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  • D.B. Cooper – O inexplicável sequestro do Vôo 305

    Conheça o misterioso sequestro do vôo 305 da Northwest O 727 da Northwest FICHA TÉCNICA Pesquisa, roteiro e produção: Christian Gurtner Participação especial: Alexandre Marchi PATRONOS Esse episódio foi possível graças ao apoio de Soraya Pfeiffer, Genicio Zanetti, Wagner Fernandes, Rogerio_AA, Vinicius Brescia, Fulvio Longhi, Raphael Dos Santos Maia, Daniel, Alexandre Moreira, Vinicius Osiro, Gabriel Campos, Joao Paulo Sossoloti, Kleuber, Mauro Lacerda, Rosi Julierme Peixoto, Francisco Menezes, Silton A tripulação do vôo 305 LINKS CITADOS Instagram do Escriba Cafe Patreon do Escriba Cafe TRILHA SONORA Darkening Developmenst — Kevin MacLeod Satiate Percussion — Kevin MacLeod An Upsetting Theme — Kevin MacLeod Gagool — Kevin MacLeod Urban Gauntlet — Kevin MacLeod Sneaky Snitch — Kevin MacLeod Not as it seems — Kevin MacLeod Mistake the Gateway — Kevin MacLeod Investigation — Kevin MacLeod Time Passes — Kevin MacLeod Air Prelude — Kevin MacLeod Hitman — Kevin MacLeod To the Ends — Kevin MacLeod Rollin at 5 — Kevin MacLeod Retrato falado de D.B. Cooper BIBLIOGRAFIA KRAJICEK, DAVID. DB Cooper: The Legendary Daredevil.Disponível em: < http://www.crimelibrary.com/criminal_mind/scams/DB_Cooper/index.html >. Acesso em: 03/02/2015 FBI. D.B. Cooper Redux. Disponível em: < http://www.telegraph.co.uk/culture/8667855/The-40-year-mystery-of-Americas-greatest-skyjacking.html >. Acesso em: 03/02/2015 HANNAFORD, ALEX. The 40-year mystery of America’s greatest skyjacking. Disponível em: < http://www.telegraph.co.uk/culture/8667855/The-40-year-mystery-of-Americas-greatest-skyjacking.html >. Acesso em: 03/02/2015 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio Estados Unidos, 24 de novembro de 1971 Aeroporto Internacional de Portland Às 4 horas da tarde do dia de Ação de Graças, um homem de aproximadamente 40 anos foi até o guichê da empresa aérea Northwest, onde comprou uma passagem só de ida para Seattle se registrando como Dan Cooper. Poucos minutos depois ele já estava a bordo da aeronave, um Boeing 727 com 36 passageiros a bordo. As 4:35 da tarde o avião decola. Uma das comissárias passou servindo bebidas e Dan Cooper, que vestia um terno escuro e gravata, o que era algo comum na época, colocou óculos escuros, pediu whiskey e acendeu um cigarro, passando em seguida um bilhete para a comissária. Ela colocou o bilhete no bolso e continuou seu trabalho. Ela fez isso pois estava acostumada a receber bilhetes de passageiros homens. Normalmente era o número do quarto do hotel em que iam ficar ou outra cantada qualquer. E por isso não deu muita atenção àquele papel. Porém, ao passar novamente pela poltrona do homem, ele a chamou e disse: “É melhor você ler esse bilhete, tenho uma bomba comigo”. A, comissária, assustada, leu o bilhete, que dizia: “Eu tenho uma bomba em minha mala de mão, eu vou usá-la se necessário. Eu quero que você se sente ao meu lado. Vocês estão sendo sequestrados”. A comissária levou o bilhete ao comandante que informou o controle aéreo sobre o sequestro e pediu que a comissária fizesse o que o sequestrador pediu. Ela, então, voltou para Dan Cooper e sentou-se ao seu lado. As exigências do sequestrador eram 200.000 dólares e dois pares de páraquedas (dois principais e dois de emergência). O avião só poderia pousar em Seattle quando as exigências estivessem prontas para serem entregues. Assim, o comandante teve que sobrevoar o aeroporto de Seattle por 30 minutos até que as autoridades confirmassem que estava tudo pronto. Às 5:39 da tarde o avião pousa. O sequestrador pede para que as luzes do avião sejam diminuídas, evitando assim que um franco-atirador o tivesse na mira e também não deixou que qualquer veículo se aproximasse do avião, com exceção de uma única pessoa que deveria entregar o dinheiro e o pára-quedas. Outra exigência era que fosse entregue comida para os tripulantes da aeronave. Enquanto a aguardava as entregas, Cooper pediu Bourbon e água para a comissária e a deixou surpreendida quando quis pagar pelo pedido. O sequestrador era gentil e calmo, o que, provavelmente, deixou a tripulação também mais calma. Assim que suas exigências foram entregues, ele liberou todos os passageiros e uma das comissárias, mantendo na aeronave somente a comissária a qual entregou o bilhete e os pilotos. Dan Cooper, com a comissária ao lado, lia o manual de operações da escada porta. Ele pediu muitas informações para ela, que disse achar que era impossível baixar as escadas em vôo. Mas Cooper disse que ela estava errada. O sequestrador usou o interfone da comissária para dar novas ordens para os pilotos. Ele queria que o avião voasse a 10.000 pés de altitude, com baixa velocidade, que a porta do avião não fosse travada e que a cabine não fosse pressurizada. Afirmou ainda que usava um altímetro de pulso para monitorar a altitude e não ser enganado pelo piloto. Ele não deu ordens específicas sobre qual rota seguir, simplesmente disse para o comandante ir para o México. O comandante diz para o sequestrador que seria necessário outro pouso em solo Americano para reabastecer o avião a fim de conseguir chegar ao México. Foi acordado então que o avião faria uma breve escala em Reno antes de prosseguir viagem para o país vizinho. 7:46 da noite O Boeing 727 da Northwest decola do aeroporto de Seattle sob os olhares perplexos de agentes do FBI e demais autoridades. A caminho do México, minutos depois da decolagem, o sequestrador manda todos os tripulantes permanecerem no cockpit com o comandante, deixando-o sozinho na cabine de passageiros. As 8h da noite a tripulação vê uma luz de alerta se acender no cockpit: era a indicação de que a porta fora aberta. O comandante pergunta para o sequestrador no intercom se ele precisava de algo. A resposta foi um simples “não”, que fora a última palavra ouvida de Dan Cooper. Às 8:24, em meio a uma tempestade, e uma temperatura externa de 7 graus negativos, o piloto sente um arrasto de um lado tirando um pouco o avião de sua proa. Ele deduz que a escada da porta fora baixada. Depois disso, não viram nem ouviram mais nada. Apesar do silêncio, todos os tripulantes permaneceram no cockpit com receio de desobedecer a ordem do sequestrador. O avião pousa em Reno às 10:15 da noite, e após tentarem, sem resposta do sequestrador, perguntar pelo intercom o que deviam fazer, saíram do cockpit para descobrir que não havia ninguém mais a bordo. Dan Cooper tinha desaparecido e, ao que tudo indica, para sempre. Tradução da reportagem em inglês Âncora: Quando ele entrou em um avião em Portland, Oregon, ontem a noite era somente mais um passageiro, que se apresentou como D.A. Cooper. Porém, hoje, após sequestrar um avião da Northwest em Seattle e elaborar uma fuga saltando de paraquedas em algum lugar entre lá e Reno, Nevada, é descrito como um mestre do crime. Repórter: Trinta e seis passageiros saíram do jato em Seattle na última noite. Ficando a bordo quatro membros da tripulação e o sequestrador, que vestia um terno executivo, exigindo 200.000 dólares e carregando uma pasta que dizia conter explosivos. Com o dinheiro recolhido de bancos de Seattle a quatro paraquedas enviados a bordo, o avião seguiu para Reno. Levou três horas e meia, o que é bem demorado, mas o sequestrador havia dado instruções detalhadas de vôo. A escada traseira estava aberta durante o vôo quando pousou em Reno. A tripulação, segundo o FBI, foi obrigada a voar baixo sobre as planícies de Oregon com os flaps baixados e com isso a velocidade caiu para algo próximo de 200 milhas por hora e o sequestrador saltou de paraquedas levando o dinheiro. A tripulação tinha pouco a dizer. Comandante: Já passamos todas as informações às autoridades e não quero discutir mais isso. Repórter: O FBI te pediu que não discutisse? Comandante: Não. Eles estão fazendo suas investigações e… hm… e minha empresa prefere passar isso para eles. Repórter: Tina, você estava com o resto da tripulação durante o vôo? Comissária: Sim, eu estava no cockpit… Repórter: Nenhum de vocês estava dentro com o sequestrador, certo? Comissária: Nós já falamos sobre isso no… tudo… Repórter: Como você se assegura que ele não estava no avião quando pousou em Reno? Agente do FBI: Bem, uma busca foi feito no avião imediatamente, er… após o pouso… Repórter: Como pudemos entender, ele poderia ter saído do avião enquanto ele fazia o taxi, antes de chegar aqui… como a tripulação poderia saber Agente do FBI: Não… Repórter: …se ele estava ou não a bordo… Agente do FBI: A tripulação não poderia saber, mas nós tínhamos o aeroporto sob vigilância… O FBI estava intrigado. O avião estava sob total vigilância quando pousou e ninguém havia saltado para fora ou tentado fugir. Tudo indicava que os paraquedas pedidos pelo sequestrador foram realmente usados. No avião ele deixara somente um dos paraquedas e a gravata que usava e que, posteriormente, era a única e mais importante pista, pois continha amostras de DNA e, considerada o único erro cometido pelo sequestrador. Seria mesmo um erro? Ele pediu até que o bilhete que ele havia entregado para a comissária lhe fosse devolvido para evitar deixar pistas e, então, deliberadamente ele deixa a gravata para trás? Esse era somente uma das inúmeras perguntas que perduram até hoje sobre o caso. O tempo naquela noite estava tempestuoso na região onde o piloto marcara o provável salto do sequestrador, o que fez com que as autoridades iniciassem a busca pela área de extensas florestas somente na manhã seguinte. Teria o homem sobrevivido ao salto noturno, dentro de uma tempestade com temperatura abaixo de zero e cujo local de pouso era uma área florestal isolada? Muitos dizem que ele nem sequer conseguiu abrir o paraquedas. Outros já insistem que a probabilidade de sobrevivência ao salto era boa. E, de fato, tudo parecia ter sido muito bem pensado e estudado por Cooper, desde o tipo de aeronave — pois se fosse um jato maior, ele não conseguiria manter a baixa velocidade desejada — até ao tipo de paraquedas, que aliás, parecia um golpe brilhante pedir dois pares, deixando assim as autoridades pensarem que ele levaria um dos reféns com ele, evitando que enviassem paraquedas falsos ou estragados. O seu plano fora aparentemente perfeito. Pediu o dinheiro em notas de $20 não marcadas, sabendo que o peso do dinheiro seria adequado para o salto, pediu para que a cabine não fosse pressurizada, evitando que a porta gerasse uma descompressão violenta quando aberta e ciente de que àquela altitude não seria necessária a pressurização, já que até 12.000 pés de altitude é possível, para uma pessoa saudável, respirar normalmente. Ele calculou o peso corretamente, o tipo de equipamento necessário, o tipo de avião que poderia cumprir com a velocidade e altitude necessárias, a questão da pressurização e todo e pequeno detalhes. Será que, apesar de tudo ele cometeria o erro de pular para a morte? Uma coisa é fato, mesmo depois de a polícia revirar toda a área, o homem nunca mais fora encontrado. Nem vivo, nem morto. Foram semanas de buscas com aeronaves e equipes em terra por toda a região, sem sucesso. O FBI fez uma vasta pesquisa em seus bancos de dados em busca de Dan Cooper, mesmo sabendo ser improvável que aquele fosse seu nome verdadeiro. Através de depoimentos e descrições fornecidos pela tripulação, foram criados vários retratos falados do sequestrador. A polícia estava confiante na precisão dos retratos, pois mesmo a tripulação ter auxiliado na criação dos mesmos de forma separada e sem um ouvir o depoimento do outro, os desenhos eram praticamente idênticos. Mas mesmo com esses retratos espalhados por todos os estados americanos, transmitidos para todas as TVs do país em telejornais, não houve uma pista verdadeira sequer. Todas as ligações recebidas pela polícia ou eram trotes ou malucos afirmando serem eles Dan Cooper. Mais de 1200 suspeitos foram investigados. Nenhum se encaixou com as evidências. A polícia passou quase uma década no escuro. Recompensas foram oferecidas sem adiantar muita coisa, e ninguém sabia mais qual caminho seguir. Dan Cooper havia simplesmente desaparecido do mapa como se nunca tivesse existido. 10 de fevereiro de 1980 Um garoto de 8 anos de idade, brincava de cavar no leito do Rio Columbia, quase 100km abaixo da área em que Cooper supostamente saltou. Ele encontrou alguns bolos de notas completamente deteriorados pelo tempo, somando 5.800 dólares e que continham o número de série que o FBI secretamente registrou, enganando o sequestrador. Com isso o FBI achava ter encontrado a evidência de que Cooper não sobreviveu ao salto, e sua bolsa de dinheiro permaneceu por anos no leito do rio até que se deteriorou e começou a soltar notas pela corrente. Mais buscas foram feitas, até mesmo com mergulhadores vasculhando o fundo do rio em toda a extensão de onde o dinheiro foi achado até o local provável do salto. Porém, nada mais fora encontrado. Os anos continuam passando e, mesmo após várias pessoas confessarem ser Cooper, o teste de DNA não batia. Enquanto muitos debatem se o sequestrador sobreviveu ou não, eu fico pensando se, na verdade, ele nunca saltou do avião. Fez a tripulação se trancar no cockpit e armou um teatro para que pensassem que ele havia saltado naquele ponto, jogando seus pertences e uma bolsa menor com um pouco do dinheiro para despistar. Será que ele continuou no vôo até Reno e que, de alguma forma durante o pouso conseguiu sair da aeronave sem ser notado? Ou será que pulou em outro ponto quando o 727 perdia altitude para o pouso? O que mais me deixa intrigado é outra hipótese que passou por minha cabeça: e se, Dan Cooper, na verdade, nunca existiu? Sendo aquele um plano orquestrado com maestria pela tripulação do vôo 305? Alguém auxilia a tripulação comprando uma passagem, mas que nunca embarca, porém no manifesto de passageiros essa pessoa é contada como presente e, a partir daí a tripulação tem o controle sobre tudo, deixando inclusive uma gravata com DNA de um desconhecido como pista para que as suspeitas fossem desviadas, enquanto todo o restante do material fora eliminado. Porém, com todos os passageiros como testemunhas, tudo indica que realmente havia um sequestrador a bordo. As pistas se tornaram escassas e o homem, descrito pela comissária como um cavalheiro, gentil e cortês, havia desaparecido, deixando somente seu pseudônimo para trás e uma fama quase de herói. O odiado por uns e amado por outros: D.B. Cooper. A maestria do plano, a completa falta de pistas e evidências e, principalmente o fato de ninguém ter sido ferido, faz com que Dan Cooper seja visto por muitos como herói. Existe até mesmo uma cidade próxima ao local do salto que comemora anualmente, na mesma data do sequestro, o dia de D.B. Cooper. Uma curiosidade, aliás, é por que nos referimos ao caso como D.B. Cooper, sendo que o sequestrador se apresentou como “Dan” Cooper? A resposta é que um jornal na época cometeu um erro e noticiou que o homem se apresentara como D.B Cooper. A partir daí, o nome pegou e se tornou o nome do caso. Dan Cooper deixou muitos investigadores frustrados e alguns com muita raiva. E, sobrevivendo ou não ao salto, uma coisa é certa: ele conseguiu seu lugar na história. O sequestro do vôo 305 da Northwest é hoje o único caso de pirataria aérea sem solução nos Estados Unidos. #Aviação #Crime #História #Mistério

