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  • Alea Jacta Est!

    Era 10 de janeiro do ano 49 antes da era cristã.

  • Inteligência Artificial

    A história da evolução da Inteligência Artificial, desde a antiguidade até os dias de hoje. FICHA TÉCNICA Direção, produção e edição: Christian Gurtner Roteiro: Guilherme Grazziotin e Christian Gurtner Pesquisa: Guilherme Grazziotin Patrocínio: L3 Esse episódio foi possível graças ao apoio dos patronos e assinantes premium do Escriba Cafe LINKS CITADOS L3 (Patrocinador) Seja um membro premium TRILHA SONORA https://www.epidemicsound.com/playlist/qpz6r4adwi232mjhidxpv6lgv8u84ia9 A trilha sonora desse episódio foi elaborada através do Epidemic Sound BIBLIOGRAFIA Canard Digérateur de Vaucanson – Vaucanson’s Digesting Duck – Grenoble, France | Atlas Obscura. (n.d.). http://www.atlasobscura.com/places/canard-digerateur-de-vaucanson-vaucansons-digesting-duck Benko, A., & Sik Lányi, C. (2011). History of Artificial Intelligence. Encyclopedia of Information Science and Technology, Second Edition, December, 1759–1762. https://doi.org/10.4018/978-1-60566-026-4.ch276 History, B. (2005). A (Very) Brief History of Arti cial Intelligence. AI Magazine, 53–60. Pickover, C. A. (2019). Artificial Intelligence: An Illustrated History: From Medieval Robots to Neural Networks. http://sprott.physics.wisc.edu/pickover/ai-book.html Rouhiainen, L. (2018). Artificial Intelligence: 101 Things You Must Know Today About Our Future. https://books.google.com/books?hl=en&lr=&id=P3fSDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PP1&dq=traceability+system+artificial+intelligence&ots=TY5jwFvWum&sig=pu0RO5o5XUTQh36nXRz-dZTRyro Schuchmann, S. (2019). History of the first AI Winter. In Towards Data Science. https://towardsdatascience.com/history-of-the-first-ai-winter-6f8c2186f80b Truitt, E. R. (2015). Medieval robots: Mechanism, magic, nature, and art. In Medieval Robots: Mechanism, Magic, Nature, and Art. Integrantes da Conferência de Dartmouth TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler transcrição completa do episódio Introdução Era o ano de 1769, diante da Imperatriz austríaca Maria Teresa e sua corte, Wolfgang Von Kempelen, um nobre com um vasto conhecimento científico, apresentava uma estranha invenção: Um autômato enxadrista. Automatos eram uma espécie de robô que podia realizar alguns movimentos básicos sozinhos, e eram muito apreciados como fonte de entretenimento naquela época. Porém, o autômato que Kempelen estava apresentando, fazia algo inimaginável: jogava xadrez contra humanos. E ganhava! A máquina era composta por uma espécie de boneco em tamanho real vestido com roupas típicas turcas e um cachimbo numa mão. Na parte inferior, uma caixa toda fechada protegia toda complexidade de mecanismos e engrenagens que faziam o Turco funcionar. Antes de cada partida, o inventor abria uma porta de cada vez para mostrar esse maquinário e provar que não havia um ser humano ali dentro. Começava a partida e, algum tempo depois, o atômato, que movia as peças sozinha, ganhava o jogo o impressionando a platéia atônita. Aquela máquina desafiou a mente de inúmeros estudiosos da época que tentavam, a qualquer custo, descobrir como aquilo funcionava. Era algo – ate então – impensável, a possibilidade de uma tecnologia de processamento de dados ou qualquer espécie de raciocínio vindos de uma máquina. Mas o turco parecia conseguir fazer isso. Ele rodou toda a Europa se tornando um grande sucesso e sendo apresentado para multidões. Wolfgang Von Kempelen jamais explicou como funcionava seu Autômato, mas após sua morte algumas teorias foram comprovadas ao se estudar todo o mecanismo da invenção. Tudo dependia de um show de ilusão. A máquina era operada por algum excelente jogador de xadrez contratado por Kempelen, que se espremia dentro do pequeno gabinete e se movia para se esconder de um lado quando uma das portas era aberta para apresentar o interior para o público era aberta para o outro e vice versa. A partir daí ele controlava o turco através de magnetos e alavancas enquanto acompanhava o jogo por uma tabela iluminada a luz de velas. O problema é que, mesmo depois do truque ser desvendado, as apresentações continuaram fazendo sucesso, afinal, ainda sim aquele mecanismo era algo incrível para a época. O Fato é que, mesmo sendo uma ilusão, o turco foi o responsável por vários estudos e discussões que, um dia, resultariam no Deep Blue, o computador que venceu o maior enxadrista de todos os tempos, e abriria todo um