado.

As exigências do sequestrador eram 200.000 dólares e dois pares de páraquedas (dois principais e dois de emergência). O avião só poderia pousar em Seattle quando as exigências estivessem prontas para serem entregues. Assim, o comandante teve que sobrevoar o aeroporto de Seattle por 30 minutos até que as autoridades confirmassem que estava tudo pronto.

Às 5:39 da tarde o avião pousa. O sequestrador pede para que as luzes do avião sejam diminuídas, evitando assim que um franco-atirador o tivesse na mira e também não deixou que qualquer veículo se aproximasse do avião, com exceção de uma única pessoa que deveria entregar o dinheiro e o pára-quedas.

Outra exigência era que fosse entregue comida para os tripulantes da aeronave.

Enquanto a aguardava as entregas, Cooper pediu Bourbon e água para a comissária e a deixou surpreendida quando quis pagar pelo pedido.

O sequestrador era gentil e calmo, o que, provavelmente, deixou a tripulação também mais calma.

Assim que suas exigências foram entregues, ele liberou todos os passageiros e uma das comissárias, mantendo na aeronave somente a comissária a qual entregou o bilhete e os pilotos.

Dan Cooper, com a comissária ao lado, lia o manual de operações da escada porta. Ele pediu muitas informações para ela, que disse achar que era impossível baixar as escadas em vôo. Mas Cooper disse que ela estava errada.

O sequestrador usou o interfone da comissária para dar novas ordens para os pilotos. Ele queria que o avião voasse a 10.000 pés de altitude, com baixa velocidade, que a porta do avião não fosse travada e que a cabine não fosse pressurizada. Afirmou ainda que usava um altímetro de pulso para monitorar a altitude e não ser enganado pelo piloto. Ele não deu ordens específicas sobre qual rota seguir, simplesmente disse para o comandante ir para o México.

O comandante diz para o sequestrador que seria necessário outro pouso em solo Americano para reabastecer o avião a fim de conseguir chegar ao México. Foi acordado então que o avião faria uma breve escala em Reno antes de prosseguir viagem para o país vizinho.

7:46 da noite

O Boeing 727 da Northwest decola do aeroporto de Seattle sob os olhares perplexos de agentes do FBI e demais autoridades.

A caminho do México, minutos depois da decolagem, o sequestrador manda todos os tripulantes permanecerem no cockpit com o comandante, deixando-o sozinho na cabine de passageiros.

As 8h da noite a tripulação vê uma luz de alerta se acender no cockpit: era a indicação de que a porta fora aberta. O comandante pergunta para o sequestrador no intercom se ele precisava de algo. A resposta foi um simples “não”, que fora a última palavra ouvida de Dan Cooper.

Às 8:24, em meio a uma tempestade, e uma temperatura externa de 7 graus negativos, o piloto sente um arrasto de um lado tirando um pouco o avião de sua proa. Ele deduz que a escada da porta fora baixada. Depois disso, não viram nem ouviram mais nada.

Apesar do silêncio, todos os tripulantes permaneceram no cockpit com receio de desobedecer a ordem do sequestrador.

O avião pousa em Reno às 10:15 da noite, e após tentarem, sem resposta do sequestrador, perguntar pelo intercom o que deviam fazer, saíram do cockpit para descobrir que não havia ninguém mais a bordo. Dan Cooper tinha desaparecido e, ao que tudo indica, para sempre.

Tradução da reportagem em inglês

Âncora: Quando ele entrou em um avião em Portland, Oregon, ontem a noite era somente mais um passageiro, que se apresentou como D.A. Cooper. Porém, hoje, após sequestrar um avião da Northwest em Seattle e elaborar uma fuga saltando de paraquedas em algum lugar entre lá e Reno, Nevada, é descrito como um mestre do crime.

Repórter: Trinta e seis passageiros saíram do jato em Seattle na última noite. Ficando a bordo quatro membros da tripulação e o sequestrador, que vestia um terno executivo, exigindo 200.000 dólares e carregando uma pasta que dizia conter explosivos. Com o dinheiro recolhido de bancos de Seattle a quatro paraquedas enviados a bordo, o avião seguiu para Reno. Levou três horas e meia, o que é bem demorado, mas o sequestrador havia dado instruções detalhadas de vôo. A escada traseira estava aberta durante o vôo quando pousou em Reno. A tripulação, segundo o FBI, foi obrigada a voar baixo sobre as planícies de Oregon com os flaps baixados e com isso a velocidade caiu para algo próximo de 200 milhas por hora e o sequestrador saltou de paraquedas levando o dinheiro. A tripulação tinha pouco a dizer.