  • Leonardo Da Vinci

    Conheça a fantástica história do gênio da Renascença que impressiona até hoje. Salvator Mundi, a obra mais cara do mundo hoje FICHA TÉCNICA Pesquisa, roteiro e produção: Christian Gurtner PATRONOS Esse episódio foi possível graças ao apoio de Soraya Pfeiffer, Raphael Dos Santos Maia, Rafael Dourado, Wagner Fernandes, Rogerio Almeida, Fulvio Longhi, Vinicius Brescia, Wannaplay, Joao Paulo Sossoloti, Kleuber, Mauro Lacerda, Rosi, Julierme Peixoto, Francisco Menezes, Silton, Halyson Guerra, Genicio Zanetti A dama com arminho, de Leonardo LINKS CITADOS Torne-se um patrono do Escriba Cafe Os Comentadores PapoH Giorgio Vasari’s Lives of the Artists Nerdcast TRILHA SONORA Arcadia — Kevin MacLeod Suonatore de Liuto — Kevin MacLeod Angevin B — Kevin MacLeod The Path of The Goblin King — Kevin MacLeod Darkest Child — Kevin MacLeod Exciting Trailer — Kevin MacLeod Sardana — Kevin MacLeod Cortosis — Kevin MacLeod Crusade — Kevin MacLeod Temple of the Manes — Kevin MacLeod Willow and the light — Kevin MacLeod Some amount of evil — Kevin MacLeod Rites — Kevin MacLeod A última ceia, de Leonardo BIBLIOGRAFIA LEONARDO DA VINCI. Leonardo’s Notebooks. 1.ed. New York: Black Dog & Leventhal Publishers, 2005 HISTORY.COM STAFF. Leonardo da Vinci — Facts & Summary.Disponível em: < http://www.history.com/topics/leonardo-da-vinci >. Acesso em: 12/11/2014 G. VASARI. Lives of the Artists. Disponível em: < http://members.efn.org/~acd/vite/VasariLives.html >. Acesso em: 13/11/2014 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio O Bastardo Toscana, ano de 1452 Em Anchiano, um vilarejo da comuna italiana de Vinci, uma camponesa de nome Caterina estava prestes a dar a luz. Ela carregava o filho de um notário, chamado Piero Fruosino di Antonio, com quem não tinha se casado e nem o ia devido as diferenças de classes. Assim, na terceira hora da noite do dia 15 de abril ela dá a luz a um bastardo, que chamou de Leonardo. E, por ser ilegítimo, não receberia o sobrenome do pai, mas seria chamado de acordo com sua origem, que era: Leonardo, filho de Ser Piero, da cidade de Vinci. Ou, como foi nomeado em italiano: Leonardo di Ser Piero da Vinci. O Infante A história guardou muito pouco sobre a vida do pequeno Leonardo. Apesar de ter vivido os primeiros anos de vida com sua mãe, por algum motivo mudou-se para a casa do pai por volta dos seus cinco ou seis anos. Ser bastardo naquela época não significava que o filho deveria ser abandonado ou ignorado pelo pai. Pelo contrário. Mas leis e costumes impediam que um filho ilegítimo ocupasse certas posições e tivesse alguns privilégios como uma educação avançada. Mas isso não seria um problema para Leonardo, que recebera toda a educação básica que lhe era permitido receber e logo cedo já começou a mostrar habilidades em matemática, música e artes, sempre autodidata e com um multi-talento sobrenatural. O Jovem Ser Piero, pai de Leonardo, ficara impressionado com as obras artísticas que o filho criava. Levou, então, algumas amostras para o ateliê de um dos maiores artistas florentinos da época: Andrea del Verrocchio. Verrocchio também se admirou com o talento do filho de Ser Piero e o aceitou como pupilo. O que, na época, era um grande privilégio no meio artístico e cultural. Assim, Leonardo vai para Florença, trabalhar no ateliê onde passaria boa parte de sua adolescência. A Itália Renascentista Não só a vida de Leonardo e seu enorme talento são impressionantes. O que acontecia a sua volta é também digno de nota e, certamente, contribuiu para o surgimento do gênio Leonardo. A Europa vivia um época de abundância cultural, artística, política e religiosa conhecida como Renascimento, ou Renascença. Esse nome se deve ao fim dos escuros e ignorantes séculos da Idade Média, e a sociedade redescobria e pautava novamente o conhecimento e referências da Antiguidade Clássica. O feudalismo dava lugar ao capitalismo, a arte ganhava liberdade e prestígio, a ciência começava a avançar novamente e quase todos os aspectos da sociedade mudavam, como a música, literatura, artes visuais e arquitetura. Esse renascimento, que durou do século XIV até, provavelmente o século XVI teve origem na Península Itálica e depois se espalhou por toda a Europa, tendo Florença como o centro de toda essa explosão cultural, que abriu espaço para o surgimento de vários outros talentos que, de certa forma, deixaram um grande legado, como Michelangelo, Maquiavel, Petrarca e Botticelli. Apesar de todo esse renascimento do humanismo e da razão, a igreja católica era extremamente influente na região, e agia não só como guia espiritual, mas principalmente como um estado imperialista e militar. A Itália renascentista não era um único país, e sim um aglomerado de cidades estado, como Florença, Milão, Veneza e os estados papais, sob o domínio da Roma católica. Em muitas dessas cidades, o capitalismo já mostrava seu efeito político, onde famílias abastadas, normalmente de banqueiros, detinham o poder e governavam as cidades, como era o caso dos Medici, em Florença. Isso gerava intrigas, conspirações e assassinatos de forma quase Shakespeareana entre famílias inimigas que tentavam tomar o poder. Porém, essas famílias também eram os maiores patronos da arte e da arquitetura, patrocinando diversos artistas e fomentando a cultura. A relação entre as cidades era também, por vezes, tensa. Guerras e invasões aconteciam entre elas e ainda sofriam com tentativas de invasão de fora da península, como por parte dos franceses. O Florentino Em 1467, com 15 anos de idade, Leonardo chega a Florença para trabalhar como aprendiz no ateliê de Andrea del Verrocchio. Os ateliês de arte funcionavam como grandes oficinas regidas por um mestre onde vários aprendizes e assistentes faziam boa parte do trabalho, pintando e esculpindo obras encomendadas. Leonardo rapidamente se destacou dos demais aprendizes, tornando-se um dos favoritos e tendo até mesmo encomendas de obras enviadas diretamente a ele. O talento de Leonardo era tanto que ao colaborar numa das obras de Verrocchio, intitulada “O Batismo de Cristo”, onde o jovem aprendiz pintou um dos anjos, que ficava ao lado do anjo pintado pelo próprio Verrocchio, a superioridade fora tão grande, que reza uma lenda que Verrocchio decidira nunca mais pintar. Em 1472, aos 20 anos de idade Leonardo da Vinci foi qualificado como mestre na Guilda de São Lucas, a mais notável da época. As guildas eram uma espécie de associação, no caso de artistas e artesãos que regulavam a produção artística da cidade. Apesar de então mestre, os laços criados com Verrocchio não deixaram-no se afastar de seu antigo tutor, com cujo o qual e ele continuou colaborando. O Pervertido O sucesso de Leonardo da Vinci como pintor o tornara conhecido em Florença, principalmente entre as famílias mais abastadas. Talvez por isso ele se tornara alvo de inveja e despeito, o que, pode ter causado a denúncia que acabou por abalar sua reputação. Em 1476 o artista foi acusado de sodomia e depois de um humilhante processo, as acusações foram retiradas. A partir daí acontece algo estranho: Leonardo da Vinci some. Não há nenhum registro de obras, diários, notas ou qualquer menção sobre seu paradeiro entre os anos de 1476 e 1478, quando ele ressurge na história, se desligando do ateliê de Verrocchio e indo viver, de acordo com alguns autores, com os Medici, seus patronos. O Milanês Lenardo da Vinci já havia realizado vários trabalhos artísticos para mosteiros, igrejas e famílias ricas, porém, em certo ponto de sua vida, talvez cansado de ser reconhecido só como pintor, resolveu divulgar outro talento seu. Em 1482 ele envia uma carta para Ludovico Sforza, o Duque de Milão, se dizendo um exímio engenheiro militar, com projetos que poderiam auxiliá-lo na guerra. Ah, e também era artista. Assim o bastardo de Vinci deixa Florença e se muda para Milão, onde passaria 17 anos trabalhando para os Sforza como engenheiro, mas também como pintor e escultor. Durante sua temporada em Milão, Leonardo criou algumas importantes obras, como a Última Ceia, pintura a qual gera mistérios e teorias da conspiração. Fez o design do domo da Catedral de Milão e também recebeu a encomenda de um gigantesco monumento equestre em homenagem ao predecessor de Ludovico, Francesco Sforza. A escultura levaria anos para ser projetada, assim como muitas outras obras de Leonardo que, ou demoravam muito para serem entregues ou simplesmente permaneciam inacabadas. Isso parecia fazer parte do gênio de Leonardo que, se preocupava mais em aprender e desenvolver novas técnicas. E quando finalmente ele atingia esse objetivo, ele simplesmente perdia o interesse pela obra. Assim, Leonardo pesquisou e observou incansavelmente todos os detalhes dos cavalos. Seus músculos, pele e movimentos, até que em 1492 ele terminou o gigante modelo em argila, que ficou conhecido como Gran Cavallo. Após apreciado e aprovado pelos Sforza, ele então poderia produzir o monumento usando 17 toneladas de bronze. A essa altura, Leonardo da Vinci havia conhecido um menino de 12 anos que empregara como assistente. Seu nome era Gian Giacomo Caprotti da Oreno, apelidado por Leonardo de “Salai” (que significa “pequeno diabo”). O apelido se deve a deliquência do jovem, que Leonardo listou como mentiroso, ladrão e glutão. Porém viria a se tornar um grande amigo e companheiro do mestre por 30 anos. O Gran Cavallo não iria ser concluído. Em 1494 Ludovico Sforza foi obrigado a usar a enorme quantidade de bronze para produzir canhões para defender a cidade dos ataques de Carlos VIII. E em 1499 com a tomada de Milão pelos franceses, os mesmos usaram o modelo em argila para praticar tiro, destruindo de vez o Gran Cavallo de Leonardo. Leonardo e Salai deixam Milão. O Viajante Leonardo vai para Veneza. Lá foi empregado como engenheiro militar, onde desenvolveu projetos para defender a cidade de ataques navais. Porém, sua estadia lá não duraria muito, retornando para Florença em 1500 e, dois anos depois muda-se para Cesena onde iria trabalhar para Cesare Borgia, filho do Papa Alexandre VI, acompanhando-o em viagens pela Itália, e produzindo mais projetos militares e mapas, o que era raro na época. A precisão dos mapas produzidos por Leonardo era tão espantosa que rapidamente fez com que Cesare Borgia tornasse seu patrono. Nos anos seguintes o então renomado pintor Leonardo manteve idas e vindas entre Florença e Milão, até que permaneceu nesse último por alguns anos após a morte de seu pai. O Francês Em 1516, já em idade avançada, Leonardo passa a maior parte do tempo em Roma, no Vaticano, tendo o Papa Leão X, que também era da casa dos Medici, como patrono, até que em 1515, Francis I, da França toma Milão novamente. O Papa Leão apresenta Leonardo ao monarca francês que já conhecia a fama do artista. Leonardo então produz uma máquina que certamente deve ter espantado a corte de Francis quando foi apresentada: um leão robótico que caminhava sozinho, se sentava e abria seu peito exibindo lírios. Esse não fora o único de robô de Leonardo. Ele também havia projeto um cavaleiro completamente funcional que andava, sentava e erguia o elmo. Mesmo se Leonardo já não fosse famoso, o leão seria mais do que o suficiente para impressionar o rei Francês, que se tornou seu novo patrono e o levou para França, onde lhe deu uma mansão, o Château du Clos Lucé e um bom salário. Leonardo havia levado três obras suas para o Château, dentre elas a Mona Lisa, quadro que parecia nunca ficar pronto e que o pintor passara muitos anos trabalhando. Junto com Leonardo fora também seu amigo e aprendiz mais talentoso: Francesco Melzi, que permaneceu com o mestre até a sua morte, de causas naturais, em 1519 no seu leito do Château du Clos Lucé. A maior parte da herança de Leonardo da Vinci, inclusive suas anotações, foram para o seu aprendiz Francesco Melzi. Mas, em seu testamento, Leonardo não esqueceu de seu antigo fiel pupilo Salai, que recebera uma boa herança e também, provavelmente, a Mona Lisa. Seus irmãos e também alguns criados receberam parte da herança. Partia desse mundo o grande artista e talentoso engenheiro Leonardo. Porém, muitos anos depois, ele nasceria de novo. Mas não o pintor, e sim o gênio sem precedentes: Leonardo da Vinci O Gênio Durante sua vida, Leonardo fora reconhecido como um grande artista e também autor de grandes feitos em outras áreas. Porém, o mundo não fazia a menor ideia do que tinha perdido com sua morte. O aprendiz Francesco Melzi, após a morte do mestre, tentou sem sucesso publicar as milhares de páginas de anotações, experimentos e desenhos de Leonardo. O que se mostrou muito complicado devido a dificuldade de reproduzir os desenhos em larga escala e também compreender a peculiar escrita inversa do autor. Os estudos e anotações de Leonardo ficaram então, parcialmente esquecidos por séculos, até que foram sendo redescobertos. E quando as pessoas começaram a analisar suas obras com um olhar científico moderno, ficaram assombradas. Leonardo havia idealizado e projetado coisas que só foram vistas pela humanidade três séculos depois. Dentre eles, modelos básicos de aviões, helicópteros, para-quedas, equipamento de mergulho, tanque de guerra, compressor de ar, odômetro e muito mais. Apesar dessas invenções serem versões básicas do que temos hoje, elas já mostravam a inspiração para serem desenvolvidas muito antes de qualquer outra pessoa elaborar a ideia. Boa parte dos projetos de Leonardo encontravam uma barreira: a falta de recursos e tecnologia para colocar em prática. Os protótipos de tanque e helicóptero, por exemplo, precisavam nitidamente de um motor, o que talvez teria sido até desenvolvido se o autor tivesse vivido mais um século, já que mostrava grande talento para a mecânica. Através das anotações de Leonardo, foi possível ver que estudou e dominou várias ciências, desde física e geometria até medicina. Da Vinci dedicou boa parte de sua vida dissecando e estudando cadáveres, criando assim ilustrações tão perfeitas da anatomia humana que seus desenhos se tornaram a base para as ilustrações modernas para o estudo da anatomia. Muitos pregam que se as anotações de Leonardo tivesse sido publicadas em larga escala em seu tempo, o homem teria pisado na Lua ainda no século XIX. Suas anotações impressionaram tanto que muitos se perguntaram como era possível um só homem dominar e criar tanto, em tantas áreas, se mostrando séculos a frente de seu tempo. É aí que teorias começam a surgir. O Mistério Pouco se sabe da vida pessoal de Leonardo. Ele escreveu praticamente nada em suas notas no que diz respeito a sua vida. Também, com exceção de Vasari, não há uma biografia ou relatos sobre como vivia e o que fazia Leonardo da Vinci fora da arte e da ciência. Porém, através de notas de outros autores contemporâneos ou registros oficiais, ou simplesmente através de suas próprias anotações, é possível seguir os passos de Da Vinci. Mas entre 1476 e 1478 ele some, criando assim uma lacuna de dois anos sobre o paradeiro do jovem Leonardo. Esse sumiço do gênio gera muitas especulações, alguns dizendo até se tratar de influência extra-terrestre, o que explicaria a capacidade criativa e o assombroso talento de Leonardo. Com algumas pontas soltas e mistérios sobre a vida de Da Vinci, suas obras artísticas foram incansavelmente analisadas em busca de sinais que ele teria deixado, como mensagens secretas. E quem procura acha. Algumas das criações de Leonardo contam com peculiaridades que, para quem está em busca de um sinal, é um prato cheio. Na famosa Última Ceia, não há um cálice sequer e Judas parece ser uma mulher, que muitos dizem se tratar de Maria Madalena. Na obra “Anunciação” de Verrocchio, Leonardo colaborou pintando o anjo, porém ele utilizou uma tinta diferente da do mestre, e assim, quando foi possível analisar o quadro através de raio-x nos dias de hoje, algo surpreendente acontece: todo o quadro continua visível, com exceção do anjo de Da Vinci, que some completamente. A identidade e o sorriso de Mona Lisa também são mistérios que muitos tentaram em vão solucionar. Quem era a mulher daquele quadro que Leonardo carregou por muitos anos aonde quer que ia e estava sempre dando retoques e nunca considerando a obra finalizada? O que significa aquele misterioso sorriso? Para todas as perguntas há teorias plausíveis de algo completamente normal e nada sobrenatural. Porém, quem quer acreditar em algo mais, como mensagens que Leonardo deixou para a posteridade escondidas em seus quadros ou até em influência extra-terrestre, sempre haverão evidências para se basear também. O fato é que Leonardo da Vinci foi um gênio além de seu tempo. Vasari, em sua obra do século XVI “As Vidas Dos Artistas”, começa o capítulo sobre Leonardo da seguinte forma: No curso natural dos acontecimentos, muitos homens e mulheres nascem com talentos notáveis, mas, ocasionalmente, de uma maneira que transcende a natureza, uma única pessoa é maravilhosamente dotada pelo céu com a beleza, graça e talento em abundância tal que ele deixa os outros homens para trás, todas as suas ações parecem inspiradas e, na verdade tudo o que faz claramente vem de Deus e não da habilidade humana. Todos reconhecem que isso era verdade em Leonardo da Vinci, um artista de beleza física excepcional, que mostrou infinita graça em tudo que ele fez e que cultivou seu gênio tão brilhante que todos os problemas que estudou, ele resolveu facilmente. Seja divino, extra-terrestre ou puramente mundano, uma coisa é fato: Leonardo Da Vinci foi um gênio que quase nenhum outro ser humano equiparou no que diz respeito a diversidade de pesquisa e criação. E talvez essa seja a resposta para o sorriso de Mona Lisa. Ela ri, quase que de forma carinhosa, de todos nós. Aquele que não valoriza a vida, não merece viverUm dia bem aproveitado, nos faz dormir felizes. Uma vida bem vivida, nos faz morrer felizes.Feliz daquele que ouve as palavras dos que já morreramAquele que pensa pouco, erra muitoA maior decepção que o homem sofre, é sua própria opinião.Enquanto eu pensava estar aprendendo a viver, eu estava era aprendendo a morrer Leonardo Da Vinci #Arte #História