caminho para a evolução de algo que o ser humano já sonhava há tempos: criar uma máquina inteligente. Os mitos e invenções antigas A ideia de uma máquina que realiza ações sozinha é tão antiga quanto as civilizações. Na mitologia grega já havia um robô gigante que circulava a cidade grega de Creta 3 vezes ao dia. Esse robô, feito de bronze, foi um presente de Zeus para a sua amante Europa. O robô se chamava Talos e foi feito por Zeus para defender a cidade de Creta de invasores e impedir que os moradores saíssem da cidade sem a permissão do rei Minos. Talos usava de enormes rochas as quais ele retirava das montanhas para atacar as embarcações inimigas que ameaçassem ancorar em Creta. A tripulação que conseguisse atracar, era dizimada pelo robô gigante que, completamente engolido por fogo, abraçava os inimigos, queimando-os até a morte. Já na idade média também havia lendas sobre criações humanas com certa inteligência. Conta-se que em 1580, na cidade de Praga, na República Tcheca, o rabino Judah Loew ben Bezalel, procurando defender a comunidade judaica de ataques anti-semitas, usou de seu conhecimento para erguer um golem feito de argila. Na testa do golem, ele escreveu a palavra “emet”, que em hebreu significa “verdade”. Judah Loew logo notou que, após dar tamanha força física a sua criação e transformá-la em um super-humano, seria impossível manter o controle da criatura. Inúmeras versões diferem a partir daí. Desde versões que contam que o golem, após se apaixonar e ser rejeitado, tornou-se uma máquina assassina até versões que dizem que, após sair do controle do rabino, o monstro entrou em fúria, destruindo tudo em seu caminho. Através da história, a existência de autômatos – dispositivos mecânicos artificialmente animados que imitam os movimentos humanos ou de outros seres da natureza – intriga e fascina a mente de artistas, cientistas, filósofos e teólogos. A criação de uma inteligência artificial que possa reproduzir movimentos, ações e até emoções é frequentemente retratada em livros, filmes e outros produtos de entretenimento. A história de Talos e do Golem são apenas lendas. Porém, a humanidade estaria preparada para conviver com esta inteligência se ela fosse real? Autômatos A realidade é que já existiam outros autômatos muito tempo antes do enxadrista de Kempelen. Na grécia antiga, três séculos antes de Cristo, um engenheiro criou um robô que servia vinho e ficou conhecido como o Servo de Philon. Através de um complexo mecanismo de cordas, pesos e pressão de ar, ao se colocar o copo numa das mãos do robô, com a outra mão ele servia vinho e ainda diluia a quantidade desejada de água, costume comum na época. Mais ou menos em 250 a.C. o inventor grego Tesibius criou uma máquina que se movia sozinha para marcar o tempo. Essa espécie de relógio era movido a água e ficou famosa em toda a Alexandria. Existem, também, registros da criação de outros modelos de relógios de água originários da China, Índia, Babilônia, Egito e Pérsia. Vários autômatos surgiram no início do Renascimento, desde Cristos que moviam os olhos até figuras representativas de Satã que faziam barulhos e mostravam a língua. Um dos autômatos mais conhecidos e impressionantes desta época é o relógio astronômico da Catedral de Notre-Dame de Estrasburgo, na França. Construído em 1352, contém um galo que mexe a cabeça, bate as asas e canta em determinados momentos, além de anjos que se movem. Em 1896, o autor Fanny Coe escreveu: “é quase como um pequeno teatro. Tem inúmeros personagens e animais com seus papéis nas cenas… As horas são anunciadas por anjos e, ao meio-dia e meia-noite, figuras de Cristo e seus doze apóstolos aparecem, então um galo dourado na torre superior do relógio bate as asas e canta”. Ninguém sabe quem é o construtor deste autômato e, apesar de ter passado por algumas reformas ao longo do tempo, pode ser admirado até hoje na Catedral. O Renascimento foi um período fértil em vários campos das artes, ciências e religião e o fascínio do ser humano em criar formas artificiais de vida também atingiria um dos maiores gênios da humanidade, Leonardo da Vinci. . Em 1495 Leonardo havia projetado um cavaleiro robô. O desenho do gênio , talvez o primeiro andróide de que se tem conhecimento, era composto por juntas articuladas, braços, mandíbula e cabeça móveis e usava um sistema de polias para movimentar suas partes. Além disso, a armadura animada podia se sentar e levantar e possuía mais de um sistema de engrenagens que movimentavam a parte de cima e de baixo do corpo de forma