Comandante: Já passamos todas as informações às autoridades e não quero discutir mais isso.

Repórter: O FBI te pediu que não discutisse?

Comandante: Não. Eles estão fazendo suas investigações e… hm… e minha empresa prefere passar isso para eles.

Repórter: Tina, você estava com o resto da tripulação durante o vôo?

Comissária: Sim, eu estava no cockpit…

Repórter: Nenhum de vocês estava dentro com o sequestrador, certo?

Comissária: Nós já falamos sobre isso no… tudo…

Repórter: Como você se assegura que ele não estava no avião quando pousou em Reno?

Agente do FBI: Bem, uma busca foi feito no avião imediatamente, er… após o pouso…

Repórter: Como pudemos entender, ele poderia ter saído do avião enquanto ele fazia o taxi, antes de chegar aqui… como a tripulação poderia saber

Agente do FBI: Não…

Repórter: …se ele estava ou não a bordo…

Agente do FBI: A tripulação não poderia saber, mas nós tínhamos o aeroporto sob vigilância…

O FBI estava intrigado. O avião estava sob total vigilância quando pousou e ninguém havia saltado para fora ou tentado fugir. Tudo indicava que os paraquedas pedidos pelo sequestrador foram realmente usados.

No avião ele deixara somente um dos paraquedas e a gravata que usava e que, posteriormente, era a única e mais importante pista, pois continha amostras de DNA e, considerada o único erro cometido pelo sequestrador.

Seria mesmo um erro? Ele pediu até que o bilhete que ele havia entregado para a comissária lhe fosse devolvido para evitar deixar pistas e, então, deliberadamente ele deixa a gravata para trás?

Esse era somente uma das inúmeras perguntas que perduram até hoje sobre o caso.

O tempo naquela noite estava tempestuoso na região onde o piloto marcara o provável salto do sequestrador, o que fez com que as autoridades iniciassem a busca pela área de extensas florestas somente na manhã seguinte.

Teria o homem sobrevivido ao salto noturno, dentro de uma tempestade com temperatura abaixo de zero e cujo local de pouso era uma área florestal isolada?

Muitos dizem que ele nem sequer conseguiu abrir o paraquedas. Outros já insistem que a probabilidade de sobrevivência ao salto era boa.

E, de fato, tudo parecia ter sido muito bem pensado e estudado por Cooper, desde o tipo de aeronave — pois se fosse um jato maior, ele não conseguiria manter a baixa velocidade desejada — até ao tipo de paraquedas, que aliás, parecia um golpe brilhante pedir dois pares, deixando assim as autoridades pensarem que ele levaria um dos reféns com ele, evitando que enviassem paraquedas falsos ou estragados.

O seu plano fora aparentemente perfeito. Pediu o dinheiro em notas de $20 não marcadas, sabendo que o peso do dinheiro seria adequado para o salto, pediu para que a cabine não fosse pressurizada, evitando que a porta gerasse uma descompressão violenta quando aberta e ciente de que àquela altitude não seria necessária a pressurização, já que até 12.000 pés de altitude é possível, para uma pessoa saudável, respirar normalmente.

Ele calculou o peso corretamente, o tipo de equipamento necessário, o tipo de avião que poderia cumprir com a velocidade e altitude necessárias, a questão da pressurização e todo e pequeno detalhes. Será que, apesar de tudo ele cometeria o erro de pular para a morte?

Uma coisa é fato, mesmo depois de a polícia revirar toda a área, o homem nunca mais fora encontrado. Nem vivo, nem morto.

Foram semanas de buscas com aeronaves e equipes em terra por toda a região, sem sucesso.

O FBI fez uma vasta pesquisa em seus bancos de dados em busca de Dan Cooper, mesmo sabendo ser improvável que aquele fosse seu nome verdadeiro.