  • A Segunda Guerra Mundial

    A história da mais sangrenta e cruel guerra de todos os tempos. FICHA TÉCNICA Pesquisa, roteiro e produção: Christian Gurtner PATRONOS Esse episódio foi possível graças ao apoio de Canal sobre cinema Acabou de Acabar, WannaPlay, George Fernando, Belém Bezerra, Fulvio Longhi, Silton, Filipe Chaves LINKS CITADOS Instagram do Escriba Cafe Patreon do Escriba Cafe TRAILER DO EPISÓDIO Os trailers normalmente são publicados alguns dias antes do lançamento do podcast. Acompanhe através de nosso canal no Youtube. TRILHA SONORA Grave Blow — Kevin MacLeod Grim League — Kevin MacLeod Interloper — Kevin MacLeod Das SS Lied — German SS Evil March — Kevin MacLeod Scheming Weasel Faster — Kevin MacLeod Serpentine trek — Kevin MacLeod Shamanistik — Kevin MacLeod Tempting Secrets — Kevin MacLeod Auf Auf zum Kampf — German SS All This — Kevin MacLeod Sarabande — Frideric Handel Dangerous — Kevin MacLeod Epic Unease — Kevin MacLeod Exciting Trailer — Kevin MacLeod Fairytale Waltz — Kevin MacLeod Long Road Ahead B — Kevin MacLeod Ich Hatt Einen Kameraden — Wehrmacht BIBLIOGRAFIA MAGNOLI, D. A história das Guerras. 3.ed. São Paulo: Contexto, 2006 NEITZEL, S. Soldados: sobre lutar, matar e morrer. 1.ed. São Paulo: Cia das Letras, 2014 FINKELSTEIN, N. A indústria do Holocausto. 5.ed. Rio de Janeiro: Record, 2006 BAKER, N. Fumaça humana. 1.ed. São Paulo: Cia das Letras, 2010 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio Fim da Primeira Guerra Mundial Norte da França, 11 de novembro de 1918 2h05 da madrugada. Num vagão de trem estavam reunidas as delegações dos países em guerra para assinar um armistício. Alemanha finalmente cedia, perdendo a guerra. Como condição para o fim das batalhas a Alemanha entregaria praticamente todo seu equipamento de guerra, recolheria todos os soldados para dentro da Alemanha e cederia os territórios ocupados na Europa Oriental. Em 1919, após meses de negociação, o tratado de paz é assinado, encerrando oficialmente a Primeira Guerra Mundial. Conhecido como Tratado de Versalhes, ele impôs severas penas à Alemanha, tomando grande parte de seu território, impondo multas altíssimas a serem pagas à várias nações, diminuindo seu exército a números quase nulos, obrigado a Alemanha a dar a independência à Áustria, e proibindo a construção de submarinos, navios pesados, tanques e artilharia. Já não bastasse a desumana ação de Churchill, então Primeiro Lorde do Almirantado da Inglaterra, com seu bloqueio naval cujo objetivo era, de acordo com suas palavras, “impor a fome a homens, mulheres, crianças e velhos, feridos ou sãos, até que eles cedessem”, mas que manteve o bloqueio mesmo depois que eles tinham cedido, também as condições do tratado eram absurdas e exageradas. A Alemanha seria tomada pela fome e miséria, fazendo com que os alemães se tornassem escravos da Europa. A humilhação que estava sendo imposta ao povo alemão, preocupou alguns dos aliados, como o supremo comandante aliado, marechal Ferdinand Foch, que disse “Isto não é a paz. É apenas um armistício válido pelos próximos vinte anos”. Hitler sobe ao poder Com o passar dos anos pós guerra, a Alemanha, em visível decadência e desespero enfrentado pelo povo faminto, vivia um clima de desamparo e revolta. Foi aí que surgiu alguém prometendo acabar com a humilhação e reerguer a Alemanha e fazendo seu povo prosperar. Com seus discursos calorosos e olhar carismático, ele se mostrava como um guia para a nação, um Führer. Adolf Hitler, após tentar um golpe, fora preso e enquanto estava detido escreveu sua polêmica obra Mein Kampf, ou em português, Minha Luta, publicada em 1925. Onde expõe seus ideais anti-semitas e raciais, bem como a estrutura política do seu partido Nacional Socialista. Apesar de levar o crédito pelas ideias racistas e preconceituosas, principalmente no que se trata dos judeus, elas não eram nem de longe originais, e sim parte de teorias e pensamentos que já rondavam a Europa e outras partes do mundo há muito tempo. Como podemos ver num artigo de Winston Churchill de 1920, onde ele afirma que: “o movimento judeu se trata-se de uma conspiração mundial para derrocar a civilização e reconstituir a sociedade na base do desenvolvimento contido, da malevolência invejosa e do igualitarismo impossível.”. Também uma carta da futura primeira dama americana, Eleanor Roosevelt, em 1918, para sua sogra mostra o pensamento anti-semita nas Américas: “Eu tive de ir à festa de Harris, embora preferisse a forca a ser vista lá. Praticamente só judeus”. As ambições de Hitler não seriam muito difíceis de serem conquistas, pois além do povo que se agarraria a qualquer chance de melhorar suas vidas, havia também inúmeros militantes que seguiam seu líder como um ser divino. Após a publicação de seu livro, mais adeptos ao nazismo surgiam de todos os cantos. Hitler estava ciente disso. Num encontro com dois editores americanos em 1931 ele afirmou que “somente com o fanatismo conseguiremos realizar alguma coisa”. E fanatismo não faltava na Sturmabteilung (conhecida como S.A. Ou camisas pardas), uma milícia paramilitar nazista, que exercia funções como levantes, protestos, perseguição a judeus e apoio incondicional a Hitler. Era uma milícia de baderneiros cuja principal função era a pressão política. Com esse apoio, somado também a tudo que a Alemanha passava, Hitler finalmente sobe ao poder em 1933, tornando-se chanceler. A partir de então Hitler elimina todos os demais partidos, prende inimigos políticos e finalmente acaba com a SA, assassinando seus líderes em uma única noite conhecida como Noite das Facas Longas. O motivo para esse ato era simples para Hitler, os baderneiros da SA não era o que ele queria para o novo exército daquilo que ele planejava ser um grandioso império, e seu comandante, Ernst Röhm estava cada vez mais poderoso e com desejos se tomar o lugar do Exército. No lugar da S.A. entra a S.S. ou Schutzstaffel, mais disciplinados, elegantemente vestidos com uniformes pretos criados por Hugo Boss e bem treinados sob o comando de Heinrich Himmler. Hitler agora tinha o comando da Alemanha e a mão de ferro. O Tratado de Versalhes é violado A partir de 1935, Hitler foi mais aclamado pelo povo quando começou a focar num dos principais problemas que a Alemanha enfrentava: o desemprego. Abriu vagas na indústria, no serviço para-militar e, finalmente, desrespeitando o Tratado de Versalhes, reabre o alistamento militar. Com isso ele resolvia dois problemas: o social e o militar, que era essencial para seus próximos passos. Enquanto o clima de tensão crescia na Europa, os Estados Unidos lucravam como nunca. Seus principais clientes na venda de armas e equipamentos de guerra eram a Alemanha e a China. Com esse último, os americanos acabavam por provocar os japoneses, que há tempos travavam batalhas com os chineses. Além disso os Estados Unidos ainda enviaram pilotos e outros técnicos para a China, para assim treinarem os pilotos chineses e também pilotar os aviões americanos que lhes foram vendidos. A tensão aumentou ainda mais quando os americanos passaram a fazer manobras militares no Pacífico, o que o Japão afirmou se tratar de uma afronta. Em 1936 Alemanha e Japão firmam o Pacto Anti-komintern, que se tornaria uma espécie de aliança contra o comunismo. No ano seguinte, a Itália, liderada por Mussolini, que também iniciava seu projeto de expansão entraria na aliança. Alemanha, 1937 Hitler discute na Chancelaria do Reich a expansão territorial vital para a Alemanha, tendo assim acesso a recursos para que o país voltasse a prosperar. Era hora de retomar o que havia sido tomado da Alemanha na Primeira Guerra. Mas Hitler iria além: era hora de expandir o Império Alemão. Através de um plebiscito com resultado quase unânime, a Áustria é anexada à Alemanha em 1938 e em seguida partes da Tchecoslováquia também são anexadas. Até então somente com observadores pasmos, os Ingleses e Franceses decidem, dessa vez, intervir diplomaticamente. Uma reunião entre os líderes desses países e também Itália e Alemanha, firma em 1938 o Acordo de Munique, cujo objetivo era aceitar as anexações promovidas pela Alemanha até agora desde que a expansão parasse por ali e a Alemanha não exigisse nenhum outro território. Nesse mesmo ano a empresa americana Lockheed, fez a maior venda de aeronaves de sua história para os Ingleses, mas também venderam, em seguida, para os japoneses. Na Alemanha e países anexados e simpatizantes, a perseguição aos judeus se tornava implacável. Durante os anos após a ascensão de Hitler, eles tiveram direitos revogados, suas crianças não podiam frequentar escolas de não judeus, nenhum deles poderia ter seguro saúde, não poderiam participar da política, suas lojas foram boicotadas e constantemente eram mal tratados nas ruas. Com isso os nazistas esperavam que eles simplesmente fossem embora. Para os muitos que tentaram se mudar, recebiam somente portas na cara. Já passava das centenas de milhares os refugiados judeus. O britânico Lorde Winterton, disse que a Inglaterra não era país de imigração. Os americanos informavam não possuir mais cota de imigração para essa “categoria” de refugiados. Um jornal alemão publicou a manchete: “Judeus à venda — Quem os quer? Ninguém”. O fato é que nenhuma nação quis receber os judeus. A única exceção foi a Republica Dominicana, que aceitou a entrada de 100.000 refugiados que formaram uma pequena colônia chamada Sosúa. Os poucos campos de concentração que antes eram destinados à presos políticos, agora recebiam também judeus. Presságios de Guerra Boa parte do povo alemão apoiava Hitler. Ele havia reerguido a Alemanha e acabado com o humilhante Tratado de Versalhes. A perseguição aos judeus era um caso complexo, já que era algo historicamente incrustado nas civilizações, e isso talvez, justifique um pouco a passividade com que boa parte dos alemães e também outras nações assistiam as injustiças nazistas. As coisas ficaram mais acaloradas quando então um judeu em Paris revoltado com o tratamento que a família recebera na Alemanha foi até a embaixada alemã e alvejou um diplomata. Como represália, e para deixar parecer que a população alemã estava toda enfurecida, o partido deu ordens aos seus militantes para iniciar uma revolta por toda a Alemanha, onde judeus foram espancados, sinagogas queimadas e casas e lojas destruídas. A revolta ficou conhecida como Noite dos Cristais, e repercutiu por todo o mundo. Americanos membros de instituições beneficentes dialogaram com a Gestapo uma forma de amenizar o sofrimento dos judeus. Receberam autorização dos alemães para visitarem os centro de refugiados para inspeção. Descobriram que o objetivo dos alemães era deportar todos os judeus da Alemanha, porém nenhum outro país os aceitava, mesmo que a maioria se apresentava na mídia preocupada com o “problema judeu” e alguns tentaram estabelecer colônias de refugiados fora de seu território. Com o clamor de parte da população americana e inglesa, aos poucos começaram a abrir exceções para algumas milhares de crianças judias. Erra porém, aquele que hoje prega que os alemães foram coniventes com a monstruosidade que acontecia e com a que estava por vir. O meio militar, onde estavam aqueles que tinham mais informações que a população em geral, era onde Hitler mais encontrava opositores. Com exceção dos fanáticos militantes de Hitler, ninguém mais desejava iniciar uma guerra. O general Ludwig Beck, chefe do Estado Maior, recomendou a seus generais não obedecer as ordens de Hitler caso ele tentasse invadir a Tchecoslovakia. Mas a notícia rapidamente chegou aos ouvidos do ditador que obrigou o general a renunciar. Porém, Franz Halder, que assumiu o posto de Beck, também tinha a consciência no lugar e, depois de observar Hitler, o julgou cruel e portador de alguma doença mental. Junto com alguns conspiradores, tentou elaborar um golpe, mas receoso do clamor popular. Resolveu esperar um melhor momento para o golpe, e ter provas concretas de que o ditador planejava levar a Alemanha a uma nova guerra mundial. Alguns mais radicais queriam assassinar Hitler o mais rápido possível. Contudo, o general Halder esperou tempo demais. Em 1939, quebrando o acordo de Munique, Hitler invade o restante da Tchecoslováquia e então coloca seus olhos na Polônia, cuja grande parte era de regiões antes alemãs. A França e a Inglaterra deram um ultimato a Hitler, informando que não aceitariam uma possível invasão à Polônia. Enquanto isso, Hitler discursa para os comandantes alemães para justificar a sua decisão de invadir a Polônia. Para isso, em agosto de 1939, um irônico tratado de não agressão foi assinado com os Soviéticos, para que, assim, Hitler não encontrasse oposição na ocupação sobre a Polônia. A ironia do tratado era de Hitler, um dos maiores opositores do Comunismo na Europa, assinara um tratado de não agressão com um país comunista. Dessa forma, era claro para todos que o tratado era somente momentâneo, porém, muito importante para Hitler caso uma guerra começasse, evitando assim, lutar em dois fronts, o que é uma enorme desvantagem para um país em guerra. Toda essa preparação deixava sobre a Europa um silêncio simbólico, como um presságio para horror que estava por vir. Era o vento da guerra se aproximando. Começa a Guerra de Mentira 1 de setembro de 1939 4h45 da madrugada. Começa a invasão da Polônia. Pouco depois, França e Grã-Bretanha declaram guerra à Alemanha enquanto os Estados Unidos declaram neutralidade. Em 10 de setembro é a vez do Canadá declarar guerra aos nazistas. No lado oriental, os soviéticos invadem parte da Polônia que diziam se tratar de área de influência russa. Em 27 de setembro Varsóvia cai e a Polônia é conquistada. Começa a Guerra de Mentira. Esse apelido se deve ao fato de que, apesar da guerra declarada pela Inglaterra, com exceção de poucos ataques leves e simbólicos, não houve conflito com a Alemanha, que continuava sua expansão invadindo em 1940 a Noruega e Dinamarca e em seguida Bélgica, Holanda e Luxemburgo. A Itália de Mussonlini declara guerra aos aliados. E Hitler vira-se para seu alvo de honra: França. A queda da França Em maio de 1940 começa a invasão da França. Apesar de que o número de soldados franceses e seus equipamentos serem iguais aos dos Alemães, uma superioridade estratégica pulverizou o exército francês, e em menos de três semanas de batalhas Hitler toma Paris. Como vingança histórica, Hitler obrigou os franceses a assinar sua rendição no mesmo vagão de trem em que fizeram os alemães assinar o armistício na Primeira Guerra. Acabava a Guerra de Mentira. A facilidade com que os nazistas tomaram a França mostravam que o poderio alemão e as ambições de Hitler não podiam mais ser subestimadas. Fronts Definidos Em 1941 a Alemanha invade a Iugoslávia e a Grécia. Mas o pior estava para acontecer. Em junho de 1941 numa controversa ação inicia aquilo que seria marcado em toda a história e também se tornaria um dos fatores que mudaria completamente o status quo da guerra. Num potente e rápido ataque surpresa (BlitzKrieg), Hitler quebra o pacto de não agressão e começa sua marcha sobre a União Soviética, abrindo o front oriental, onde mais de 3 milhões de soldados participam do início da invasão. Nos primeiros meses de batalha as vitórias alemãs aniquilaram boa parte do exército vermelho e ocuparam pontos estratégicos importantes. Em setembro inicia o cerco a Leningrado. Mais ao oriente, outro fator decisivo ajudaria a mudar o rumo da guerra. Muito se diz sobre o porquê dos japoneses terem atacado a frota americana, mas o fato é que há muitos anos que os Estados Unidos vinham provocando econômica e militarmente o Japão, com exercícios militares no pacífico, apoio à China, embargos e também com elaboração de planos para aniquilar e dominar o Japão. Assim em 7 de dezembro de 1941, os japoneses desferem um golpe surpresa na frota americana estacionada em Pearl Harbor, onde bombas, torpedos e pilotos Kamikazes geraram mais de 2000 baixas, afundando vários navios de guerra americanos, abatendo centenas de aviões e levando os americanos à uma rápida derrota. Os Estados Unidos declaram guerra ao Japão, e como consequência da aliança, a Alemanha declara guerra aos americanos. O conflito se tornava global. A Nações Unidas No ano de 1942, 26 países assinam um pacto para lutar até a derrota do Eixo. Nesse pacto, pela primeira vez na história é utilizado o termo “nações unidas”. Na Alemanha começa aquilo que entraria para a história da vergonha da humanidade: a Solução Final. A Solução Final era o projeto Nazista de remover todos os judeus da Alemanha e dos territórios ocupados. O meio mais prático encontrado posteriormente era a execução. Milhares e milhares de judeus eram enviados constantemente para campos de concentração onde eram explorados como escravos e boa parte exterminada nas câmaras de gás, enquanto outra parte sofria até a morte nas mãos de alguns médicos que os usavam para experiências médicas cruéis e abomináveis. O mais famoso e letal grupo de campos de concentração era o de Auschwitz-Bikernau, localizado no sul da Polônia, e que viria a se tornar o símbolo do Holocausto. A Batalha de Stalingrado Julho de 1942 Com os sucessos da avanço alemão sobre a Rússia, Hitler decide tomar a importante cidade de Stalingrado. Com isso ele esperava desmoralizar os soviéticos conseguindo assim uma rendição. E em setembro de 1942 iniciam uma das maiores batalhas da história da humanidade. Os Alemães, sob o comando do general Von Paulus, a um elevado custo, conseguiram tomar 70% da cidade, o que parecia já ser uma vitória. Porém, mesmo com muito mais baixas, os russos não se rendiam, e soldados soviéticos que tentassem recuar eram executados pelos próprios comandantes. Com a chegada do inverno, a natureza se vira contra os alemães que morrem de frio e fome. Os soviéticos aproveitam esse momento para um contra-ataque massivo. O general Von Paulus, envia mensagens para Hitler para que eles pudessem recuar, porém, o Führer não aceita e o promove a Marechal, na tentativa de lhe dar mais incentivo para continuar lutando. Mas já era tarde demais. Em fevereiro de 1943, encurralados e famintos, mais de 100.000 alemães se rendem em Stalingrado, pondo fim a batalha mais sangrenta da história. A batalha termina com aproximadamente 2 milhões de baixas. O rumo da guerra também muda. Arrivederci, Roma A Alemanha agora lutava em dois fronts, o que era uma terrível desvantagem, já que seus exércitos agora eram divididos e, consequentemente, enfraquecidos. Os aliados aproveitaram essa desvantagem para intensificar os ataques no front ocidental. Para piorar a situação contra Hitler, em julho de 1943, Mussolini é deposto e preso e o novo governo italiano declara guerra à Alemanha. Tudo parecia ir contra os Alemães, que ainda assim se sobressaíam em várias batalhas. Mas o golpe fatal ainda estava para acontecer. Os americanos planejavam uma invasão. O Dia D 6 de junho de 1944 Dia D Tropas aliadas desembarcam sob fogo pesado na Normandia. Centenas de milhares de homens e milhares de navios e aviões atacam a região que, depois de um jogo de espionagem, ficou pouco protegida por Hitler. Mas mesmo assim a resistência nazista foi grande, resultando em meio milhão de baixas e 200.000 soldados alemães capturados. A batalha é vencida pelos Aliados que, então abrem um novo front de batalha com a Alemanha e piora ainda mais sua situação. Poucos meses depois a França estava libertada dos nazistas e os Aliados continuam a marcha até cruzarem a fronteira e tomam Achen, a primeira grande cidade alemã a ser ocupada na guerra. No front oriental os soviéticos avançam cada vez mais em direção à Alemanha e chegam até Auschwitz, libertando os campos de concentração. A Alemanha estava cercada. Soviéticos avançando e ocupando pelo lado oriental e os demais aliados pelo lado ocidental, até que ainda em 1944, Berlim se viu prensada entre americanos e soviéticos. Restavam à Alemanha o 9º é 12º exércitos, que se encontravam no front oriental. Hitler em seu bunker, cada vez mais insano, mandava ordens absurdas para seus exércitos, alguns que nem sequer existiam mais e enviou crianças para a guerra para defender a já condenada Berlim. Porém, os comandantes do 9º e 12º exércitos pararam de respeitar as ordens do Führer. Afirmaram que diante da atual situação, a vida de seus homens tinha mais valor que o respeito ao Führer. E assim decidiram por se render. Só havia um problema. Os soviéticos causavam terror por onde passavam, estupravam mulheres civis alemãs, matavam e torturavam idosos, crianças e prisioneiros. E assim, a última missão dos dois últimos exércitos alemães era retardar e evitar o soviéticos enquanto marchavam em direção ao front ocidental para se render aos americanos. Apesar das inúmeras baixas e da difícil negociação com os americanos, finalmente conseguiram a rendição para o ocidente. Porém, os americanos diziam que só tinham autorização para dar cuidados médicos e alimentos a prisioneiros de guerra, não podendo fazer nada pelos civis que os acompanhavam também com medo dos soviéticos. A guerra para a Alemanha já estava perdida. Em 28 de abril de 1945, Mussolini é executado na Itália, Hitler se mata dois dias depois em seu bunker, junto com sua esposa, Eva Braun, e seu mais fanático seguidor, Goebbels, e sua esposa, que antes de cometer suicídio, matou seus filhos. Schlüß Em 7 de maio de 1945, o general Alfred Jodl assina com os aliados a rendição da Alemanha. Era o fim da guerra na Europa. Mas no pacífico, os americanos ainda tinham que resolver o problema com o Japão. Mas a forma como o fariam seria criticada por toda a história. Em 9 de agosto de 1945 o bombardeiro Enola Gay solta sobre Hiroshima a primeira bomba atômica usada para um ataque na história. Mais de cem mil civis morreram e outros milhares levaram feridas e sequelas horríveis pelo resto da vida. Antes que pudessem assimilar o que os havia atingido, uma outra bomba atômica é lançada, três dias depois sobre Nagasaki, matando mais 80.000 civis e ferindo vários outros. Apesar de extremamente cruel e injusto, o ataque americano funciona e em 14 de agosto de 1945 o Japão se rende. Acaba a segunda guerra mundial. Mais de 53 milhões de pessoas perderam a vida na maior guerra já vista na história da humanidade. Em novembro de 1945 inicia os Julgamentos de Nuremberg, onde membros do alto escalão nazista que haviam sobrevivido foram julgados por crimes de guerra e contra a humanidade. O julgamento terminou no ano seguinte com 12 condenações a morte por enforcamento, 7 prisões, sendo dessas 3 perpétuas e três absolvições. Posfácio A história é escrita pelos vencedores. Essa máxima deve ser levada em conta ao se estudar a segunda guerra mundial. O breu que envolve os fatos expostos acaba sendo, vez ou outra, mais ofuscado ainda pelo tabu. Discutir números, culpas e monstruosidades pode ser intelectualmente perigoso, pois todo o tabu que protege a história dos vencedores pode acabar taxando quem argumenta de anti-semita ou neo-nazista. Por isso, por muito tempo, as pessoas contaram apenas com a versão oficial dos vitoriosos e por outro lado as absurdas versões dos radicais revisionistas, alguns chegando ao ponto de negar o holocausto. Mas com a poeira baixando, foi possível vir a tona toda a monstruosidade que ocorreu na guerra não somente pela mente insana de Hitler, mas também por parte dos aliados. A questão dos judeus também é estudada, levando pessoas e serem mal vistas quando tentam, não negar o holocausto, mas argumentar o número de executados em campos de concentração, por exemplo. E também criticar o fato de que até hoje os judeus exploram de forma lucrativa o holocausto, como explica o judeu Norman Finkelstein em seu livro A Indústria do Holocausto. Ainda sobre os judeus, devemos entender que Hitler não criou um ódio pelos judeus, ele foi educado assim. Educado por absurdas ideias preconceituosas e culturas seculares que vagam pelo mundo até hoje. E sobre a guerra em si, é muito fácil para quem vence se portar como herói e se colocar como tal nos anais da história. Mas o que vemos, devido aos inúmeros documentos e testemunhas da guerra é algo bem diferente: não houveram heróis nessa guerra: somente humanos, que fizeram monstruosidades e também ações heróicas e benevolentes, não só por parte dos aliados, mas também por parte dos alemães. Não há como negar uma parcela de culpa bem maior aos líderes fanáticos do nazismo por suas ações cruéis e absurdas lideradas por uma mente carismática e magnética, porém completamente insana como a de Adolf Hitler. Mas ao mesmo tempo, não podemos esquecer da culpa de todos os demais, com suas bombas atômicas, seus estupros, torturas e também a forma em que, após a primeira guerra, transformaram a Alemanha num gigantesco campo de concentração para toda a população. James McDonald da Foreign Policy Association, por volta de 1933 afirmou: “A guerra, o tratado de Versalhes e tratamento dispensado à Alemanha a partir da primeira guerra levaram os alemães a se voltarem para novas lideranças. O hitlerismo é, na verdade, um presente dos Aliados e dos Estados Unidos.” Com isso podemos responder também as perguntas que todos que não pesquisam muito fazem nos dias de hoje, como “por que os alemães aceitaram todos os horrores que os nazistas promoviam contra os judeus?” Na verdade eles não aceitavam. Boa parte da população nem sequer tinha certeza do que realmente estava acontecendo. Claro que ouviam falar através de fofocas e boatos, mas, o que eles podiam fazer? Morando no Brasil fica fácil para entendermos a posição não só dos civis, como dos militares alemães perante o holocausto. Em muitos países mais justos e civilizados, um assassinato vira notícia de primeira capa de jornal de tão absurdo que é, enquanto aqui no Brasil são tantos assassinatos diários, a maioria por motivos tão absurdos, que vários sequer são noticiados, ou somente ganham uma pequena nota num jornal sensacionalista, de tão banalizada que a violência está, isso sem contar os inúmeros assaltos, torturas, invasões a domicílio, estupros e sequestros. Então faça essa pergunta a você mesmo: “Por que você aceita todos esses horrores promovidos no Brasil?” O que quer que passe pela sua cabeça será a resposta para a pergunta sobre os alemães perante o holocausto. Mas numa guerra é diferente, e por isso, mesmo culturalmente taxados como indesejáveis, alguns judeus receberam auxílio de alemães quando foi possível. Mas não havia muito o que se fazer. Podemos perguntar também porque nenhum outro país quis aceitar os judeus refugiados. Hitler e seus fanáticos transformaram cruelmente todos os judeus da Alemanha em indesejáveis e os queriam fora dali. Os países que não os aceitaram acabaram de selar o seu destino. Outra questão que se levanta é sobre o exército alemão. Por que os militares apoiaram Hitler em sua guerra insana? Na verdade não foi um apoio. O exército é o braço de ferro do governo, principalmente numa ditadura. Recebe ordens e pronto. E mesmo assim Hitler enfrentou muitos opositores do alto escalão da Wehrmacht. Alguns o queriam preso, outros o queriam declarado como louco e dois atentados promovidos ou auxiliados por altos oficiais do exército foram executados contra Hitler. Infelizmente ambos falharam. No livro “Soldados, sobre lutar, matar e morrer” Harald Welzer explica porque horrorizamos hoje com determinadas coisas que outras pessoas, de outros países em outras épocas achavam normal ou algo cotidiano, bem como sobre o porque da crueldade banalizada de soldados. Tudo isso é explicado através de marcos referenciais, que agem como guias inconscientes de acordo com o ambiente que cerca uma pessoa e seu grupo sócio-cultural. Ou seja, só seremos capazes de entender a ações de outra pessoa se nos colocarmos e entendermos o seu marco referencial. Assim, nós, sentados confortavelmente em nossas poltronas, tomando uma xícara de café enquanto navegamos por sites idiotas na internet, vivendo em um outro país, numa outra época em meio a uma cultura completamente diferente não temos direito algum de julgar os alemães, judeus, americanos e ingleses da época ou seja lá quem for que esteve em meio a esse sombrio evento que paira sobre nossa história. Tudo que podemos fazer é estudar e aprender os fatos da guerra para que, assim, talvez nos livremos de ter que passar por todos esses horrores novamente. #Guerra #História #Morte