independente. Apesar da magnitude do projeto, não se sabe se o autômato de Da Vinci chegou a ser construído. Em 1739 um outro autômato chamou a atenção. Um relojoeiro chamado Jacques de Vaucanson apresentou, no Palácio das Tulherias, em Paris, o Canard Digérateur. Na tradução, o Pato que Digere. O Pato de Vaucanson podia mexer a cabeça, beber água com o bico, bater as asas, grasnar, comer diretamente das mãos de alguém, além de diversos movimentos realistas. A grande atração deste autômato era que, após alguns minutos, restos de comida ingerida eram excretados por um compartimento inferior. Obviamente o pato não digeriu de fato a comida, o que acontecia era que o compartimento interno abaixo do rabo do animal era previamente preenchido com um excremento falso. De qualquer maneira, o Pato que Digere de Vaucanson mostrou ao mundo que os limites entre o natural e o puramente mecânico se tornavam cada vez mais frágeis e que, junto com o autômato Turco de Kempelen, reservavam um futuro promissor, porém confuso, à medida que essas entidades robóticas se tornavam cada vez mais versáteis. Inteligência Com o passar dos anos, os robôs e outras criações artificiais que imitavam humanos e animais ficavam cada vez mais complexos, até que cientistas e inventores acabaram por fazer a grande pergunta: seria possível criar algo inteligente? A partir de 1940, cientistas de variados campos como matemática, psicologia, engenharia, economia e ciências políticas começaram a discutir a possibilidade da criação de um cérebro eletrônico. Em 1943, o neurofisiologista Warren McCulloch e o lógico Walter Pitts explicaram alguns modelos básicos de redes artificiais de neurônios. Inspirados na rede biológica de neurônios que compõem nosso cérebro, os cientistas explicam que as máquinas, assim como os humanos, podem aprender por repetição. Basicamente, um neurônio, que no caso é uma unidade computacional, recebe uma informação e repassa para outro neurônio conectado na forma de um impulso elétrico. Após um período de treino, a máquina será capaz de realizar ações básicas. Esse princípio é usado atualmente nos campos de jogos eletrônicos, tradução e saúde. E se a máquina, agora que pode aprender, fosse capaz de pensar? Em 1950, Alan Turing, um cientista computacional inglês, publicou um artigo chamado “Computing Machinery and Intelligence” na revista Mind. Neste artigo, Turing sugeriu que, se um computador se comporta da mesma maneira que um humano, podemos chamá-lo de inteligente. Desta forma ele propôs um teste especial para avaliar a inteligência de qualquer computador: Imagine que um computador e um humano respondem, por texto, perguntas de outros humanos que não conseguem ver quem ou o que está respondendo. Se as pessoas que fizeram as perguntas não conseguem distinguir se a resposta recebida foi escrita pelo computador ou pela outra pessoa, o computador passou por uma versão típica do que hoje chamamos de “teste de Turing”. O Teste de Turing ainda gera muitos debates e controvérsias. Por exemplo, se um computador for programado para ser mais inteligente que um humano, ele pode acabar induzindo-se ao próprio erro pois o objetivo do teste é se equiparar a humanos. O computador pode cometer erros de digitação, inserir piadas nas respostas, mudar o assunto da pergunta e usar de outros métodos para enganar os humanos que fizeram as perguntas. De qualquer maneira, o Teste de Turing foi um marco no estudo da Inteligência Artificial. Porém, o uso desta nomenclatura não era reconhecida até 1956. Conferência de Dartmouth No verão daquele ano, na cidade de Hanover, nos Estados Unidos, aconteceu a Conferência de Dartmouth. Foi neste evento que o termo Inteligência Artificial, sugerido pelo cientista John McCarthy, foi debatido e aceito como um novo campo de pesquisa. A conferência foi criada pelo próprio McCarthy junto com os cientistas Marvin Minsky, Nathaniel Rochester e Claude Shannon e propôs um trabalho de 2 meses na tentativa de encontrar formas de fazer uma máquina falar, formular ideias e conceitos, resolver problemas até então possíveis de serem resolvidos somente por humanos e até de se aperfeiçoarem. A Conferência de Dartmouth foi um marco no campo da Inteligência Artificial e uniu um seleto grupo de pesquisadores que influenciariam a área pelos próximos 20 anos. Apesar dos avanços no campo da Inteligência Artificial, houve alguns percalços. Após muita animação com progressos no campo de Machine Translation, muito por causa do período da Guerra Fria e constantes investimentos do Exército Americano em traduzir textos russos para o inglês, iniciaram-se os primeiros problemas. Década Silenciosa O período entre 1967 e 1976 ficou marcado como a Década Silenciosa. Durante esse tempo, os progressos em Inteligência Artificial estagnaram. Os estudos não conseguiam evoluir para algo mais do que uma máquina executando tarefas simples e não conseguindo bons resultados em tarefas mais complexas. Alguns autores atribuem essa estagnação à falta de recursos tecnológicos na época para conseguir avançar nas pesquisas. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, vendo que nenhum avanço havia sido documentado, frustrou-se. Essa frustração gerou cortes nos financiamentos de pesquisas acadêmicas na área. Em 1973, um matemático britânico chamado James Lighthill publicou o The Lighthill Report. Esse relatório era uma avaliação da atual situação dos estudos em Inteligência Artificial e foi escrito para o Conselho de Pesquisa Científica Britânico. Num dos trechos desse relatório, Lighthill escreveu sobre o Machine Translation: “Onde as maiores quantias foram gastas e onde se chegou a menores resultados úteis.” O Relatório de Lighthill gerou um impacto nos estudos em Inteligência Artificial. O governo britânico cortou o financiamento de todas, exceto duas, universidades que mantinham um programa de pesquisa na área. Esse movimento gerou cortes por toda a Europa. Após a publicação de Lighthill em 1973, iniciou-se o chamado AI Winter. O AI Winter marcou um período de escassez e frustração nas pesquisas em Inteligência Artificial. AI Winter Porém, a DARPA, Defense Advanced Research Projects Agency, uma agência governamental criada em 1958 como uma reação à guerra tecnológica dos Estados UNidos com a UNião Soviética, iniciou alguns investimentos na área priorizando projetos mais práticos em vez de teóricos. No início dos anos 80, os estudos em inteligência artificial voltaram para a fabricação de produtos comercializáveis. Batizados pela indústria de “sistemas especializados”, a inteligência artificial começou a ser usada para auxiliar especialistas em suas áreas de trabalho. Foi neste momento em que foram produzidos sistemas para as áreas de finanças, médica, geográfica e microeletrônica. Apesar de toda a animação da imprensa em criar manchetes como “IA: Está aqui” e empresas anunciando que “conseguiram construir o melhor cérebro”, os pesquisadores do campo de inteligência artificial ainda mantinham um medo de um segundo AI Winter. E eles estavam certos. Com o aumento das expectativas de até onde a inteligência artificial poderia chegar, criou-se um receio entre os cientistas de que os resultados das pesquisas poderiam não condizer com o esperado. A partir de 1989, mais uma vez, os financiamentos em pesquisa no campo de inteligência artificial diminuíram, diversos sistemas especializados começaram a apresentar defeitos e muitas empresas de inteligência artificial fecharam as portas. Assim como o primeiro Inverno, o segundo AI Winter é resultado de altas expectativas e pouco senso de realidade, levando a frustração. Enquanto isso, o Japão fazia o caminho contrário. Japão A reputação do campo da inteligência artificial estava em baixa. Cientistas e engenheiros já usavam outros nomes como Machine Learning para categorizar seus trabalhos a fim de evitar o uso de AI e não perder financiamentos. Por outro lado, as pesquisas japonesas avançavam em um movimento chamado Quinta Geração de Computadores. Com o intuito de se tornar líder na área de tecnologia e microcomputadores, o Japão investiu alto e aliou a inteligência artificial baseada na programação lógica e armazenamento de dados Na segunda metade dos anos 90, na Universidade de Stanford, foi criado o primeiro protótipo do Google. Conclusão Inicialmente presente no folclore, a inteligência artificial está mais presente nas nossas vidas do que imaginamos. Aplicativos, serviços de streaming, redes sociais, anúncios, sistemas de busca, games, enfim. Todos usando inteligência artificial para coletar nossos dados buscando sempre nos oferecer a melhor experiêwncia naquele momento. E engana-se quem pensa que a cultura de robôs e autômatos foi deixada de lado. Hoje temos carros autònomos, robôs que limpam nossas casas, assistentes pessoais como a Alexa e a Siri. E o futuro reserva avanços cada vez maiores e mais rápidos. Cabe a nós decidirmos de que forma vamos usar essa tecnologia. Curioso ou curiosa para saber o que virá? Busque no Google. (ver a utilidade desse final) #História #Inteligência #Tecnologia