Através de depoimentos e descrições fornecidos pela tripulação, foram criados vários retratos falados do sequestrador. A polícia estava confiante na precisão dos retratos, pois mesmo a tripulação ter auxiliado na criação dos mesmos de forma separada e sem um ouvir o depoimento do outro, os desenhos eram praticamente idênticos.

Mas mesmo com esses retratos espalhados por todos os estados americanos, transmitidos para todas as TVs do país em telejornais, não houve uma pista verdadeira sequer. Todas as ligações recebidas pela polícia ou eram trotes ou malucos afirmando serem eles Dan Cooper.

Mais de 1200 suspeitos foram investigados. Nenhum se encaixou com as evidências.

A polícia passou quase uma década no escuro. Recompensas foram oferecidas sem adiantar muita coisa, e ninguém sabia mais qual caminho seguir. Dan Cooper havia simplesmente desaparecido do mapa como se nunca tivesse existido.

10 de fevereiro de 1980

Um garoto de 8 anos de idade, brincava de cavar no leito do Rio Columbia, quase 100km abaixo da área em que Cooper supostamente saltou. Ele encontrou alguns bolos de notas completamente deteriorados pelo tempo, somando 5.800 dólares e que continham o número de série que o FBI secretamente registrou, enganando o sequestrador.

Com isso o FBI achava ter encontrado a evidência de que Cooper não sobreviveu ao salto, e sua bolsa de dinheiro permaneceu por anos no leito do rio até que se deteriorou e começou a soltar notas pela corrente.

Mais buscas foram feitas, até mesmo com mergulhadores vasculhando o fundo do rio em toda a extensão de onde o dinheiro foi achado até o local provável do salto. Porém, nada mais fora encontrado.

Os anos continuam passando e, mesmo após várias pessoas confessarem ser Cooper, o teste de DNA não batia.

Enquanto muitos debatem se o sequestrador sobreviveu ou não, eu fico pensando se, na verdade, ele nunca saltou do avião. Fez a tripulação se trancar no cockpit e armou um teatro para que pensassem que ele havia saltado naquele ponto, jogando seus pertences e uma bolsa menor com um pouco do dinheiro para despistar. Será que ele continuou no vôo até Reno e que, de alguma forma durante o pouso conseguiu sair da aeronave sem ser notado? Ou será que pulou em outro ponto quando o 727 perdia altitude para o pouso?

O que mais me deixa intrigado é outra hipótese que passou por minha cabeça: e se, Dan Cooper, na verdade, nunca existiu? Sendo aquele um plano orquestrado com maestria pela tripulação do vôo 305? Alguém auxilia a tripulação comprando uma passagem, mas que nunca embarca, porém no manifesto de passageiros essa pessoa é contada como presente e, a partir daí a tripulação tem o controle sobre tudo, deixando inclusive uma gravata com DNA de um desconhecido como pista para que as suspeitas fossem desviadas, enquanto todo o restante do material fora eliminado.

Porém, com todos os passageiros como testemunhas, tudo indica que realmente havia um sequestrador a bordo.

As pistas se tornaram escassas e o homem, descrito pela comissária como um cavalheiro, gentil e cortês, havia desaparecido, deixando somente seu pseudônimo para trás e uma fama quase de herói. O odiado por uns e amado por outros: D.B. Cooper.

A maestria do plano, a completa falta de pistas e evidências e, principalmente o fato de ninguém ter sido ferido, faz com que Dan Cooper seja visto por muitos como herói. Existe até mesmo uma cidade próxima ao local do salto que comemora anualmente, na mesma data do sequestro, o dia de D.B. Cooper.

Uma curiosidade, aliás, é por que nos referimos ao caso como D.B. Cooper, sendo que o sequestrador se apresentou como “Dan” Cooper? A resposta é que um jornal na época cometeu um erro e noticiou que o homem se apresentara como D.B Cooper. A partir daí, o nome pegou e se tornou o nome do caso.

Dan Cooper deixou muitos investigadores frustrados e alguns com muita raiva. E, sobrevivendo ou não ao salto, uma coisa é certa: ele conseguiu seu lugar na história.

O sequestro do vôo 305 da Northwest é hoje o único caso de pirataria aérea sem solução nos Estados Unidos.

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