  • Hypatia Argumentum

    Um pouco da história de Hipatia (Hipácia), da Biblioteca de Alexandria e os acontecimentos na Ágora. Prepare-se para mudar a história. Esse episódio faz parte dos fantásticos podcasts mais antigos do Escriba Cafe que, por questões de direitos autorais, não estão disponíveis para download nem pelo feed, Spotify, etc, (nem mesmo pelo player fixo no site) sendo possível ouví-los somente pelo player no respectivo post. FICHA TÉCNICA Roteiro, produção e narração: Christian Gurtner BIBLIOGRAFIA SCHILLING, V. A Biblioteca de Alexandria, o coração da humanidade. Disponível em: < http://educaterra.terra.com.br/voltaire/antiga/2002/10/31/001.htm >. Acesso em: 02/05/2013 RIBEIRO, F. A história de Hipácia da Alexandria. Disponível em: < http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/conheca-historia-hipacia-alexandria-678175.shtml >. Acesso em: 10/05/2013 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio Máquina do Tempo A ignorância é o veneno que destrói a humanidade. A ignorância causa mortes, destruição, sofrimento e, o pior de tudo: gera mais ignorância ainda. É um vírus que assola a humanidade desde seu surgimento. A ignorância faz os homens buscarem respostas mágicas, acreditarem em fantasias absurdas… cria o fanatismo, que mata e destrói… e cria também uma enorme fazenda de massas facilmente controláveis e exploráveis. Pode ser uma mina de ouro para alguns, mas para a humanidade como um todo é só isso: um vírus que nos levará a destruição. É hora de acabar com a ignorância. A Biblioteca de Alexandria Alexandria, Anno gregoriano de 415 Era uma época turbulenta, o mundo estava prestes a ver Roma ruir, gerando a queda do império Ocidental. No Egito romano encontrava-se Alexandria, cidade fundada por Alexandre, o Grande, e que há muito guardava quase todo o conhecimento antigo nas prateleiras de sua notável biblioteca. Porém a história da Biblioteca de Alexandria começa há mais de meio milênio. Dizem que, por insistência do filósofo Demétrio, exilado no Egito, no ano de 280 A.C., que pregava ao Rei Ptolomeu I que Alexandria deveria se tornar uma rival cultural de Atenas, deu-se início ao projeto da grande biblioteca. Nos últimos dois séculos antes de Cristo, Alexandria já era uma capital do mundo helenístico, onde residiam e passavam pessoas de todas as partes do mundo. Era um centro cultural onde a ciência e a filosofia podiam ser respiradas em cada esquina. Em 46 A.C., Júlio César toma Alexandria para acabar com as disputas entre Cleópatra e seu irmão Ptolomeu. Numa das batalhas navais, um carregamento de livros é acidentalmente incendiado e, provavelmente vários volumes são perdidos, mas nada que pudesse comprometer de forma significante o acervo mais importante da biblioteca. Para compensar a perda, após a morte de Júlio César, Marco Antônio, em 41 A.C., doa mais de 200 mil volumes para a Biblioteca de Alexandria. Após o domínio de Roma, Alexandria prosperou ainda mais. Era a capital da ciência e da filosofia, visitada por grandes filósofos como Arquimedes e berço da moderna astronomia científica. Foi nessa grande fábrica de conhecimento, chamada Alexandria, que surge a primera grande cientista mulher de que se tem registro: Hypatia. Hypatia No século quinto, o historiador Socrates, o Escolástico, escreveu: “Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipácia, filha do filósofo Teón, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos da época. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe receber os ensinamentos”. Hypatia era bela e focada completamente na ciência e na filosofia e, por isso, dizem, nunca se casou ou sequer se relacionou com ninguém. Porém era admirada e até adorada não só por sua beleza, mas por sua pesquisa, seu conhecimento e ensinamentos. Principal representante do neoplatonismo, Hypatia estudava o homem e o universo, chegando a abordar — novamente — o tema do heliocentrismo, fazendo grandes avanços em suas pesquisas e estudos. Amparada pelo grande acervo da Biblioteca e do museu de Alexandria, a filósofa também contribuiu com diversas obras para suas ricas estantes. Contudo, aqueles eram anos conturbados no Império Romano. Em alexandria viviam lado a lado os judeus, os seguidores da antiga religião, os ateus e também os adeptos na nova seita que crescia cada vez mais e, na mesma proporção se mostrava cada vez mais intolerante: o cristianismo. A biblioteca, anexada ao templo de Serápis era amaldiçoada pelos cristãos, que consideravam ali o antro de toda a maldade pagã. A tensão religiosa aumentava cada vez mais em Alexandria. Os assassinos do conhecimento A intolerância religiosa ficava cada vez mais violenta. Os cristãos pregavam que tudo que não fosse de acordo com a bíblia era demoníaco. Troca de ofensas e perseguições eram constantes e não raro terminava em brigas e mortes. Estava tudo pronto para uma das maiores tragédias da humanidade. No ano de 391, uma multidão de cristãos enfurecidos, pregando palavras do antigo testamento e agindo em nome de deus — mas liderados por bispos — dominaram a biblioteca e o templo. Os rolos e papiros que registravam milênios de conhecimento humano, foram rasgados e queimados como lixo. Desprezados como papel higiênico. Paredes e estátuas foram derrubadas e o que restou do edifício foi ocupado pelos fanáticos da nova seita. De forma incrivelmente ignorante, o futuro científico e filosófico da humanidade fora arrasado, atrasando em séculos os avanços conquistados. Em seguida os cristãos se voltaram contra os judeus, que passaram também a ser perseguidos. A morte de Hypatia Hypatia continuou seus estudos, fazendo descobertas e grandes avanços, principalmente em astronomia. Mas os cristãos odiavam cada vez mais a filósofa. Com sua carga intelectual e grande conhecimento, ela era considerada como conselheira por várias figuras importantes na política, até mesmo por alguns ex-alunos cristãos. E isso preocupava Cirilo, o bispo de Alexandria, que via Hypatia como um empecilho para os planos de poder do cristianismo. O machismo cristão foi usado então para tentar desmoralizar e diminuir a influência de Hypatia. Vários políticos foram obrigados a se ajoelhar diante da bíblia, que era lida em voz alta, principalmente trechos que rebaixavam as mulheres e as colocavam unicamente como servas dos lares e reprodutoras. Em 413 os líderes cristãos, sob ordem de Cirilo, começaram a espalhar boatos de que Hypatia praticava magia negra e adorava satanás, e por isso os políticos a adoravam, pois ela os havia enfeitiçado. O golpe final de Cirilo, se deu no ano de 415. Enquanto voltava para casa, Hypatia foi atacada por uma turba de cristãos, que a levaram para um de seus templos, tiraram-lhe a roupa e, usando cascas de ostras, arrancaram-lhe a pele e a carne, destroçando-a ainda viva. Seus braços e pernas foram arrancados e espalhados pela cidade, e o restante de seu corpo queimado em uma pira. Morria ali um dos últimos pontos de luz da humanidade, que, junto com a destruição da Biblioteca de Alexandria, colocou nos ombros da religião a responsabilidade de séculos de penumbra científica, guiados pelas trevas do cristianismo e outras religiões tiranas. Após a morte de Hypatia, qualquer manifestação religiosa que não fosse cristã, foi proibida em Alexandria. O mesmo se espalhou por todo o império, concretizando o domínio da igreja. Quase nenhuma obra de Hypatia sobreviveu. Perdemos naqueles anos, obras importantíssimas de grandes filósofos, grande parte do conhecimento humano tinha sido destruído. A escuridão criada pela igreja naqueles anos só começou a se dissipar na renascença, quando tudo o que havia sido perdido mais de mil anos antes começou a ser REDESCOBERTO. Mudando o passado Poderia ter sido diferente. Tantas coisas que perdermos. E se mudássemos a história aí, próximo ao primeiro ano gregoriano? Eliminaremos da história o Cristianismo e toda forma de religião que nos privasse da razão. Pode ser uma visão até ingênua, mas faremos isso para refletirmos sobre determinados conceitos. Daremos prosperidade e educação à maioria das pessoas, fazendo com que assim elas não busquem consolo, explicações e esperança em palavras mágicas e seres sobrenaturais que justifiquem seus infortúnios. Esse é o ano zero. O ano em que Roma está em seu auge e as religiões no ocidente começam a perder força, mas não há fome, não há miséria e assim, Jesus Cristo, um dos vários profetas de rua, não será repercutido. A filosofia leva o conhecimento a toda população. A humanidade evolui e percebe cada vez mais que os demônios do passado podem ser facilmente desmistificados com a pesquisa e a razão. E enquanto vão perdendo a fé em seres místicos, os humanos percebem que precisam curar pragas e evitar catástrofes de forma racional. A biblioteca de Alexandria fica cada vez mais rica. O conhecimento acumulado em suas estantes é usado por vários outros filósofos e cientistas para seus estudos. Novas descobertas são feitas. Hypátia finalmente comprova o heliocentrismo e a forma como o homem vê o universo muda completamente, as obras da filósofa se preservam após sua morte — de causas naturais, depois de uma vida vasta de contribuições para a ciência, assim como inúmeros estudiosos que vieram depois dela e puderam pensar livremente, sem limitações ou castigos. Sem deuses para abençoar ou castigar as plantações, o homem rapidamente começa a prever e, de certa forma, controlar a natureza. Novas invenções surgem a cada dia, deixando as nações racionais prósperas e evoluídas. Outras nações que ainda mantém a religião recebem as boas novas das prósperas terras onde se cultua a razão e acabam perdendo a fé também. Não há mais profetas ou fanáticos religiosos nas praças públicas e sim pensadores e sábios explicando o poder que o homem tem. Não há mais santidade da vida, há a santidade das relações e das ações. O homem percebe que ele é ilimitado, e que é capaz das mais incríveis realizações. Começa a surgir um culto ao homem. Maravilhosas músicas com corais e orquestras são compostos para louvar o ser humano e a natureza e rituais são criados unicamente para adorar a humanidade e todo o seu potencial. Não há proibições ou limitações para as mulheres, o que abre mais ainda os horizontes do conhecimento, surgindo diversas cientistas e dirigentes com fabulosas contribuições para o planeta. Guerras são cada vez mais raras. Ao perceberem a força que a união de todos homens gera para a vida de cada um no planeta, divisas começam a sumir. Por volta do século XIII, já temos uma metalurgia avançada, vários protótipos de motores estão em funcionamento e pequenos planadores mostram que em breve o homem dominará os céus. No século XV o homem já está ciente do impacto de seu progresso na natureza e foca no avanço das pesquisas com energia limpa e auto-sustentável, sabendo que assim terá combustível eterno e barato. Na sociedade, não há motivos financeiros para o crime, pois sem a escravidão e os abismos sociais e havendo oportunidades iguais para todos, a prosperidade bate na porta de todos, e todos desejam que o próximo prospere, pois sabem que isso influi diretamente na sua própria fortuna. Não existem prisões, e sim universidades de reabilitação para as quais são enviados os poucos criminosos que recebem mais estudo e são obrigados a trabalhar para literalmente pagar sua dívida com a sociedade. Os que são realmente maus e mostruosos, repetindo crimes e causando sofrimento alheio não contam mais com a proteção da divindade da vida, são eliminados para o bem da humanidade. Não há riqueza exagerada, mas todos têm tudo o que desejam, o que elimina de vez qualquer chance de roubo ou corrupção. Sem a cultura do pão e circo, sem a ignorância e sem a pobreza, não há adoração a esportistas ou artistas, mas sim o respeito e admiração. São os bombeiros, os cientistas e os filósofos os verdadeiros heróis honrosos. No século XVII o homem chega a lua. Sem o grande desperdício de homens e mulheres que haveria nas matanças das guerras e das perseguições religiosas, surgem inúmeras mentes brilhantes a cada ano. A pesquisa com células tronco já está em estágio avançado. Já não há mais guerras. Em 1800 o homem já está em perfeita harmonia com a natureza. Tudo que se pega é devolvido ao meio ambiente. Não há poluição nem destruição. Não há mais fronteiras e todos os humanos fazem parte de uma só nação. O homem ocupa o planeta com sabedoria e responsabilidade. Não existe mais doença incurável nem deficientes físicos. Na virada do ano de 2100 o homem pousa no primeiro planeta habitável fora da Via Láctea e lá encontra a resposta para uma de suas mais importantes perguntas. #Morte #Ciência #História #Roma #Grécia #Primeiratemporada