  • Conhece-te a ti mesmo

    Platão certa vez disse: “vencer a si próprio é a maior das vitórias”.

  • 3. Inimigos imaginários, medos reais

    Os alemães e seus descendentes que imigraram para o Brasil haviam conquistado uma nova vida e prosperado, até que viveram um pesadelo. Ouça nesse terceiro episódio do podcast Ausländer. Ficha Técnica Roteiro, produção e narração: Christian Gurtner Pesquisa: Dr. Marcos Meinerz Participação especial: Depoimentos do documentário Sem Palavras, de Katia Klock, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=2WMUGVvRdQA Podcast criado em parceria com a Nordweg. #Imigração #Alemanha #Napoleão #História #Guerra

  • O Conde de Saint-Germain

    Quem foi o misterioso homem que passeou pelas cortes europeias com histórias impossíveis e conseguiu até influenciar o Rei da França? Possivelmente único retrato do Conde de Saint-Germain FICHA TÉCNICA Pesquisa, roteiro e produção: Christian Gurtner Esse episódio foi possível graças ao apoio dos patronos e assinantes premium do Escriba Cafe Madame de Pompadour LINKS CITADOS Instagram do Escriba Cafe Seja um membro premium TRILHA SONORA A trilha sonora desse episódio foi elaborada através do Epidemic Sound BIBLIOGRAFIA Casanova, Giacomo. “The Memoirs of Jacques Casanova de Seingalt 1725-1798, Complete.” Gutenberg.Org, 2016, www.gutenberg.org/files/2981/2981-h/2981-h.htm. Accessed 16 June 2020. “Collections Online | British Museum.” Britishmuseum.Org, British Museum, 2020, www.britishmuseum.org/collection/term/BIOG163301. Accessed 28 May 2020. “Comte de Saint-Germain | French Adventurer.” Encyclopædia Britannica, 2020, www.britannica.com/biography/comte-de-Saint-Germain. Accessed 28 May 2020. Isabel Cooper-Oakley. The Comte de St. Germain : The Secret of Kings : A Monography. Milano, 1912. Spangenburg, R, and D Moser. The Rise of Reason: 1700-1799. Facts On File, Incorporated, 2009. Wagner, Stephen. “Saint-Germain: The Immortal Count.” LiveAbout, LiveAbout, 20 Apr. 2009, www.liveabout.com/saint-germain-the-immortal-count-2594421. Accessed 28 May 2020. Walpole, Horace. “Letters of Horace Walpole.” Fullbooks.Com, 2020, www.fullbooks.com/Letters-of-Horace-Walpole2.html. Accessed 10 June 2020.‌ TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler transcrição completa do episódio No século XVIII, viveu na Europa um curioso homem conhecido por Conde de Saint-Germain. Com um passado obscuro, um grande talento artístico e um conhecimento louvável sobre vários assuntos, muitas histórias eram contadas a seu respeito, e acabou por ficar conhecido na corte Francesa e virar assunto nas conversas das festas. Dentre todas as histórias fantásticas contadas por ele mesmo, dizia ter um grande conhecimento em alquimia e descoberto como transformar qualquer metal em ouro – e também como derreter diamantes. Mas ele ficou mais conhecido foi por outra coisa: com o passar das décadas várias pessoas diziam ter se encontrado com ele, sem perceber qualquer mudança de envelhecimento em sua fisionomia. Esses relatos continuam até os dias hoje reforçando uma crença: O Conde de Saint-Germain seria imortal. Era o ano de 1760. Paris estava movimentada. Pessoas e carruagens se misturavam pelas ruas. E as fofocas também. Chega aos ouvidos da Condessa de Georgy que um curioso visitante havia chegado a casa da Madame de Pompadour, cortesã do Rei Luis XV. A condessa ficou bastante curiosa quanto foi informada de que o visitante era um tal Conde de Saint-Germain. Ela havia conhecido um Conde de Saint-Germain em Veneza, muitos anos antes e estava ansiosa para rever tão interessante figura. Mas ao encontrá-lo, algo parecia errado: ele estava exatamente igual ao Conde de décadas atrás. Ela perguntou se por acaso ele seria filho do homem que conhecera em Veneza. Ele respondera que não, pois ele mesmo estava em Veneza e fora ele mesmo que a cortejara naquela época. A Condessa disse ser impossível, pois o Conde de Saint-Germain que ela conheceu tantos anos atrás, aparentava ter quarenta e poucos anos. E o Conde que ali estava não tinha envelhecido nada. “Madame”, disse ele, “eu sou muito velho” Essa anedota era uma das várias histórias e casos contados jocosamente na corte e nas festas na Europa do século XVIII, criando a fama de um homem que, até hoje, muitos acreditam ser imortal. Mas quem era esse homem? Do seu verdadeiro nome e de onde veio, pouco se sabe. A versão mais contada é a de que era um judeu português nascido aproximadamente em 1700. O primeiro registro do Conde de Saint-Germain foi em uma carta escrita pelo renomado político e autor britânico Horace Walpole, em 1745, em que contou que o Conde estava em Londres, e que havia sido preso por espionagem, porém solto em seguida. Walpole escreveu: “[…] outro dia eles apreenderam um homem estranho, que se chama Conde St. Germain. Ele esteve aqui nesses dois anos e não diz quem ele é ou de onde veio, mas afirma que não usa o nome verdadeiro. Ele canta, toca violino maravilhosamente, compõe, mas é louco e não muito sensato. Ele já foi chamado de italiano, espanhol, polonês; alguém que se casou com alguém de grande fortuna no México e fugiu com suas jóias para Constantinopla; um padre, um violinista, um vasto nobre. O príncipe de Gales teve grande curiosidade sobre ele, mas em vão. No entanto, nada foi feito contra ele: ele foi libertado; estou convencido de que ele não é um cavalheiro. Em 1748 ele aparece na corte francesa. Com seus dons e capacidade de persuasão, ele logo começa a exercer grande influência. É convidado para festas, onde se gaba de seu conhecimento – principalmente em alquimia – e mostra seu talento no violino. Algumas de suas composições são executadas até hoje, como essa: Mas nem todos se deixavam levar pelo Conde de passado obscuro. Muitos duvidavam de seus títulos nobiliárquicos e das histórias que contava. Algumas dessas histórias ele usava para atrair mulheres: para as jovens e ingênuas moças da corte ou criadas, ele dizia ter o elixir da juventude eterna. Uma das mulheres que se impressionaram com esse elixir, foi a Madame de Pompadour, cortesã do Rei Luís XV, a qual acabou falando sobre o conde para o monarca, que lhe deu um laboratório para colocar em prática seus supostos conhecimentos em alquimia. Além disso o Conde de St. Germain fora enviado pelo rei em algumas missões secretas pela Europa. Numa dessas ele conhece o famoso libertino Giácomo Casanova. Casanova cita St. Germain várias vezes em sua autobiografia, como nos trechos a seguir. “O jantar mais agradável que tive foi com Madame de Gergi, que convidou o famoso aventureiro conhecido pelo nome de Conde de St. Germain. Esse indivíduo, em vez de comer, falou do início até o fim do jantar. Pode-se dizer com segurança que, como conversador, ele era inigualável. Ele era estudioso, linguista, músico, químico, bonito e um perfeito mulherengo. Ele dava as mulheres alguns cosméticos que ele dizia que iriam preservar a beleza delas, e que era muito caro produzir, mas que ele as presenteava com prazer. Assim ele conseguiu obter o favor de Madame de Pompadour, que havia falado sobre ele para o rei, para quem ele criaria um laboratório, no qual o monarca – um mártir do tédio – poderia encontrar um pouco de prazer ou distração. O rei lhe dera um conjunto de salas em Chambord e cem mil francos para a construção do laboratório, e segundo St. Germain, os corantes descobertos pelo laboratório do rei teriam uma influência materialmente benéfica na qualidade dos tecidos franceses. Esse homem extraordinário, destinado por natureza a ser o rei dos impostores e charlatães, dizia de maneira fácil e segura que ele tinha trezentos anos, que conhecia o segredo da Medicina Universal, que possuía um domínio sobre a natureza, que ele poderia derreter diamantes, dizendo-se capaz de transformar dez ou doze pequenos diamantes em um grande e dos melhores. Tudo isso, ele disse, era uma mera ninharia para ele. Apesar de suas mentiras descaradas e suas múltiplas excentricidades, não posso dizer que o achei ofensivo. Apesar de saber exatamente o que ele era, eu o considerava um homem surpreendente, pois ele sempre estava me surpreendendo. St. Germain costumava jantar com a alta sociedade, mas nunca comia nada, dizendo que se mantinha vivo através de uma comida misteriosa conhecida apenas por ele. Logo nos acostumamos com suas excentricidades, mas não com seu maravilhoso fluxo de palavras que o tornava o centro das atenções em qualquer lugar que estivesse. […] [Em certa ocasião] St. Germain chegou e, como sempre, sentou-se, não para comer, mas para conversar. Com um rosto imperturbável, ele contou as histórias mais incríveis, nas quais era preciso fingir acreditar, já que sempre era o herói da história ou uma testemunha ocular do evento. Mesmo assim, não pude deixar de rir quando ele nos contou algo que aconteceu enquanto jantava com os Padres do Consílio de Trento. O rei estava tão iludido por esse grande impostor quanto a Madame de Pompadour, pois um dia ele mostrou ao Duc des Deux-Ponts um diamante da primeira água, pesando doze quilates, que ele imaginou ter feito. “Derreti”, disse Luís XV “Pequenos diamantes pesando 24 quilates e obtive este grande com doze”. Assim, aconteceu que o monarca impressionado deu ao impostor a suíte anteriormente ocupada pelo marechal Saxe. O duque de Deux-Ponts me contou essa história com seus próprios lábios, uma noite, quando eu jantava com ele e um sueco em Metz.” Por volta de 1760, o Conde de Saint-Germain chegou a interferir em uma disputa entre a França e a Áustria, o que causou grande hostilidade por parte de um nobre francês envolvido na disputa. O conde teve que sair da França. Em 1762 ele aparece na Rússia, onde parece ter se envolvido na conspiração para Colocar Catarina II no trono. Pouco tempo depois ele vai para a Alemanha, onde se encontra com o famoso charlatão Conde de Cagliostro. Os dois pseudo-condes convivem por um tempo, o que rendeu alguns registros sobre