  • O Assassino do Zodíaco

    Um dos maiores mistérios do crime da atualidade: o Assassino do Zodíaco Esse episódio faz parte dos fantásticos podcasts mais antigos do Escriba Cafe que, por questões de direitos autorais, não estão disponíveis para download nem pelo feed, Spotify, etc, (nem mesmo pelo player fixo no site) sendo possível ouví-los somente pelo player no respectivo post. FICHA TÉCNICA Roteiro, produção e narração: Christian Gurtner BIBLIOGRAFIA MONTALDO, C. Zodiac Killer | California Serial Murder.Disponível em: < http://www.zodiackiller.com/ >. Acesso em: 12/11/2012 VOIGT, T. The Zodiac Killer — The Unsolved Case of the Zodiac Killer. Disponível em: < http://crime.about.com/od/history/a/zodiackiller.htm >. Acesso em: 09/11/2012 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio Caso 1 20 de dezembro de 1968 A polícia encontra um carro em um estacionamento da Lake Hermann Road, um local isolado de Vallejo, na Califórnia. Ao lado do carro, um casal de jovens jaz ensanguentado. O rapaz, David Arthur Faraday, de 17 anos, tinha levado um tiro na cabeça. A outra vítima, Betty Lou Jensen, de 16 anos, foi morta com 5 tiros nas costas, havia também um buraco de bala no carro, indicando que 7 tiros foram disparados ao todo. O crime foi uma grande surpresa para a região, considerada calma e com índice quase nulo de assassinatos. Os investigadores não conseguiram encontrar um motivo para o crime e muito menos pistas de quem o teria cometido. As investigações sobre como ocorreu crime resultaram na conclusão de que o casal namorava no carro quando as 23:15h um outro carro parou atrás. O assassino desceu do carro com uma pistola semi-automática — calibre .22, foi até ao carro das vítimas e disparou uma vez para que os jovens saíssem do automóvel. Quando Arthur estava saindo, levou um tiro na cabeça. A garota levou cinco tiros nas costas, talvez quando virou-se para fugir ao ver o namorado ser alvejado. Sem roubar nada o assassino simplesmente foi embora. Demoraria alguns meses para a polícia ter mais trágicas pistas sobre esse crime. Caso 2 “Eu gostaria de reportar um duplo homicídio. Se vocês seguirem uma milha a leste da Columbus Parkway até a um parque público, vocês vão achar dois jovens num carro vermelho. Eles foram alvejados por uma Luger 9mm. Eu também matei aqueles jovens no ano passado. Adeus.” 5 de julho de 1969. Darlene Elizabeth Ferrin de 18 anos e Mike Renault Mageau de 16, conversavam no carro, por volta de meia noite, no estacionamento do parque Blue Rock Springs, outro local utilizado pelos jovens para namorar, devido ao isolamento. Um carro parou próximo a eles e um homem desceu com uma lanterna. Os jovens pensaram ser a polícia e já prepararam as carteiras de identidade para apresentar ao suposto policial quando, sem trocar nenhuma palavra, o homem disparou cinco tiros contra as vítimas e deu as costas para ir embora. Porém, o rapaz soltou um grito de dor, fazendo o assassino voltar e dar mais dois tiros em cada um. Em seguida foi embora. Pouco depois, um grupo de adolescentes chegou à cena do crime e logo chamaram a polícia. As duas vítimas estavam vivas quando os primeiros policiais chegaram. Darlene tentou falar, mas não conseguia. Ela morreu no caminho para hospital. Mas, para Mike Mageau, os quatro tiros que levou não foram o suficiente. Ele sobreviveu e pôde relatar o caso a polícia, mas devido a escuridão e a lanterna do assassino, tudo que ele conseguiu descrever foi que parecia ser um homem com mais de 30 anos, rosto arredondado e cabelo castanho. 45 minutos após o crime, a polícia recebeu a ligação do assassino, que também assumiu a autoria do crime contra o outro casal em 1968. Cartas A polícia estava perdida, sem pistas não sabia o que procurar e os poucos suspeitos que tinham foram sendo descartados por não se encaixarem nos crimes. Mas não passa nem um mês até que o assassino resolve vir a público. 4 de agosto de 1969 Três cartas idênticas são enviadas para os editores de três jornais, o San Francisco Examiner, o San Francisco Chronicle e o Vallejo Times-Herald. Junto com as cartas, cada editor recebeu um pedaço de uma mensagem em código, que utilizava letras e também símbolos. As cartas, assinadas com uma cruz sobre um círculo, eram uma espécie de apresentação. O assassino assumiu para si os assassinatos e, para provar que era o autor, dava detalhes que somente a polícia sabia sobre os crimes. Além disso, fez uma exigência: disse que se os jornais não publicassem o pedaço de mensagem cifrada que receberam na primeira página, ele iria matar numa noite doze pessoas aleatoriamente. Informou ainda que na mensagem em código, estava sua identidade. Os jornais resolveram obedecer, pois, também geraria audiência. As cifras foram publicadas. A polícia precisava que o assassino falasse mais, na esperança de que cometesse um erro. Foi então que disseram numa entrevista que tinham dúvidas sobre a autenticidade das cartas enviadas aos jornais. Era óbvio que o ego doentio de um serial killer não iria deixar que duvidassem de suas cartas. O plano funcionou. Em 4 de agosto de 1969 o assassino enviou outra carta para o San Francisco Examiner. A carta começava com as palavras que se tornariam sua marca registrada e aterrorizariam os envolvidos… “Aqui é o Zodíaco falando…” O resto da mensagem era um grande detalhamento sobre os crimes, para que não houvesse mais dúvidas quanto a autoria. Além disso, ele perguntava se a polícia estava com dificuldades para decodificar as mensagens cifradas, e diz novamente que sua identidade está ali. Mentira. Quatro dias depois, em 8 de agosto, um casal de professores do ensino médio, que viu a cifra publicada nos jornais, consegue quebrar o códido e decifrar a mensagem. Sua identidade não estava ali, mas sim uma mensagem doentia de uma mente louca. “Eu gosto de matar pessoas porque é muito divertido. Mais divertido que jogos selvagens na floresta, pois o homem é o animal mais perigoso de todos. Matar algo me dá a mais emocionante experiência. É até melhor que namorar uma garota. A melhor parte disso é que quando eu morrer, eu renascerei no paraíso e aqueles que eu matei se tornarão meus escravos. Eu não vou dar meu nome para vocês porque vocês vão tentar desacelerar ou parar minha coleção de escravos para minha vida após a morte.” Contudo, as últimas 18 letras não foram decodificadas. Mas, dentre todas as possibilidades, pode ser também somente letras aleatórias para completar a última linha. A polícia ficou frustrada. Sem mais pistas ou suspeitos, o caso ficava cada vez mais difícil. Só uma pessoa poderia fornecer mais pistas, mas isso significaria mais mortes e a polícia corria contra o tempo. Caso 3 27 de setembro de 1969 Bryan Calvin Hartnell de 20 e Cecelia Ann Sheppard, de 22, haviam tirado a tarde para relaxar numa espécie de praia do lago Berryessa. Os dois estavam deitados conversando quando Cecelia diz para Bryan que havia um homem estranho os observando. Bryan pensou que ele estava mais longe e não conseguiu visualizar o estranho. Foi quando, de repente, o homem já estava somente a alguns passos do casal. Ele vestia uma espécie de capuz grande e quadrado, com óculos escuros sobre esse estranho capuz e uma bata preta, onde se podia ver o símbolo do Zodíaco pintado no centro. Portando uma pistola, o homem exigiu a carteira e a chave do carro, dizendo que era tudo o que queria e que ninguém iria se machucar. Disse também que era um fugitivo e que precisava ir para o México. Bryan então ofereceu sua carteira e a chave do carro, mas o homem não pegou. Ele simplesmente amarrou os dois jovens de barriga para baixo. Bryan, mantendo a calma, conversou com o estranho por vários minutos, oferecendo até ajuda jurídica para o mesmo. E quando se viu completamente amarrado, perguntou para o homem se a arma realmente estava carregada. O assaltante simplesmente tirou o pente e mostrou que havia balas. Bryan viu algo brilhar na mão do assaltante, mas antes que pudesse virar a cabeça para ver melhor, sentiu algo frio perfurando suas costas. O homem esfaqueou Bryan 6 vezes enquanto Cecelia gritava para que ele parasse. Em seguida esfaqueou Cecelia 10 vezes. E foi embora. “Eu gostaria de reportar um homicídio, aliás, um duplo-homicídio. Eles estão duas milhas ao norte da sede do parque. Eles estavam num Volkswagen Karmann Ghia… Eu que matei.” As duas vítimas ainda estavam vivas quando foram socorridas. Na porta do carro dos jovens, a polícia encontrou uma mensagem contendo as datas dos crimes passados e o símbolo do Zodíaco. As únicas pistas encontradas foram pegadas e marcas de pneu do carro do assassino. Cecelia Shepard morreu dois dias depois no hospital, mas Bryan sobreviveu. Suspeitos Assim como todo crime que ganha repercussão, várias pessoas ligavam para a polícia sugerindo suspeitos ou dando informações confusas ou falsas. Sem muitas pistas a seguir ou informações relevantes, os investigadores entravam em vários becos sem saída. Porém, poucos dias após o crime no lago Berryessa, o detetive John Lynch, da polícia de Vallejo, seguindo uma pista ou informação que até hoje é um mistério, foi de encontro a um homem chamado Arthur Leigh Allen, de 35 anos. O detetive questionou Allen sobre o que fazia no dia do crime de Berryessa, e o suspeito informou que viajou a passeio e voltou no dia 27, ou seja, o dia do crime, e não se lembrava se seus pais estavam em casa. No relatório do detetive não havia nenhuma menção sobre os outros crimes, que, por sinal, estavam para ganhar mais um número na lista. Caso 4 11 de outubro de 1969 O motorista de táxi Paul Stine pega um passageiro que o manda parar o carro na esquina das ruas Washington e Cherry em São Francisco. O passageiro saca uma pistola 9mm e mata Paul com um tiro na cabeça. Em seguida pega a carteira, as chaves e corta um grande pedaço da camisa de Paul, e leva consigo. Três jovens testemunharam o crime do segundo andar de uma casa do outro lado da rua, e chamaram a polícia. A descrição que os jovens deram era de um homem branco, por volta dos seus 30 anos, cabelos castanhos, vestindo roupas escuras e óculos. Além disso, um par de luvas e uma impressão digital foram encontradas no sangue sobre a poltrona do táxi. A polícia começou as buscas pela região, até que dois policias cruzam com um suspeito exatamente igual à descrição, mas não o param, pois, por algo até hoje não explicado, a informação inicial que todas as patrulhas receberam era de que se tratava de um homem negro. Por um erro crasso, a polícia perdeu, provavelmente, a única grande chance de prender o Zodíaco. E o assassino riu disso. Mais cartas Em 13 de outubro de 1969, o Zodíaco envia uma carta para o San Francisco Chronicle assumindo o assassinato do motorista de táxi. Junto, enviou um pedaço ensanguentado da camisa da vítima para provar a autoria. Zombou da polícia, dizendo que eles poderiam tê-lo prendido se tivessem procurado direito. No final da carta ele diz que crianças são um ótimo alvo, e que ele poderia tomar um ônibus escolar de assalto e atirar nas crianças. A morte do taxista foi o último caso confirmado do Zodíaco, porém, ele continuou enviando cartas durante vários anos, assumindo crimes que provavelmente não cometeu, anexando diagramas do seus planos para explodir um ônibus escolar, fazendo exigências para que a população de São Francisco usasse bottons com a logomarca do assassino e outros absurdos. Dentre as cartas, algumas outras mensagens codificadas também foram enviadas, onde o Zodíaco afirmava novamente revelar ali sua identidade. Porém, até hoje ninguém conseguiu quebrar o código. O fato é que, as mortes, aparentemente tinham cessado. A pergunta é: por quê? Teria polícia chegado tão perto do assassino ao ponto dele ficar receoso e decidir se aposentar? Talvez a polícia tenha chegado mais perto do que imaginava. Arthur Leigh Allen Numa manhã de 15 de julho de 1971, um executivo de nome Santo Paul Panzarella, após ler as reportagens sobre o Zodíaco, ligou para a polícia de Manhattan dizendo possuir informações sobre um possível suspeito. Panzarella disse que ele e o sócio, Donald Cheney, por algum tempo suspeitaram de um homem que vive na cidade de Vallejo, pois, até um ano antes dos crimes começarem, trabalharam com o irmão do suspeito e passaram algum tempo tempo com ele. O nome desse suspeito era Arthur Leigh Allen. Donald Cheney passou mais tempo com Arthur, saindo para caçar vez ou outra, onde podiam conversar bastante. Numa dessas conversas, brincando em tom de ficção científica, Arthur pergunta para Donald se ele já pensou em caçar humanos. E disse como seria interessante matar pessoas aleatoriamente, se aproximando do carro atirando e indo embora. A falta de motivos iria dificultar a investigação. Além disso, Arthur também disse a Donald que enviaria cartas para a polícia assinadas com o nome de Zodíaco. Com o tom de veracidade das informações, a polícia logo começa, em pano de fundo, pesquisar cada detalhe da vida de Arthur antes de confrontá-lo. Várias pessoas que conviveram com Arthur, diziam que ele era honesto, trabalhador eficiente e carinhoso com crianças. Carinhoso até demais, pois houve algumas suspeitas de que ele era um molestador. Mas no geral, Arthur Leigh Allen, tinha uma ótima reputação entre seus amigos e vizinhos, muitos os quais conheciam Arthur desde criança. Mesmo assim, em 4 de agosto de 1971, três detetives foram ao local de trabalho de Arthur para interrogá-lo. Ele alegou não se lembrar de ter a tal conversa sobre caçar humanos. Durante o interrogatório, algo chamou a atenção dos policiais, sem ser perguntado ou sequer informado sobre pistas, Arthur diz aos detetives que as duas facas que estavam no carro dele em 1969, estavam sujas de sangue porque ele tinha matado uma galinha. Isso soou o alarme dos detetives que notaram que Arthur achava que eles tinha descoberto as facas. Outras pistas impressionantes que os policiais descobriram foi que Arthur, quando garoto, tinha lido um livro chamado “O jogo mais perigoso”, que falava sobre caçar humanos na selva, e que isso havia o impressionado muito — e também aos policiais, que ligaram isso à carta cifrada do Zodíaco. Para fechar com chave de ouro, perceberam que Arthur usava um relógio da marca Zodiac, cujo logotipo era exatamente igual ao da assinatura das cartas do Assassino do Zodíaco: uma cruz sobre um círculo. A partir daí Arthur virou o principal suspeito e sua vida foi vasculhada por completo. Um casal de amigos disse que, uma vez, ao visitar a casa de Arthur, esse lhes mostrou alguns papéis que possuíam símbolos muito parecidos com aqueles utilizados nas cartas que o Zodíaco enviava para os jornais. Sem álibis fortes, Arthur se encaixava perfeitamente como o Zodíaco, mas a polícia não encontrou uma prova sequer que pudesse condená-lo. Frustração Na verdade, o que a polícia encontrou foram evidências da inocência de Arthur. Sua impressão digital não batia com a encontrada no táxi e uma análise caligráfica concluiu que ele não era o autor das cartas. Apesar de muitos apontarem os dedos para Allen, estava difícil levantar provas contra ele. A última carta assinada pelo Zodíaco foi enviada em 29 de janeiro de 1974, onde ele falava do filme O Exorcista e contabilizava 37 mortes causadas por ele. Nos meses seguintes, mais algumas cartas foram enviadas, porém não continham mais a assinatura do Zodíaco e falavam sobre assuntos diversos, mas análises de caligrafia concluíram que as chances das cartas terem sido escritas pelo Zodíaco eram grandes. Com o passar dos anos, sem mais pistas, suspeitos ou evidências, o caso foi considerado inativo, sobrando somente algumas jurisdições que o mantém aberto. Em 26 de agosto de 1992, Arthur Leigh Allen morre em sua casa devido a complicações nos rins. Teorias e mais teorias Com o advento da internet e a grande velocidade e facilidade de troca de informações, verdadeiras ou não, tentar desvendar os mistérios do caso do Zodíaco virou hobbie para inúmeras pessoas. Isso pode ser interessante, já que quanto mais pessoas tentando, maior a chance de se descobrir mais pistas, afinal, a primeira mensagem codificada do Zodíaco foi desvendada justamente por pessoas comuns com tempo livre. O problema é quando pessoas com sérios problemas psicológicos começam a exagerar na obsessão. -Na Califórnia, uma mulher chamada Debora Perez, foi em rede nacional afirmar seu falecido pai adotivo foi o Zodíaco, enviando todas as supostas provas para o FBI. A credibilidade da mulher não ficou muito boa depois que se descobriu que ela falava que seu pai biológico era o ex-presidente John Kennedy. -Outro que também deve ter tido problemas familiares foi o americano Dennis Kaufman, que exibiu em entrevista armas e roupas com o símbolo do Zodíaco que ele afirma pertencerem ao seu falecido padrasto. As evidências foram analisadas e se concluiu que são falsas, possivelmente forjadas por Dennis. Malucos por toda parte afirmam saber quem é o Zodíaco ou se dizem eles mesmos serem o assassino. Evidências forjadas e mentiras são muito comuns em crimes antigos de grande repercussão. O fato é que continuamos sem mais evidências, sem mais pistas e o mistério continua. #Crime #História #Morte #Primeiratemporada

  • Somália

    A turbulenta história do fustigado país do leste Africano. Esse episódio faz parte dos fantásticos podcasts mais antigos do Escriba Cafe que, por questões de direitos autorais, não estão disponíveis para download nem pelo feed, Spotify, etc, (nem mesmo pelo player fixo no site) sendo possível ouví-los somente pelo player no respectivo post. FICHA TÉCNICA Roteiro, Produção e narração: Christian Gurtner BIBLIOGRAFIA VARIOUS. Somalia : Country Studies — Federal Research Division, Library of Congress.. Disponível em: < http://lcweb2.loc.gov/frd/cs/sotoc.html >. Acesso em: 20/10/2013 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio A construção de um paraíso No primeiro milênio antes de Cristo, na região conhecida como chifre da África, reza a lenda que viveu ali um povo de alta estatura e muito belo. Foram citados por Heródoto e outros autores e, devido a sobrenatural expectativa de vida desse povo, que vivia normalmente até aos 120 anos, foram chamados de Macrobianos, e que provavelmente foram os antepassados da população do Chifre da África. Lenda ou não, o fato é que mais tarde, algumas pequenas cidades litorâneas já haviam sido erguidas na região. O povo que ocupava essa área, conhecido como Samaale, havia migrado do sul da Etiópia e, apesar de sua cultura nômade, estava aos poucos se fixando pela região, até que no ano 100 a.C. Todo o Chifre da África já estava ocupado pelos Samaale. Em contato com oceano Índico e o Mar Vermelho, os Samaale haviam instituído um lucrativo comércio na região, desenvolvendo-se também nos mares e já prosperava ainda na antigüidade. A partir do século VIII d.C. começaram a se estabelecer os imigrantes persas e árabes, atraídos pelo lucrativo comérciopor toda costa e fronteiras, junto, veio também a religião islâmica que se disseminou entre os Samaale. Somalia Medieval Na idade média a Somália já era um dos mais importantes centros comerciais da região. Através do Empório de Saylac, no Golfo do Aden, era o principal fornecedor de café, ouro, penas e escravos para o Oriente Médio, China e Índia. Guerras santas A influência islâmica na Somália tornou-se tão forte, que, junto com o surgimento de sistemas centralizados de estados começaram a ser instituídos sultanatos na região. A partir do século XV se destaca o Sultanato de Adal, cujo poder e prosperidade brilhava no Chifre da África. Adal possuía arquitetura sofisticada, castelos, um povo cosmopólita, grandes mesquitas e um ensino superior. Contudo, havia um problema: os Etíopes. Durante séculos houve uma certa boa convivência entre o Etíopes com seucristianismo e os islâmicos do Chifre da África. Mas a paz acabou no reino do Negus Yeshaq, da Etiópia. Ainda no início do século XV as forças imperialistas de Yeshaq começaram a saquear instalações muçulmanas no leste da cidade de Harer. Instituiu-se então que os Muçulmanos eram inimigos de Deus. Em 1415 os etíopes invadiram o reino muçulmano de Ifat. Eles aniquilaram os exércitos muçulmanos e seguiram o rei Saad ad Din até a ilha na costa de Saylac, onde o executaram. Yeshaq obrigou os muçulmanos e pagarem tributos e também a comporem um hino de ação de graças pela sua vitória. Nesse hino aparece pela primeira vez, em form escrita, a palavra “Somali”. O contra ataque muçulmano No início do Século XVI os muçulmanos já estavam reerguidos e preparados para sua vingança. Invadiram a Etiópia a partir do leste, marchando até o centro e dizimando a população etíope. Liderados pelo carismático Imam Ahmad Guray, os muçulmanos usaram táticas “terra arrasada” ou seja, matavam e destruíam tudo de forma que não fosse possível a área voltar a ser habitada tão cedo. A Etiópia só não foi completamente aniquilada porque, por acaso, passava por ali a expedição de Pedro da Gama, filho de Vasco da Gama, que tomou o partido dos cristãos e, numa força unificada com os etíopes, e utilizando canhões, conseguiu repelir os muçulmanos e preservar o que ainda não havia sido destruído. O Imam Ahmad Guray morreu durante as batalhas com os portugueses, que ainda fariam várias outras investidas com o passar do tempo. Primeiro declínio Os diversos problemas provindos das guerras e bem como fatores econômicos, faziam com que o antes poderoso Sultanato de Adal degradasse lentamente, até que ficasse quase em ruínas. Em contraponto, Mogadishu, uma das cidades mais antigas da Somalia, prosperava como nunca. Nos séculos dezessete e dezoito, resistiu com sucesso às depredações portuguesas através de ataques na costa leste. Em 1728 o último forte português no leste da África foi desativado, criando na Somália uma época relativa de paz. Colonização Toda a prosperidade e evolução da Somália era agora cobiçada e ameaçada por um inimigo muito mais ambicioso: a Europa. No século XIX, a busca, principalmente por alimentos por parte dos Europeus levou a uma série de investidas na África para que colônias fossem estabelecidas.A Somália após algumas jogadas políticas e militares foi pela primeira vez em séculos, divida. Uma das regiões mais culturalmente homogêneas da África fora então dividida entre Italianos, Britânicos, Franceses e Etíopes, cada país colonizava então uma Somalilândia. Os tempos de paz da Somália estavam no fim, pois eles não iriam ceder tão facilmente. No estado Dervish, se ergue o líderMuhammad Abdullah Hassan, que junto com seu exército apoiado por outros países árabes, começou uma das maiores guerras de resistência colonial da história. Apelidado de Mad Mullah, ou mulá louco, Hassan repeliu os Britânicos por quatro vezes. Levando a bandeira do Jihad, ele pregava que os infiéis britânicos e outros cristãos haviam roubado a cultura e as crianças da Somália, e seu objetivo era conquistar a independência unificando todo o país novamente. Mas em 1920 os britânicos contavam então com uma nova máquina de guerra que nem o mais bravo guerreiro da época poderia enfrentar: aviões. O estado Dervish foi bombardeado e sucumbiu na mão dos britânicos. Que transformaram todas suas terras em protetorados. Segunda Guerra Em 1939 estoura a segunda grande guerra na Europa. Com vários países europeus inimigos com colônias na África, a guerra também se estende para o velho continente. No ano de 1940 os italianos avançaram através da Etiópia para tomar a Somalilândia Britânica. Em 10 dias eles conseguiram tomar a cidade de Berbera. Mas em janeiro de 1941 os britânicos avançam do Quênia para retomar as áreas conquistadas pelos italianos. Em um mês eles tomaram toda a Somalilandia Italiana, e em março já haviam recuperado a Somalilandia Britânica com uma invasão pelo mar. Época de ouro Com o término da segunda guerra,uma comissão dos países vencedores tentou resolver a questão das colônias somali, e numa decisão polêmica, cederam a Somalilandia Etíope, que se situava na região de Ogaden para a Etiópia. A Itália também recebeu sua parcela, com uma concessão de 10 anos até que a Somália, então, teria sua independência. Mas o SYL, primeiro e poderoso partido político somaliano, queria a independência de imediato. O que não aconteceu. No entanto, com dinheiro investido pela ONU e pela Itália, os anos 50 foram a época de ouro da Somália, que revivia agora então os bons tempos de prosperidade. Em 1960, finalmente chegou a independência, e o poder político foi devolvido aos somalianos. Tudo indica que esse era o final feliz que toda civilização deseja. Mas não. Instabilidade O povo somali era culturalmente político e participativo. Isso num país que ainda era divido por línguas e até moedas diferentes, com diversos clans e objetivos diferentes, poderia não ser muito interessante. A somalia estava virtualmente dividida entre Somália do Sul e Somália do Norte. Para aumentar a tensão, a questão de Ogaden nas mãos dos Etíopes ainda estava engasgado na garganta dos somalis. Surgiu o Pan-Somalismo, uma ideologia de unificação étnica de todos os somalis sobre a mesma bandeira, resultando em um curto conflito de insurgentes contra a Etiópia. Em menos de um ano um cessar fogo foi assinado. Os somalianos cortavam aos poucos seus laços com os Europeus e começaram a se aproximar da União Soviética e da China, enviando até tropas para serem treinadas com os soviéticos,o que resultou em idéias marxistas rondando os militares somalis. A tensão política entre as Somálias do Sul e do Norte crescia cada vez mais e a hostilidade contra os Estados Unidos, apoiador da Etiópia, também. Aos poucos a democracia somali começava a ruir. Em 1967 um presidente eleito não foi reconhecido pelos clãs e o voto secreto foi extinto. Iniciava uma época de deserção política, traição, corrupção e manipulação.O SYL e os partidos coligados, que tinham praticamente todas as cadeiras no congresso, perderam numa eleição dois terços delas, o que rapidamente foi acusado de fraude eleitoral. Mas o problema maior com a grade revolta dos partidários, era que o exército Somali era um grande apoiado do partido. Um golpe de estado era iminente. O Golpe Em 15 de outubro de 1969 o presidente Abdirashid Ali Shermarke foi assassinado por um de seus guarda-costas, com a infame desculpa de que fora malgrado por ele. Um novo presidente fora indicado pelo primeiro ministro, mas devido a desconfiança que caía sobre o governo corrupto e com a especulação de compras de votos, os militares foram contra o novo presidente e, assim que viram que o congresso iria apoiar a escolha do primeiro ministro, o gatilho foi acionado. Em 21 de outubro de 1969 acontece o golpe militar. Com um regime ditatorial imposto, o objetivo do governo militar era acabar com o nepotismo, a corrupção e o tribalismo. Investiu-se inicialmente em educação, de forma a retomar a cultura e a língua somali, unificando novamente o povo. Em 1976 o poder foi oficialmente cedido para o Partido Revolucionário Socialista. Mas ainda havia um assunto pendente que há muito os militares ansiavam. A guerra de Ogaden Em 1977 desencadeia a tão esperada guerra contra a Etiópia para recuperar Ogaden. As primeira batalhas foram favoráveis e os Somalis conseguiram fazer os Etíopes recuar. Mas um golpe pelas costas mudaria o rumo da guerra. A união soviética deixou de apoiar a Somália e voltou-se para Etiópia, fornecendo armas e apoio político. A medida soviética foi seguida por Cuba e pela Coréia do Norte. Em menos de um ano a Somália perde várias batalhas e os etíopes recuperam Ogaden. A queda O povo não se conformou com a perda de Ogaden e viram que o presidente não seria capaz de tomá-la. Grupos iniciaram revoltas em várias partes da Somália, depredando e tomando cidades. O difícil caminho da derrota foi espinhoso demais. O exército havia perdido milhares de homens e estava moralmente falido. A economia somali também não ia bem após os gastos com a guerra, somando tudo issoas secas da década de 80, a fome começou a arrasar várias regiões. Em 1988 as tropas somalis são retiradas da Etiópia. Uma grande crise política tomou conta da Somália. E logo reataram laços com o Ocidente, recebendo ajuda militar e econômica dos Estados Unidos e outros países aliados. Mas a corrupção e a crise política impediam o progresso do país. Ainda com favoritismos e disputas entre o norte e o sul e uma política devastada, várias guerrilhas surgiam pelas cidades. O governo atual perdia cada vez mais o apoio e o controle das regiões somalis. Políticas de genocídio contra linhagens étnicas somadas ao término da Guerra Fria, fez o regime perder o apoio dos Estados Unidos. Rebeliões cresciam cada vez mais. Não havia mais saída. Em 1991 o governo cai, dando início a uma guerra civil. A guerra Civil Ainda no ano 1991, a região noroeste da Somália declarou independência, fundando a Somalilândia. Apesar de nenhum governo no mundo reconhecer a nação, ela era relativamente mais estável e pacífica que as demais áreas. No entanto a Somália se degradava cada vez mais, várias cidades estavam em ruínas e a fome dizimava a população. Em 1992 a ONU organiza forças de paz para garantir a entrega de ajuda humanitária no país. Mas várias milícias se voltaram contra a presença estrangeira no país. As tropas da ONU foram atacadas e as perdas humanas cresciam cada dia mais. Na batalha de Mogadiscío, um helicóptero Black Hawk americano é abatido e vários soldados mortos. Em 1995 a ONU retira as tropas do país enquanto outras regiões da Somália declaram independência. O país vivia uma espécie de anarquia. A fome e a morte eram presença constante em quase todo lugar. Nas cidades litorâneas, muitos ainda conseguiam tirar seu pouco sustento do mar. Sem muita perspectiva, esses pescadores se viram ameaçados pela presença de navios pesqueiros de outros países que praticavam a pesca ilegal na região. Muitos diziam que a presença estrangeira nos mares somalis estava acabando com a pesca. Começavam a surgir, então, os primeiros piratas somalis. Piratas Somalis Inicialmente o objetivo dos ditos piratas era claro: retomar o controle dos mares somalisantes que milicianos ou estrangeiros o fizessem. Mas a pirataria cessou temporariamente quando em 2006a União das Cortes Islâmicassubiu ao poder. A União das Cortes Islâmicas gradativamente conquistava o controle de mais e mais áreas da Somália. Investiu contra a Somalilândia e outros estados auto-proclamados que contavam com a Etiópia como aliada. Eclodiu então em 2006 mais uma guerra que acabou coma derrota da União das Cortes Islâmicas. Apesar de mostrar um relativo progresso, a Somália ainda vive a instabilidade, a pobreza e a guerrilha através das facções criadas a partir da derrota da União das Cortes Islâmicas. A pirataria também logo voltou e, dessa vez, com força total. O que antes eram só pescadores numa suposta forma de proteger o seu sustento, agora era uma atividade gananciosa que contava também com o apoio e patrocínio de chefes militares. A pirataria somali consiste basicamente no sequestro de navios cargueiros, e as empresas, por precisarem liberar rapidamente as valiosas cargas sempre pagam os resgates. Mas o prejuízo fica cada dia maior, o que fez com que navios militares e de empresas privadas de segurança rondassem em forte presença os mares somalis, ajudando a diminuir drasticamente os sequestros que, contudo, ainda ocorrem. Capitão Phillips 8 de Abril de 2009 O navio cargueiro Maersk Alabama navegava a sudeste da cidade portuária de Eyl, com uma tripulação de 20 pessoas sob o comando do Capitão Richard Phillips. O radar então alerta a presença de uma embarcação se aproximando em alta velocidade. Naquela região, qualquer sinal no radar é um alerta vermelho e a tripulação se preparou para o pior. Uma embarcação de piratas somalis logo se emparelhou com o navio e tentaram subir sob forte pressão, já que o piloto do Maersk Alabama começou a virar o leme de um lado para o outro, o que acabou por afundar a pequena embarcação pirata. Mas já era tarde demais. Os piratas já estavam a bordo… O resto da história vocês acompanham nos cinemas, com o filme Capitão Phillips. Posfácio A Somália é hoje o que restou de toda guerra, usurpação religiosa, cultural e material. Apesar de estar gradativamente se reerguendo, é uma país pobre, em ruínas. Ruínas que contam uma história milenar. De riqueza e de pobreza, de alegria e sofrimento, mas acima de tudo, contam uma terrível história sobre nós, humanos. #africa #Guerra #História #Primeiratemporada

  • Piratas

    Conheça a história dos criminosos do mar. Esse episódio faz parte dos fantásticos podcasts mais antigos do Escriba Cafe que, por questões de direitos autorais, não estão disponíveis para download nem pelo feed, Spotify, etc, (nem mesmo pelo player fixo no site) sendo possível ouví-los somente pelo player no respectivo post. FICHA TÉCNICA Roteiro, produção e narração: Christian Gurtner BIBLIOGRAFIA VARIOUS. Storie Di Pirati E Corsari. 1.ed. Milan: Arnoldo Mondadori Editori, 1977 WILCZYNSKI, K. History of Piracy. Disponível em: < http://www.piratesinfo.com/History_of_Piracy.asp >. Acesso em: 10/05/2012 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio Ataque francês Naquela noite o mar estava calmo e silencioso. O comandante de uma das caravelas do comboio espanhol observava calmamente o oceano. Tinham zarpado da costa americana havia pouco tempo e estavam fazendo um importante transporte de riquezas para a Espanha. Ele viu um vulto surgir no horizonte, antes que pudesse entender do que se tratava, tiros de canhões vinham dos vultos que agora se mostravam embarcações, várias delas. O alarme soou e o comandante espanhol deu a ordem para se prepararem para o ataque. A batalha não durou muito. Os espanhóis se viram no meio de um cerco, e foram obrigados a se render. Duas caravelas foram tomadas diante dos gritos de vitória dos piratas. Antigos piratas A pirataria é o mar. Desde que o homem começou a navegar, os piratas já roubavam, pilhavam, matavam e sequestravam. Em 2700 a.C. Os egípcios viram-se diante de um inimigo quase invisível. Eram os “povos do mar”. Piratas aqueus, teucros, filisteus, siculos e sardos já infestavam os mares, roubavam, pilhavam cidades e desapareciam. O Egito reagiu imediatamente à essa ameaça e rapidamente os egípcios tornaram-se marinheiros de carreira. O faraó Sahur faz uma batida pela costa da síria e arrasa as cidades e embarcações piratas, trazendo de volta riquezas e escravos. Passam-se mil anos até que os “povos do mar” fazem uma nova investida. Dessa vez não só pelo mar, mas também por terra. O então faraó Ramsés III consegue, com sucesso, derrotar os inimigos. Com os ataques piratas, o Egito conseguiu evoluir muito na navegação. Desenvolveu embarcações melhores, mais rápidas e o povo adquiriu mais experiência no mar do que nunca antes. Não só os egípcios, mas também os gregos e fenícios já sofriam com ataques piratas e também praticavam a pirataria. Contudo, os piratas fenícios foram mais além. Fizeram suas investidas não só pela sua região, mas por vários mares. Os fenícios são famosos na história por sua grande capacidade náutica. Viajaram por quase todo o mundo em seus barcos, desbravando os mares e continentes mais de 2000 anos antes de Vasco da Gama. Era uma época em que a pirataria estava estritamente ligada a navegação. Um pirata era um marinheiro… ou um mercador e vice-versa. Toda civilização que teve acesso ao mar, praticou a pirataria de uma forma ou de outra. O sequestro de Julius Caesar Anno 75 A.C. Um barco pirata intercepta uma outra embarcação no mediterrâneo que navegava para Rodes e seus tripulantes são sequestrados. Contudo, para o azar dos piratas, um dos sequestrados, um jovem de 26 anos, era ninguém menos que Julio Cesar. Nessa época os piratas tinham infestado o mediterrâneo, causando prejuízo e muita dor de cabeça para os romanos. Nesses tempos, o sequestro era a forma mais lucrativa para os piratas, principalmente se tratando de reféns nobres. O líder dos piratas ameaçou crucificar César, e disse que iria pedir 20 talentos pelo seu resgate, o que era uma quantia bem alta para a época. Acontece então algo inusitado. César dá uma gargalhada diz para o pirata que que ele não tinha a menor idéia de quem tinham sequestrado, e disse que iria pagar 50 talentos e também iria crucificar todos os piratas. Os sequestradores acharam graça daquilo. Nos dias que se passaram, enquanto aguardava a chegada do dinheiro, César jogou com seus sequestradores, leu seus poemas para eles e em pouco tempo já parecia o líder da quadrilha, já que, quando queria dormir ordenava que todos se calassem e os chamava de selvagens quando eles não apreciavam seus escritos. Com o pagamento do resgate, César foi libertado. Mas assim que pisou em terra, reuniu soldados e uma frota para ir atrás dos piratas. Tomou tudo dos criminosos e, assim como havia prometido, crucificou todos. Mais piratas Piratas não eram um império ou reinado específico. Por mais que se dizimassem piratas e suas terras natais, como várias civilizações tentaram fazer para evitar mais pilhagens, a pirataria nunca acabaria. Enquanto houvessem embarcações, marinheiros e riquezas pelo mar, haveriam piratas. E quanto mais as civilizações evoluíssem, mas evoluiriam os criminosos do mar. Mas vez ou outra surgiam nações de piratas, e nesse caso o terror era muito maior, pois não se tratavam de criminosos solitários espalhados pelos mares, e sim hordas de piratas focadas na conquista. E foi uma dessas civilizações que sacudiu a Europa no final do primeiro milênio. Os Vikings “A furore Normannorum libera nos Domine” — Clamavam os cristãos nas igrejas francesas, que em português significa: Livra-nos da fúria dos homens do norte, ó senhor. Referindo-se a uma das civilizações piratas mais temidas da história: os Vikings. De alta estatura e cobertos de malha de ferro, peles de urso e elmos com chifres, os vikings aterrorizaram a Europa. Grandes navegadores e ferozes guerreiros, pilharam, roubaram e conquistaram cidades por mais de cinco séculos, fundando reinos por toda a parte. Não só a saga Viking mas também sua mitologia se eternizaram na história, com deuses como Odin e Thor, o temido Ragnarok, o apocalipse da mitologia nórdica e as Valkírias. Contudo, após séculos pilhando e conquistando, os Vikings foram, aos poucos, se assimilando aos seus conquistados, se convertendo ao cristianismo e se acomodando em suas terras, até que, enfim, por volta do século XII, numa grande troca de papéis, tinham se tornado os mais ferozes caçadores de piratas, o que gerou grande segurança para o comércio marítimo europeu. Cruzada Pirata Já no oriente a maior parte da pirataria era movida em nome de Alá. Os ataques, eram, na maioria das vezes, ideológicos ou recíprocos, como vingança pelas investidas cristãs. Os muçulmanos pilharam e conquistaram diversas cidades pela Europa, mas também efrentaram a pirataria entre si. Durante as cruzadas, a pirataria tornou-se um ótimo negócio. Embarcações de salteadores espreitavam pelos mares, saqueando qualquer embarcação de qualquer nacionalidade. Uma das maiores incertezas da época era se um navio, seja no ocidente ou no oriente, conseguiria chegar ao seu destino. Começavam a surgir, por todo o mundo, os verdadeiros piratas. Sem bandeiras, ou melhor, sem representarem uma civilização, os piratas estavam tomando sua forma mais conhecida por definição: criminosos que roubam, sequestram e pilham simplesmente para obter riquezas, não se importando com política, guerras ou crenças religiosas. Qualquer navio, de qualquer nação era uma vítima em potencial. Irmãos das Vitualhas Anno de 1241 Várias cidades mercantes européias se unem para se defender contra a pirataria, lançando uma grande caça aos criminosos do mar. Contudo, com o passar dos anos, era grande o número de coligados que simplesmente se corrompiam ao se ver cara a cara com as riquezas conquistadas pelos piratas e acabavam se tornando eles mesmos saqueadores. Dentre esses, surgiram os Irmão das Vitualhas, cujo um dos lemas era “amigos de deus e inimigos do mundo”, uma fraternidade pirata que dominou o Báltico e o mar do norte. A rainha Margarida da Suécia e Ricardo II da Inglaterra enviaram expedições para caçar os piratas da fraternidade. Não obtiveram sucesso. A riqueza acumulada pelos Irmãos das Vitualhas os deixavam cada vez mais poderosos. O terror da fraternidade só teve fim quando seu último grande chefe, o pirata alemão Klaus Störtebeker, foi capturado em 1402. Tentou oferecer ouro sem limites para os juízes, mas esses não se corromperam e ele foi decapitado em uma praça de Hamburg. Com tantos piratas, começava a surgir entre os carrascos concursos funestos, como o de quem conseguia cortar mais cabeças de piratas num dia. Um dos vencedores fora um homem chamado Adelarig, que decapitou aproximadamente 80 piratas numa só sessão. Defesa A pirataria havia se tornado uma questão grave. Não só os navios eram alvo dos bandidos, mas também as cidades, que eram bombardeadas e saqueadas sem piedade. Começaram a surgir estratégias defensivas. As principais cidades costeiras construíram torres de observação que, através de fogo e galerias subterrâneas enviavam sinais ou mensagens sobre avistamentos de navios piratas. Era um sistema que permitia que a população tivesse tempo de fugir. Mas isso não era mais o bastante. Algumas cidades possuíam riqueza demais para deixar a mercê dos piratas, e fortalezas foram construídas. Assim, não só podiam soar o alerta de piratas, como também bombardear os navios que se aproximassem. As américas reluzem Enquanto os piratas encontram cada vez mais dificuldades para agir na Europa, um outro lugar do planeta começa a brilhar como ouro para os criminosos. Com as recentes descobertas das Américas e suas colonizações, ouro e especiarias eram comercializados por terra e, principalmente por mar, no seu caminho de volta para a Europa. Não só piratas, mas também corsários começaram a agir na região. Um corsário era uma espécie de pirata contratado pelo rei de algum país para agir em seu interesse, interceptando navios de nações inimigas, mas sem representar um ataque oficial. Os corsários interceptavam e pilhavam navios de outras nações ou até mesmo outros navios piratas. Eram uma espécie de piratas legalizados que não agiam oficialmente em nome de um rei, mas com a benção do mesmo. A América Latina se tornara fonte de riqueza de Portugal e Espanha. A França manteve um olho fixo ali. O Corsário francês Anno de 1522 O corsário francês Jean Ango, organizou uma frota de oito navios sob o comando de Jean Fleury e aguardava pacientemente nos arredores da América espanhola o retorno de um comboio de navios espanhóis, que zarpou da América carregando mercadorias de volta para a Espanha. Quando avistaram os navios espanhóis, os corsários franceses conseguiram armar um grande cerco e interceptaram os navios, atacando e conquistando duas caravelas espanholas. Ao irem averiguar seus ganhos, perceberam que tinham dado sorte grande. Os corsários descobriram que tinham tomado caravelas que carregavam algo muito maior que simples ouro ou especiarias. Ali estava o famoso tesouro de Montezuma e de vários outros imperadores astecas. Os corsários franceses começaram a tomar conta do Atlântico e navios mercantes Ibéricos precisavam ser escoltados por navios de guerra, diminuindo assim os ataques. A Inglaterra entra no mercado Percebendo sua capacidade marítima, Elizabeth I, rainha da Inglaterra, decide que era hora de transformar sua nação na maior potência naval do planeta. Mas a marinha espanhola seria difícil de bater. Inglaterra e Espanha mantinham muitas desavenças, e talvez seria esse um dos motivos da preocupação de Elizabeth em liderar os mares, já que a ameaça naval espanhola era grande. A rainha solta nos mares, então, seus primeiros corsários. Sua principal missão era pilhar navios espanhóis, transformando os ataques piratas quase numa guerra corsária. As embaixadas da Inglaterra começaram a receber inúmeras reclamações de comandantes Ibéricos. Para evitar problemas próximos, Elizabeth Tudor dá carta branca para seus corsários agirem, mas bem longe dali: nas colônias espanholas na América, já que o Tratado de Tordesilhas havia afrontado a rainha. Os navios ingleses começaram a atacar os carregamentos espanhóis saindo de suas colônias americanas. Dentre toda mercadoria saqueada, os escravos eram muito apreciados, pois geravam muito lucro e eram negociados facilmente. Em meio a essa guerra de piratas, se destaca um corsário, que teria seu nome estampado na derrota Espanhola: Francis Drake Francis Drake Francis Drake não tinha completado 25 anos quando se tornou comandante de um velho navio. Não demorou muito, já tinha juntado riquezas o suficiente para montar sua própria esquadra. No ano de 1572 ele ataca dois portos espanhóis no estrangeiro, algo que desejava há muito tempo: Panamá e Portobelo. Leva o carregamento da pilhagem como presente para a rainha Elizabeth, e consegue ser recebido por ela. Admirada com aquele grande comandante, a rainha lhe dá uma missão secreta: combater os espanhóis no Peru e no Chile. O corsário inicia a viagem com sua frota, mas logo na travessia do pacífico, perde todos os seus navios, com exceção do Golden Hind. Mesmo assim ele continua a viagem. Promove vários ataques na costa americana e rapidamente consegue mais riquezas e navios. Após 3 anos regressa para a Inglaterra, onde é recebido com honras pela rainha. Enquanto isso, na Espanha, o rei Filipe II prepara a maior frota já vista na época. 130 navios e mais de 30.000 homens se preparam para, em breve navegar para a Inglaterra. A frota era tão impressionante, que ficou conhecida como a Invencível Armada. Elizabeth, confia a Drake a missão de combater a armada de Filipe. A Invencível Armada Anno de 1588 A Invencível Armada chega à costa da Inglaterra. Era o momento de resolver os entraves entre a Inglaterra e a Espanha. Qualquer soberano sentiria calafrios ao vislumbrar os 130 navios inimigos com canhões apontados para sua cidade. Mas Elizabeth estava contente com a chegada dos Espanhóis. Tudo como planejado. Entra em cena Francis Drake com uma frota de pouco mais de 90 navios. Apesar de estar em menor número, ele contava com uma grande estratégia. Canhões são disparados sem parar, Drake faz com que a Invencível Armada se separe em várias formações. Era uma velha tática pirata que pareceu se impor sobre a militar. Os navios agora se enfrentavam um contra um, e a vantagem numérica dos Espanhóis não valia mais nada. Para piorar, uma tempestade levou vários navios da Armada em Calais. Os Espanhóis batem em retirada e retornam para a Espanha com menos da metade de seus navios. A Fraternidade da Costa Século XVII Desertores, fugitivos e renegados de quase todas as nacionalidades concentram-se numa pequena população nas ilhas Hispaniola e Tortuga. Caçavam, plantavam e desenvolveram ali a arte de defumar carne através dos boucans. Devido aos boucans, esses homens ficaram conhecidos como bucaneiros, homens que eram aceitos vindos de qualquer lugar, menos da Espanha, e que, além de tudo, ainda tiravam proveito da pirataria contra os espanhóis, que acabaram os expulsando da Hispaniola. Tortuga, assim, ficou conhecida como uma ilha pirata. E os bucaneiros e corsários de Tortuga, se organizaram na Fraternidade da Costa. A vida na ilha era uma grande definição da palavra fraternidade. Comia-se e bebia-se sem problemas, tudo era repartido, inclusive os saques. Regras deviam ser seguidas fielmente e a disciplina era implantada como crucial para a sobrevivência da fraternidade. Para os saques, haviam regras mais que especiais. Qualquer pirata fraterno que trouxesse uma bandeira de navio espanhol, era premiado com 50 piastras. Os saques eram repartidos irmamente e havia, até mesmo, indenizações para os feridos nos ataques. Quem perdesse o braço direito, por exemplo, recebia 600 piastras de indenização. Para o braço esquerdo, eram 500 piastras. Qualquer uma das pernas eram indenizadas em 400 piastras. Olhos e dedos recebiam 100 piastras, cada. O mais interessante é que, convertendo esses valores para a economia dos dias de hoje, é mais ou menos o mesmo valor pago por companhias de seguro para operários feridos no trabalho. Respeitando as regras da fraternidade, para todo o resto os fraternos eram livres para fazer o que quiser, o que tornava essa estranha sociedade numa mistura de anarquia e organização. Não era muito incomum alguns piratas da ilha serem contratados extra-oficialmente por reis europeus como corsários. A Fraternidade da Costa prosperou até o início do século XVIII. Os Piratas do Caribe Anno de 1668 A Jamaica torna-se alvo dos espanhóis, que tentam tomá-la dos ingleses. Os britânicos revidam o ataque contratando os melhores piratas. Liderados por um pirata chamado Henry Morgan, 10 navios corsários devastam e saqueiam os domínios e navios espanhóis no Caribe, começando por Porto Príncipe em Cuba, seguindo para Porto Belo e em seguida o continente. Nada conseguia frear Morgan e seus piratas, até que, finalmente, não só saqueiam como conquistam o, até então intocável, Panamá. Henry Morgan é nomeado governador da Jamaica e, com apenas 50 anos se aposenta da pirataria, vivendo de riqueza e luxo através dos seus saques como um dos ingleses mais respeitáveis da época até sua morte, por causas naturais em 1688. No final do século XVII, a pirataria como era conhecida naqueles anos, estava no fim. A luta dos europeus pelos domínios americanos havia se cessado e cada um já estava satisfeito com seus ganhos. A pirataria passou então a ser, não só inútil, como prejudicial, sendo mal vista pelos governantes, que reservaram a forca para todos os piratas que capturavam. Mas com o fim da pirataria política e até legalizada, vários piratas não se deram por vencidos. Muitos se refugiaram em Madascar e deram início a mais famosa definição de piratas que temos hoje. Lobos solitários em seus navios, ostentando dessa vez não bandeiras de nações, mas sim bandeiras da morte, pretas com caveiras brancas, que ficaram conhecidas como Jolly Rogers. Era o fim da pirataria política e o começo dos piratas que agiam por conta própria, se aventurando pelos mares e enfrentando sozinhos os navios da coroa. Devido ao grande movimento de riquezas e o número de ilhas no Caribe, a região tornou-se palco de vários piratas famosos. Atacando os carregamentos britânicos na costa da Carolina do Sul, surgiu o primeiro grande pirata Jolly Roger: Edward Teach, o famoso Barba Negra. Os ataques do Barba Negra em seu navio Revanche, causaram grande pânico entre os navegantes. Conta-se que ele acendia pavios sob seu chapéu durante os ataques, dando a impressão de que sua cabeça estava em chamas. Barba-Negra também negociou com políticos corruptos das colônias, conseguindo assim comprar terras e juntar riquezas. Com urgência de por fim aos ataques do pirata, o governador da Virgínia coloca exclusivamente no encalço do Barba Negra um oficial chamado Robert Maynard. Maynard encontra Barba Negra e ataca seu navio. Os navios são emparelhados e a violenta batalha homem a homem começa, com lutas de espadas, tiros e berros de todos os lados no navio Revanche, mas o pirata estava em menor número, e o final dificilmente seria outro. Foram precisos mais de 25 ferimentos de espadas e balas para que Barba-Negra finalmente tombasse. O último golpe foi do próprio Robert Maynard. A cabeça do pirata foi pendurada no mastro do Revanche, que foi levado até a Virgínia. Imagens como essa não eram raras. Várias cidades portuárias deixavam como símbolo de entrada pelo mar, um ou vários piratas mortos e pendurados, como um aviso para o destino que esse tipo de criminoso teria. Esse também foi o fim de William Kidd, cuja história está envolta de mistério. Vindo de uma família inglesa rica e respeitada, fora contratado como comandante de uma frota para caçar piratas. Conta-se que após algum tempo no mar, Kidd envolvesse numa briga com canhoneiro e, num momento impensado, quebra-lhe a cabeça com um balde. Sentindo-se um criminoso por aquele ato, abandona a frota e toma o comando de um dos navios confiscados, tornando-se, ele mesmo, um pirata. A fama de Kidd percorre os mares, vários piratas o apóiam e ele passa a ser conhecido como Capitão Kidd. Ele ataca e pilha vários navios europeus, porém, nunca os ingleses, esperando que, assim, não fosse visto como criminoso pelo seu país. No entanto, ao voltar para Inglaterra, é preso, julgado e condenado a morte. Essa é a história contada, mas a biografia do Capitão Kidd é repleta de mistérios e contradições, o que acaba nos levando a conspirações reais, a uma história distorcida sobre o mesmo e quem sabe, até a um novo podcast? Os Jolly Rogers fecharam com chave de ouro a época romântica da pirataria, época em que, no imaginário das pessoas, é vista como a de homens aventureiros e corajosos que, apesar de praticarem crimes, navegavam pelos mares de forma até mesmo poética. Mas a pirataria não acaba aí. Até os dias de hoje ainda somos bombardeados com notícias de piratas pelos mares. Seja como ladrões de Iates ou esfomeados pescadores somalis que sequestram cargueiros, os piratas continuam a navegar pelos oceanos, mesmo se assemelhando em nada aos famosos piratas do caribe. #Primeiratemporada