Saint-Germain nas memórias de Cagliostro, que afirmou que fora iniciado na Maçonaria por Saint-Germain, e que esse era o fundador da sociedade secreta. Com o passar dos anos, Saint-Germain continuou viajando e vez ou outra aparecia em alguma corte, onde já não fazia tanto sucesso. Talvez por terem encontrado outra forma de distração ou, simplesmente pelas histórias do pseudo Conde já não surpreenderem mais, os membros da alta sociedade iam perdendo o interesse naquela figura. Ele foi visto pela última vez em Schleswig, na Alemanha, onde tinha caído nas graças do príncipe Karl Von Hesse, para o qual prometeu ensinar e pesquisar junto as ciências secretas. O príncipe hospedou Saint-Germain em Schleswig-Holstein, onde o falso Conde provavelmente passou os seus últimos dias, morrendo em 1784. O homem havia morrido, mas suas histórias não. Anedotas e piadas vez ou outra eram contadas em festas e jantares, ironizando os supostos poderes que o Conde de Saint-Germain dizia ter. Algo curioso, porém, acontece. Com o passar do tempo, começa a surgir histórias de que Saint-Germain, com a mesma aparência, é visto em diversos locais da Europa, muitas vezes, usando outros nomes. A história fica mais intrigante ainda, quando, mesmo já passado tempo o suficiente para que qualquer ser humano tenha morrido de velhice, os casos de encontros ou avistamentos continuam. Em suas memórias, Albert Vandam narra um encontro que teve em 1820 com um estranho homem que ele disse ser igual ao Conde de Saint-Germain. Ele escreveu: “Ele dizia se chamar Major Fraser, morava sozinho e nunca fazia alusão à sua família. Além disso, ele possuia muito dinheiro, embora a fonte de sua fortuna permanecesse um mistério para todos. Ele possuía um conhecimento maravilhoso sobre todos os países da Europa em toda sua história. Sua memória era absolutamente incrível e, curiosamente, ele muitas vezes dizia que havia adquirido seu aprendizado em outro lugar que não em livros. Muitas vezes ele me disse, com um sorriso estranho, que tinha certeza de que conhecia Nero, falara com Dante e assim por diante.” Nunca mais se ouviu falar do Major Fraser. Esse tipo de relato continua surgindo até os dias de hoje. Seria esse homem realmente imortal? Pouco provável. O Conde de Saint-Germain tinha virado um personagem de anedotas na corte e em seguida um ou outro relato de estranhos encontros com o conde que não envelhecia, sem registro ou testemunhas, acabou criando uma lenda urbana. E como todas as lendas urbanas, a imaginação popular fez as histórias aumentarem. Além disso, a fama de imortal do Conde de Saint-Germain ganhou muito mais peso quando seitas e grupos esotéricos passaram a usar essas lendas urbanas como verdade em seus ensinamentos, transformando o carismático charlatão em um ser divino ou entidade dotada de poderes sobrenaturais. Há relatos inclusive, que ele vive até hoje, e está morando em uma cidade Holandesa. Porém, não é verdade. Como eu sei que não é verdade? Bem, eu nunca moraria na Ho.. Digo, o Conde Saint-Germain, não moraria da Holanda. Pesquisar sobre a história do Conde de Saint-Germain hoje é um pouco complicado, já que seitas, grupos e crentes usaram sua imagem e nome para criar uma entidade de suas próprias crenças e geraram um enorme empilhado de material místico, fictício ou distorcido sobre a história do Conde, para, assim, poderem encaixá-lo em suas superstições. Achar material histórico em meio a tudo isso foi uma grande mineração. Porém vários achados foram interessantes, como cartas, memórias e outros registros de pessoas que realmente tiveram contato com o pseudo-conde. E foi nesses documentos que esse episódio foi baseado. O Conde de Saint-Germain, ao que tudo indica, foi um homem muito talentoso, porém foi também um charlatão e, dizem, mulherengo, tendo desvirginado algumas donzelas com suas histórias e carisma. Seu encontro com o Conde de Cagliostro também é um evento interessante de se observar, já que a história e modus operandi de ambos pseudo-condes são muito parecidos. Ambos perambulavam pelas cortes e alta sociedade Europeia com suas histórias fantásticas. Ambos empurravam a ideia de que tinham conhecimentos incríveis sobre alquimia e distribuíam para pessoas-chave seus elixires mágicos. Muitos diziam, inclusive, que Saint-Germain havia desoberto o segredo da Pedra Filosofal, o santo graal de todos os alquimistas. E assim os rumores se espalhavam e eles não faziam questão de desmentí-los, já que viviam deles. Os seguidores e admiradores que eles faziam pelo caminho, acreditavam que eles tinham séculos de idade. Há, inclusive, uma anedota contada nas cortes sobre isso: dizem que perguntaram ao valet de Saint-Germain se era verdade que o conde de 700 anos de idade. O valet responde que não sabia dizer, já que estava com o conde só há 200 anos. O fato é que sempre existiram charlatões em todos as épocas, alguns talentosos, porém, entraram para a história. #França #História #Mistério #Ocultismo