  • Guerra do Vietnam

    Conheça a guerra que marcou os Estados Unidos. Esse episódio faz parte dos fantásticos podcasts mais antigos do Escriba Cafe que, por questões de direitos autorais, não estão disponíveis para download nem pelo feed, Spotify, etc, (nem mesmo pelo player fixo no site) sendo possível ouví-los somente pelo player no respectivo post. TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio Good morning, Vietnam. Hey, this is not a test, it’s rock’n roll… Aqui vai mais um programa para alegrar vocês neste 8 de junho de 1972… ano difícil, hein. Vocês soldados americanos aí no front que me ouvem devem estar já cabisbaixos vendo seus colegas voltarem para a América. Será que a guerra acabou? Só restaram alguns gatos pingados de vocês por aí. Se vocês soubessem a bagunça de protestos pacifistas e jogos políticos que estão acontecendo agora nos Estados Unidos e no mundo, já tinham largado seus rifles e ido fumar maconha em Saigon. Mas não vou contar nada porque minha função aqui é deixar vocês animados e com a moral alta para metralharem os vietcongues mesmo sem saber o que está acontecendo por trás dos bastidores. Falando em vietcongues, temos notícias ao vivo em primeira mão com nossa enviada especial que está nesse momento na vilarejo de Trang Bang: “Aqui em Trang Bang parece não haver nenhum vietcongue, mas está acontecendo um ataque aéreo com bombas napalm. Dá para ouvir também tiros de metralhadora, mas parecem ser dos soldados aliados. Tem vários civis morrendo e um monte de crianças queimadas pelo napalm fugindo pela estrada. Tem uma menininha sem roupas e a pele se soltando das costas que está correndo junto com seus irmãos tentando encontrar socorro. Não dá para saber se esse ataque é americano ou dos aliados sul vietnamitas… Parece que mais aviões estão vindo.. Estão soltando mais bombas com napalm…” Perdemos a transmissão e parece que perdemos a repórter também. Já é a décima só nessa guerra. Na próxima talvez precisemos de umas 20 repórteres reserva. E vocês aí, soldados que me ouvem, não devem saber nem o motivo dessa guerra que estão perdendo… É claro que estão mandando muito bem nas batalhas e vencendo quase todas… perder uma guerra assim é estranho… então fiquem sintonizados que logo após o rock, saberemos mais sobre o porquê dessa guerra. Let’s Rock! A Guerra Fria Depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética se sobressaem como as duas potências mundiais. Contudo as duas nações possuíam ideologias e regimes completamente diferentes: os Estados Unidos acreditavam que o capitalismo era a melhor representação da democracia e liberdade, enquanto a União Soviética vivia um regime socialista. Rapidamente o mundo se dividiu. As Américas e a Europa Ocidental contra o leste europeu e boa parte da Ásia. Os Estados Unidos e a União soviética iniciaram uma corrida armamentista. O objetivo era demonstrar a superioridade e intimidar o inimigo. A luta contra o comunismo tornou-se quase neurótica, principalmente nos Estados Unidos, já que o regime era considerado o fim da democracia e da liberdade. Cada vez mais pequenos países caíam sob o domínio comunista. Nenhum dos lados poderia criar brechas ou revelar-se inferior, pois isso certamente teria consequências graves. O desenvolvimento tecnológico e militar não podia parar de forma alguma. Novas descobertas nesse âmbito deviam ser mantidas secretas, pois espiões estavam infiltrados por todos os lados e poderiam roubar a tecnologia. Muitas supostas naves alienígenas foram avistadas nessa época. Uma guerra direta entre as potências jamais ocorreu, mas jogos de espionagem e apoio a países aliados em guerra eram frequentes. Essa foi a Guerra Fria. Ho Chi Minh 2 de setembro de 1945 Desde 1885, o Vietnam fora colonizado pela França. Durante a Segunda Guerra Mundial, fora invadido e tomado pelos japoneses. No entanto, junto com o fim da Segunda Guerra, o líder comunista Ho Chi Minh toma Hanói, capital do norte, expulsando os japoneses e proclamando a independência do Vietnam. Os franceses não aceitaram a independência e, rapidamente, enviaram tropas para reconquistar todo o norte do Vietnam. Em 1954 os franceses são derrotados. Um acordo feito em Genebra entre os vietnamitas e os franceses, divide o Vietnam em duas partes, ficando o norte sob o governo comunista de Ho Chi Minh e o sul sobre a monarquia de Bao Dai, aliado francês, sendo que em 1956 haveria uma eleição para unificar o país. Quebra de acordo Os Estados Unidos se recusaram a assinar o acordo entre a França e o Vietnam, pois sabiam que os comunistas conseguiriam a maioria nas eleições, e temiam que isso causasse um efeito dominó, fazendo com que os comunistas dominassem boa parte da região. Por esse motivo que os americanos apoiaram o Vietnam do Sul quando cancelaram as eleições de 1956 e declararam a independência, criando um governo ditatorial, cujo poder ficou na mão de um líder católico chamado Ngo Dinh Diem. O Vietnam do Norte reagiu e ordenou que células comunistas presentes no Sul, iniciassem uma campanha armada, promovendo atentados, sequestros e assassinatos. Os Estados Unidos enviaram armas, dinheiro e instrutores militares para o Vietnam do Sul, pois a vitória de Ho Chi Minh seria certa sem a ajuda americana. Os comunistas precisavam ser exterminados do Vietnam do Sul. Contudo, os problemas em Saigon cresciam. A população já estava revoltada com a repressão e também a perseguição aos budistas, promovida pelo irmão do ditador. Aproveitando a impopularidade do governo de Ngo Dinh Diem, o Vietnam do Norte cria a Frente de Libertação Nacional, um grupo militar que passou a ser conhecido como Vietcong para combater a ditadura no Sul e dominar o país. Os EUA entram em cena Em 1960, Kennedy é eleito presidente dos Estados Unidos. Apesar de focar seu governo externo em questões que achava mais importantes, como a Baía dos Porcos e a União Soviética, não demora muito coloca seus olhos sobre o Vietnam, principalmente depois do fracasso da invasão de Cuba e a construção do muro de Berlim. Ficou claro que não poderia aceitar mais uma vitória comunista, o Vietnam do Norte precisava ser detido. Ficou claro para os EUA que o principal problema de Saigon era o governo de Ngo Dinh Diem: opressor, corrupto e ineficiente contra os ataques vietcongues. Era preciso haver um golpe de estado no Vietnam do Sul. Os americanos enviaram mensagens aos militares conspiradores de que não se oporiam a qualquer ação que decidissem tomar contra o governo. Essa era uma mensagem clara de que os militares seriam apoiados num golpe contra Diem. Em 1963, Ngo Dinh Diem é deposto e executado junto com seu irmão. O país entra, então, numa era de instabilidade, onde os governos militares eram substituídos um atrás do outro. Hanói aproveitou o momento conturbado de Saigon e aumentou mais ainda o apoio aos Vietcongues. Kennedy enviou mais conselheiros militares para o Vietnam do Sul e introduziu os helicópteros nas batalhas. Em 22 de novembro de 1963 Kennedy é assassinado. Começa a guerra Lyndon Johnson assume a presidência dos Estados Unidos, e rapidamente daria um jeito de começar a guerra de verdade. Em 1964 o pentágono forjou um ataque do Vietnam do Norte a um de seus navios em águas internacionais. Conseguiu assim o apoio popular e do congresso americano para enviar soldados e armamento para o Vietnam, iniciando a guerra. Os conselheiros militares em Saigon foram logo substituídos por combatentes. Muitos combatentes. O primeiro estágio da guerra foi simples: durante três anos, os Estados Unidos bombardearam o Vietnam do Norte e locais estratégicos do sul usados pelo comunistas. Mais de um milhão de toneladas de bombas e mísseis caíram sobre o Vietnam do Norte, levando-o quase a idade da pedra. Mas, incrivelmente, os bombardeios não foram suficientes para sequer separar os vietcongues de seus patrocinadores do Norte. As operações em solo aumentaram. Apesar da experiência na selva de algumas tropas de elite americanas, a maioria dos soldados acabava por padecer em armadilhas arcaicas e enfrentava grande dificuldade de locomoção e combate nessas áreas. Mesmo vencendo a maioria das batalhas, os americanos não conseguiam derrotar definitivamente o inimigo, que era fortemente financiados pela União Soviética e a China. Mais e mais americanos eram mortos. Os inúmeros ataques terrestres eram auxiliados por intensos bombardeios. Os americanos passaram a usar também um tipo de explosivo chamado Napalm. Com fins incendiários o Napalm leva esse nome devido a junção de dois de seus componentes: os ácidos naftérnico e palmítico, que eram usados para transformar líquidos inflamáveis em gel, o que causava maior efeito de destruição devido a aderência às superfícies. Muito usado em bombas e lança-chamas, o Napalm foi devastador contra soldados e até civis, matando por queimaduras e também por asfixia, já que causava a queima total do oxigênio na área atacada. O uso de agente-laranja para devastar florestas e plantações também foi constante. A guerra tinha uma grande parcela psicológica. Americanos e Comunistas usaram a propaganda como arma para desmoralizar o inimigo e também conquistar a própria população e ganhar apoio da opinião pública. O governo Lyndon Johnson forjava e adulterava informações sobre a guerra para a mídia, para que o apoio popular continuasse forte. Mas depois de várias contradições e vazamentos, a população americana começou a desconfiar das informações do governo, que logo perdeu a credibilidade. Em 1967 um protesto contra a guerra aconteceu em frente ao Pentágono. Começava a surgir, então, o mais forte inimigo americano na Guerra do Vietnam: o próprio povo americano. A derrota vem de casa Em janeiro de 1968, os Estados Unidos receberam um terrível golpe: num ousado ataque surpresa, que ficou conhecido como Ofensiva Tet, o Vietnam do Norte, investiu contra mais de cem cidades do Vietnam do Sul, capturando várias e ocupando Saigon por algumas horas. As perdas do Vietnam do Norte foram gigantescas, mas o objetivo do ataque era puramente desmoralizar os americanos. E conseguiram. As forças armadas americanas se viram humilhadas, o mundo entendeu que a maior potência militar do globo não conseguia vencer a guerra. O presidente Lyndon Johnson viu sua popularidade cair para 36%. Também em 1968 Richard Nixon é eleito presidente dos Estados Unidos, ele pregava a vietnamização da guerra, ou seja, deixar que o próprio exército do Vietnam do Sul, com apoio americano, continuasse a guerra, trazendo os mais de 500.000 soldados americanos de volta. Mas isso se revelou difícil, já que, em várias operações, o exército sul-vietnamita, mostrou-se incapaz de combater e vencer os vietcongues sozinhos. Good Morning, Vietnam. Hoje vocês acompanham ao vivo a mais uma disputa emocionante entre os Estados Unidos e o Vietnam do Norte. Nessa decisão importantíssima parece que os titulares ficarão de fora… no campo entraram só os reservas sul vietnamitas para a batalha. ÉSaigon versus Hanói! Super batalha. E começa a partida… Saigon começa a se movimentar… estão equipados com armas e veículos americanos. São muitos, são milhares. Correm para a fronteira. Se preparam, passam pela fronteira e atacam a trilha Ho Chi Minh no Laos… Pode isso? -A regra é clara, o Laos tinha um acordo de neutralidade, mas parece que os dois lados violaram o acordo, e se o juiz deixou prosseguir, vamos lá. Apesar de ilegal a estratégia é boa, cortando a trilha Ho Chi Minh os vietcongues perderão sua principal via de abastecimento do Norte. Saigon avança mais, vai com tudo e Hanói aparece para salvar… inicia o contra-ataque, são muitos também, pressionam, Saigon recua, a resistência é forte, morre gente pra cara… e Saigon foge desesperada… e gente tropeçando e caindo… parece que o combustível está acabando, eles abandonam os caminhões e tanques pela estrada e voltam correndo a pé… correm para os helicópteros para fugirem, tem gente até se agarrando nas sapatas das aeronaves para não ficar pra trás… vào embora derrotados… vem aviões americanos e destróem os veículos aliados que ficaram pra trás para não caírem nas mãos do inimigo… e acaba a partida.. Que vexame, que vexame…. A população americana se revoltava cada vez mais. Nixon tentou fazer com que a maioria silenciosa da população, a favor da guerra, apoiasse publicamente a sua política. Mas essa maioria deixou de existir quando notícias sobre incontáveis mortes de civis, inclusive crianças, e estupros e outros abusos por parte dos soldados americanos chegaram aos ouvidos e olhos da população. Surgia então, nos Estados Unidos, a contra-cultura, conhecida também como movimento hippie. Cultuando o rock, protestando e indo contra tudo o que a sociedade americana pregava, o movimento hippie dominou universidades de todo o país. Músicas de protesto eram compostas e passeatas e discursos públicos aumentavam ainda mais a indignação do povo, levando a opinião pública a iniciar a derrota americana na guerra do vietnam. Vários jovens, pela primeira vez, negaram-se em massa a ir para guerra, fugindo para países vizinhos. Em 1969 o líder comunista Ho Chi Minh morre. No mesmo ano acontece o ápice da contra-cultura, com o festival de Woodstock. A volta para casa O total de americanos mortos ou feridos já passava da casa das centenas de milhares. Incessantes ataques vietcongues mostravam que tão cedo a guerra não iria acabar. Com a opinião pública massacrando a Casa Branca, parecia não haver mais como se obter a desejada “saída honrosa” da guerra. Mesmo vencendo a maioria das batalhas, os americanos estavam perdendo a guerra. No início dos anos 70 inicia-se a retirada lenta e gradual dos soldados americanos presentes no Vietnam. Em junho de 1972, um bombardeio com napalm feita por engano em uma aldeia civil chocou o mundo devido a célebre foto da menina nua e queimada correndo pela estrada fungindo da aldeia. Vários civis foram mortos. Não se sabe se o ataque foi feito por americanos ou os aliados vietnamitas do sul. Muitos pregam que ao menos a ordem do ataque veio de um general americano. Aquilo foi a gota d’água para a opinião pública. A retirada dos soldados americanos aumentou em quantidade e velocidade. Sem a presença do exército americano no Vietnam e o despreparo dos aliados vietnamitas, o Vietnam do Norte abandona suas táticas de guerrilha e concentra suas forças num ataque final. Os comunistas recuperaram as áreas perdidas e viram o desmoralizado exército sul Vietnamita se dissolver. Em 1975, os americanos retiraram o restante de seu pessoal de apoio, e em 30 de abril os comunistas tomam Saigon, rebatizando-a de Ho Chi Minh. Era o fim da guerra com a vitória do Vietnam do Norte. Consequências A guerra do Vietnam custou aos americanos mais de 47 mil mortos, 313 mil feridos e 200 bilhões de dólares. O total de vítimas da guerra passa de um milhão de mortos. O Vietnam estava arrasado. Seus rios e plantações foram envenenados pelo agente-laranja, deixando o solo improdutivo e suas cidades e aldeias destruídas. Com boa parte da população fugindo do regime comunista e os embargos internacionais, o Vietnam regrediu economicamente e passou por tempos difíceis. Apesar de manter seu território intacto, os Estados Unidos, sob um olhar político, foi o mais afetado: os militares foram humilhados, a presidência devastada e a CIA e o Pentágono duramente criticados. Os cidadãos nunca mais confiaram plenamente no governo. #Guerra #História #Primeiratemporada

  • UFO S.A.