  • Quando os árabes encontraram os Vikings

    Um anel foi recentemente descoberto numa escavação em Birka, Suécia. Ele estava presente no túmulo de uma mulher viking que viveu no Século IX e era feito de prata com um pedra violeta cravada. O anel, no entanto, continha algo peculiar: uma inscrição em árabe.

  • 2. Me dê motivos para ir embora

    Como era a vida dos alemães antes de emigrarem para o Brasil e o que os fez tomar essa difícil decisão? Segundo episódio da série em podcast sobre a história da imigração alemão para o Brasil (sugerimos ouvir na ordem, caso ainda não tenha ouvido o primeiro episódio). Batalha de Waterloo Ficha Técnica Roteiro, produção e narração: Christian Gurtner Pesquisa: Dr. Marcos Meinerz Participação especial: Felipe Braun Podcast criado em parceria com a Nordweg São Leopoldo BIBLIOGRAFIA DREHER, Martin Norberto. A igreja e germanidade: estudo crítico da história da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Caxias do Sul: Editora Sinodal, 1984. FOUQUET, Carlos. O imigrante alemão e seus descendentes no Brasil. São Leopoldo: Instituto Hans Staden, 1974. MAGALHÃES, Marion Brepohl. Pangermanismo e nazismo: a trajetória alemã rumo ao Brasil. Curitiba : SAMP, 2014. Mühlen, Carolina. Da exclusão à inclusão social: trajetórias de ex-prisioneiros de Mecklenburg-Scwerin no Rio Grande de São Pedro Oitocentista. Dissertação (mestrado), Universidade do Vale dos Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em História, São Leopoldo, RS, 2010. SEYFERTH, Giralda. A ideia de cultura teuto-brasileira: literatura, identidade e os significados da etnicidade. Horizontes Antropológicos, 22: 249-297, 2004. SEYFERTH, Giralda. Imigrantes, colonos: ocupação territorial e formação camponesa no sul do Brasil”, in Delma P. Neves (org.). Processos de constituição e reprodução do campesinato no Brasil . Brasília/São Paulo, Nead/Editora da Unesp, vol. 2. 2009. WILLEMS, Emilio. A aculturação dos alemães no Brasil: Estudo antropológico dos imigrantes e seus descendentes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1980. #Alemanha #História #Imigração #Napoleão

  • A história vista de cima

    Por mais que esse admirável mundo novo pareça já ter sido explorado, estudado e fotografado, basta um pequeno avanço tecnológico e boas ideias para revermos tudo, mas de uma nova forma, de uma nova perspectiva, como uma grande analogia às nossas opiniões e conceitos auto formulados.

  • Ano 1710

    É um dia especial em uma tribo nativo-americana no século XVIII. A máquina do tempo vai te levar para esse evento de iniciação e você poderá ouvir os sons da história. Info: O Time Travel Controller é um podcast exclusivo para assinantes premium, para relaxar, meditar, dormir ou até para deixar de som ambiente para seu trabalho ou casa. Com ele você faz viagens no tempo e ouve os sons de outras épocas. #Meditação

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