    Você quer acreditar? Esse episódio faz parte dos fantásticos podcasts mais antigos do Escriba Cafe que, por questões de direitos autorais, não estão disponíveis para download nem pelo feed, Spotify, etc, (nem mesmo pelo player fixo no site) sendo possível ouví-los somente pelo player no respectivo post. FICHA TÉCNICA Roteiro, produção e narração: Christian Gurtner Participação especial: Kentaro Mori BIBLIOGRAFIA KOTTMEYER, M. The Saucer Error. Disponível em: < http://www.debunker.com/texts/SaucerError.html >. Acesso em: 10/04/2011 MORI, K. Ceticismo Aberto. Disponível em: < http://ceticismoaberto.com >. Acesso em: 01/04/2011 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio Aliens na Lua [Áudio Apollo 11] Isso foi a comunicação da Apollo 11 com a base em Houston, onde percebe-se que os astronautas, ao pisarem na Lua, encontraram algo inacreditável, mas foram logo cortados pelo comando da missão que ordenou que se trocasse de frequência e iniciassem a comunicação em código. A comunicação secreta entre Houston e Apollo 11 foi captada por radioamadores com antenas especiais e assim divulgada ao mundo. Essa gravação foi exibida por um documentário italiano e, desde então, percorreu os quatro cantos do mundo, sendo fortemente divulgada por revistas e outros meios de comunicação especializados em ufologia, tentando provar que a chegada do homem à Lua foi acompanhada por extra-terrestres. Com uma gravação dessas, não há o que discutir. Existem, sim, extra terrestres nos observando. A verdade vem sendo escondida de nós. E no final, a pura verdade, é que, talvez, todos nós sejamos aliens. Mas vivemos num pedra, chamada Terra, onde os poderosos querem todo o conhecimento, riqueza e poder. Contudo, talvez nem eles mesmos tenham acesso à toda verdade. “Somos somente visitantes nessa pedra. Arremessados pelo espaço a 66.000 milhas por hora. Presos numa esfera em chamas por uma força invisível e um universo insondável” A verdade está lá fora. Salyut-6 União Soviética, 29 de setembro de 1977 Élançada ao espaço a estação espacial Salyut-6, que proporcionou aos soviéticos a primeira missão de longa duração no espaço, permanecendo em órbita até 1982. Em 1978, a tripulação presente na estação avistou algo estranho. Uma suposta transcrição da conversa de um dos cosmonautas com o controle da missão, apresentada pela piloto soviética Marina Popovich, contém uma mensagem que o tripulante da estação Vladimir Kovalenok enviou ao controle da missão “Aqui está a informação para vocês pensarem. A direita, num ângulo de 30 graus, há um objeto voando sob nós. ” Em 1981, outro estranho avistamento foi feito pela nova tripulação da Salyut-6. O National Enquirer noticiou o fato, fazendo com que ufologistas do munto inteiro ficassem eufóricos. O artigo contou que o objeto voador não identificado acompanhou a órbita da estação por vários dias, e, vez ou outra fazia manobras impossíveis. Tratava-se de um objeto redondo, como uma bola, mais ou menos a forma que fora descrita pela tripulação de 1978. Depois de alguns dias, esse objeto se aproximou de forma que a tripulação conseguiu ver que havia pessoas dentro os observando. Pareciam um pouco com humanos. Os soviéticos, através das escotilhas, tentaram se comunicar por sinais e foram respondidos. Contudo, o fato mais impressionante, foi uma gravação entre um dos astronautas e o controle da missão. O cosmonauta estava olhando para a nave não identificada e seus estranhos tripulantes, quando entrou em contato com o controle da missão para falar o que estava vendo. Antes de chegar a resposta da base, ele recebeu uma mensagem, repetindo o que ele tinha dito, como se fosse uma forma de os alienígenas se comunicarem, já que não podiam entender nem falar russo. Houve uma grande reunião emergencial em Moscou para lidar com esse caso, que permaneceu abafado. Eu quero acreditar Para quem não quer investigar, basta a crença para que essa história se torne quase uma prova incontestável de várias teorias de conspiração. Mas para os que querem acreditar somente diante de provas, é preciso, primeiro, duvidar. Há muitos anos que temos acompanhado relatos e teorias fantásticas sobre OVNIs, alienígenas, conspirações, abduções e, até mesmo invasões extra-terrestres misturadas com conspirações Iluminatti para dominar o mundo. São tantas lendas e casos que testemunhas juram serem reais, que o seriado Arquivo X teve material de sobra para ficar anos no ar, inclusive muitos engodos rodam na internet usando imagens do próprio Arquivo-X como verídicas. Forma-se, assim, um círculo vicioso que fica cada vez mais recheado. Lendas alimentam a ficção que alimenta mais lendas. Com a internet, todos os engodos e mentiras, acabam circulando mais rápido e crescendo infinitamente. E muitos acabam acreditando. O que realmente aconteceu de tão estranho assim quando o homem chegou à Lua? O que significa aquela comunicação de rádio entre os astronautas da Apollo 11 e Houston? A resposta para as duas perguntas é só uma: nada! Um primeiro de abril cósmico Não é raro a ficção e alguns embustes serem interpretados como verdade pelos desatentos. Um bom exemplo foi o receio de alguns cidadão americanos ao ligarem o rádio e ouvirem a leitura de Guerra dos Mundos, em 1938 — alguns dizem que foi um pânico generalizado, mas há controvérsias. Um efeito parecido foi causado por um sério programa científico, chamado Science Report, que, em seu último episódio, fez um brincadeira de primeiro de abril com os telespectadores, exibindo a comunicação que ouvimos no início do podcast. O problema é que não se tratava de Aliens, a história fictícia relatava uma colônia instalada na Lua. Mesmo o programa de TV deixando claro que era uma brincadeira de primeiro de abril, muitos engoliram a história e alguns resolveram explorá-la. Um programa de TV italiano fez uma reportagem passando a notícia como verdadeira, e ainda uniu o áudio montado ao áudio original da comunicação da Apollo 11 para dar mais veracidade ao caso. O resultado disso, hoje, são milhares de websites e meios de comunicação duvidosos causando desinformação com essa falsa notícia. Auto-promoção através da mentira O caso da Salyut-6 não fica de fora. As fontes dessa lenda estão em tablóides sensacionalistas, como o National Enquirer, que noticiou no ocidente o suposto contato de segundo grau. Quem passou essa notícia ao tablóide foi um jornalista controverso que pregava ter contatos fortes e confiáveis no Kremlin. Mas e a gravação da conversa entre a Salyut-6 e o comando da missão, com interferência alien que ouvimos? Podemos explicar de várias formas, como por exemplo, feedback de áudio. Mas a melhor forma de explicar é que o áudio é uma fraude. Eu que fiz. Mas contextualizando esse embuste numa matéria que quer se passar por séria, muitos esquecem as centenas de explicações plausíveis e impressionam-se com o “fator alien”. Esse é o problema. Você quer acreditar? Então pense antes em duvidar, pois enquanto houver crentes, haverá pessoas tentando se auto-promover e até lucrar com a vontade de acreditar dos outros. E, tratando-se de OVNIs, o Brasil não fica pra trás. Quem explica é Kentaro Mori, editor do site Ceticismo Aberto [Áudio Kentaro Mori] O que realmente aconteceu? Mesmo assim, é bom deixar claro que não estamos livres de mistérios reais e ainda inexplicados. Os cosmonautas mencionados no caso da Salyut-6 desmentiram o suposto contato que fizeram com aliens, mas houve de fato um avistamento. Numa entrevista, Vladimir Kovalyonok, um dos astronautas que participaram da missão disse: “O caso de que você me pergunta aconteceu em 5 de maio de 1981, por volta das 6 horas da tarde, durante a missão Salyut. … Eu havia acabado de fazer exercícios de ginástica, quanto vi em minha frente, pela portinhola, um objeto que não podia explicar. O objeto tinha o tamanho de um dedo. Fiquei surpreso em ver que era um objeto em órbita. Éimpossível determinar o tamanho e distância de um objeto no espaço, por isso não posso dizer que tamanho de fato tinha. Savinikh se preparou para capturar uma foto dele, mas o OVNI subitamente explodiu. Apenas nuvens de fumaça sobraram. O objeto se dividiu em duas peças interligadas, lembrando um peso de ginástica”. As inúmeras lendas e histórias fraudulentas que também rondam a chegada do homem à Lua, também tem seu fundo de verdade. O astronauta Buzz Aldrin, confirma que eles avistaram um objeto não identificado enquanto estavam em órbita. Mas não podiam passar essa informação por rádio, pois milhares de americanos acompanhavam as transmissões e seria irresponsável criar pânico por algo incerto. A única coisa que fizeram foi perguntar a Houston onde se encontrava o S-IVB, o último estágio do foguete que havia se desacoplado dois dias antes. Com a resposta recebida, eliminaram a possibilidade de ser o foguete que estavam vendo, mas, mesmo assim, podia ser qualquer outra coisa. Até uma nave Alien? Por que não? Mas diante de tantas outras possibilidades, por que escolher essa antes das mais plausíveis? Muitas teorias, pouca evidência Vários casos de OVNIs ficaram famosos, destacando-se o de Roswell. [Áudio Kentaro Mori] Ilusão coletiva O termo Disco Voador não surgiu depois de um avistamento. Os avistamentos que surgiram depois do erro de um jornalista. Em 1947 um piloto chamado Kenneth Arnold, alegou ter visto um grupo de OVNIs sobre Mount Ranier a velocidades inimagináveis. Não tinham forma de disco, e sim lembravam uma gaivota. No entanto, o jornalista que o entrevistou, perguntou como os objetos voavam e Arnold respondeu que eles voavam de forma irregular, como quando se joga um disco sobre a água. Arnold não estava explicando a forma dos objetos, e sim como eles voavam. Mas o jornalista se enganou e passou a notícia para os Estados Unidos referindo-se a discos voadores. Pouco tempo depois, várias pessoas passaram a relatar avistamentos de discos voadores. Ou é uma inacreditável coincidência ou os aliens resolveram mudar todo seu conceito de engenharia aeroespacial e mudaram a forma de suas naves para não deixar o jornalista cair no erro. Ou será que a expressão “disco voador” ficou guardada no subconsciente dos mais impressionáveis? Nosso cérebro é programado diariamente com várias informações. Basta presenciarmos algo que não conseguimos explicar que logo nosso cérebro procura em seu catálogo de imagens, formas e lembranças algo para preencher aquilo. Éclaro que isso não elimina a possibilidade de naves extra terrestres estarem nos visitando, mas já dá uma pista de o porquê de existir tantos relatos de discos voadores. Até mesmo os mais céticos aceitam a idéia de civilizações extra-terrenas. Mas se estamos sendo visitados, por enquanto, depende só da crença. O mercado ufológico Do mesmo jeito que as igrejas e o comércio angariam fundos vendendo bíblias e outros artigos religiosos, muitos ufólogos com pouca metodologia científica faturam milhões de dólares todos os anos vendendo desinformação e boatos, seja em revistas, livros ou vídeos. Muitos casos de UFOs já desmistificados com provas, ainda são vendidos em meios de comunicação como verdade, e muitas pessoas gastam dinheiro com isso. Vários ufólogos mais sérios já afirmaram que, dentre os inúmeros relatos de avistamentos ou contatos com aliens, são muito raros aqueles que realmente podem ser classificados como “mistérios reais”, e que até hoje não existem provas sobre isso. Não há nada de errado em acreditar na existência de aliens ou até mesmo na possibilidade de que eles nos visitam. O que nos prejudica, no quesito pesquisa, é acreditar em qualquer caso que nos contam. Antes de acreditar, vamos pesquisar. Dentre vários pequenos relatos mais convincentes, os que as pessoas mais acreditaram e mais se popularizaram foram os mais absurdos. Se queremos levar o assunto a sério, primeiro vamos limpar o pouco a sujeira de nossas memórias conhecendo a linha do tempo da ufologia moderna com alguns os “acontecimentos” mais famosos, tirando todas as falsas provas e evidências e deixando somente a explicação neutra do que aconteceu: Caso 1–1947 — Cai um disco voador no deserto do Arizona, ficando conhecido como “Caso Roswell” Explicação: Não há nenhuma evidência de que foi uma nave alienígena que caiu no deserto. O que temos de mais palpável são algumas fotos publicadas em jornais da época que mostram pedaços do que parecia ser um balão meteorológico. Mais tarde o governo afirmou ser um mesmo um balão experimental secreto. Caso 2–1952 — Um americano, de nome George Adamski, é contactado por um alien, que tinha aparência humana, cabelos loiros e olhos azuis e disse ser de Vênus. O venusiano levou George para sua espaçonave, e este tirou várias fotos lá dentro, mas, quando saiu de lá, sua máquina foi confiscada pelos aliens e devolvida vários dias depois, onde só haviam fotos com estranhos sinais. George escreveu três livros com as revelações que os venusianos lhe passaram e também descrevendo suas viagens espaciais. Explicação: apesar de essa história ser absurda e ridícula, vamos nos conter na neutralidade: seja loucura, vontade de aparecer ou de ganhar de dinheiro, só temos a palavra de George Adamski sobre o caso. Éclaro que sua palavra perdeu o valor quando publicou algumas supostas fotos de discos voadores venusianos, que foram rapidamente provadas como fraude. Caso 3–1957 — Um brasileiro, chamado Antonio Villas Boas, afirma que foi abduzido por alienígenas e obrigado a fazer sexo com uma das tripulantes, que faz sinais indicando que vai levar o filho concebido para o espaço. Explicação: Não há nenhuma prova ou evidência da abdução, apenas a palavra de Antônio. E para piorar, o caso se tornou publico através de um jornalista do jornal O Cruzeiro, que já fora desmascarado em uma fraude envolvendo extra-terrestres. O que mais chega perto de uma evidência foram manchas que começaram a surgir pelo corpo de Villas Boas, e que muitos acreditam que o mesmo as causou — ou aproveitou o surgimento involuntário — para dar veracidade ao seu caso. Caso 4–1974 — Um casal crente é abduzido no Brasil. Faz contato com Karram, comandante da Frota Espacial e em seguida funda uma seita afirmando ter contatos constantes com Karram e serem seus representantes na Terra. Explicação: Sem comentários. Ah, e sem provas e evidências também. Caso 5–1975 — O suíço Billy Meyer consegue tirar várias fotos de discos voadores. Explicação: as fotos eram fraudes, uma delas, inclusive, ficou famosa no seriado Arquivo X, onde era usada em posteres com os dizeres “I Want To Believe”. São casos e mais casos. Muitos abduzidos ou fraudadores ganharam muito dinheiro com seus casos, outros só fama, e a maioria o anonimato. Dentre tanta loucura e mentira, o que poderíamos chamar de mistério real e intrigante? Caso Shag Harbor Shag Harbor, Canadá, 1967 Durante a noite, várias testemunhas viram luzes brilhantes no céu. As luzes começaram a piscar estranhamente e, em grande velocidade, desceram e mergulharam no mar. As luzes pareciam flutuar na água e se movimentar. Todos podiam ver aquilo. As pessoas acharam que estavam presenciando um acidente aéreo e logo ligaram para a polícia local. Contudo, o próprio delegado já tinha visto as luzes mergulharem e, naquele momento, já se dirigia para a orla. O centro de resgate foi contactado e então procuraram por informações sobre o tráfego aéreo, mas não havia nenhuma aeronave, civil ou militar desaparecida. O centro de resgate então enviou um relatório para as autoridades informando que um objeto de origem desconhecida havia atingido a água. Nos dias seguintes as águas da região foram vasculhadas por mergulhadores e embarcações com sonares, mas nada foi encontrado. Éclaro que, a partir daí, várias teorias de conspiração foram criadas, mas o caso se resume nisso, um intrigante mistério que merece mais pesquisa. Pois num caso como esse, tudo é possível: desde naves extra-terrestres até aviões militares inimigos ou experimentais. Mas o mistério continua. Casos mais sóbrios, como esse, existem por todo o mundo, alegrando os que acreditam em aliens na Terra e intrigando os pesquisadores. Mas devemos lembrar que, não ser identificado, não significa que seja alien. Pode ser que sim, pode ser que não. [Áudio Kentaro Mori] Eu quero acreditar Não pensem errado sobre o tom cético desse episódio: eu quero acreditar. Mas para acreditar, preciso de, pelos menos, mais evidências palpáveis. Não posso aceitar tantas mentiras, histórias distorcidas e absurdos que são vendidos como provas para os mais desatentos. Existem os que simplesmente acreditam e existem os que querem acreditar, mas precisam de mais dados. Talvez isso seja algo do ser humano, essa propensão a acreditar cegamente em algo. [Áudio Kentaro Mori] Eu também não acho que estejamos sós no universo. E, mesmo que as probabilidades sejam baixas, não descarto a possibilidade de sermos visitados um dia. E acharia isso muito interessante, mesmo que os visitantes viessem para guerrear, pois assim, talvez, os seres humanos deixariam de lado todas essas bobagens que os dividem hoje cultural e religiosamente e se uniriam em uma só nação com o mesmo objetivo. #Conspiração #História #Mistério #Primeiratemporada

  • Máfia

    Conheça um pouco a história da Cosanostra, a máfia italiana. Esse episódio faz parte dos fantásticos podcasts mais antigos do Escriba Cafe que, por questões de direitos autorais, não estão disponíveis para download nem pelo feed, Spotify, etc, (nem mesmo pelo player fixo no site) sendo possível ouví-los somente pelo player no respectivo post. FICHA TÉCNICA Roteiro, Produção e narração: Christian Gurtner Participação especial: Codinome Vito Andolini — do podcast Rosso Pomodoro BIBLIOGRAFIA LUPO, S. History of the Mafia. 1.ed. New York: Columbia University Press, 2009 THC. Origins of the Mafia. Disponível em: < http://www.history.com/topics/origins-of-the-mafia >. Acesso em: 01/02/2011 GRABIANOWSKI, E. Como funciona a máfia italiana. Disponível em: < http://pessoas.hsw.uol.com.br/mafia-italiana.htm >. Acesso em: 10/01/2011 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio Desde que criamos a sociedade e suas regras, houveram criminosos. Pois um criminoso se resume nisso: uma pessoa que não segue as regras da sociedade. Começamos, então, a separar essas regras e definir quais os crimes piores, como o assassinato. Durante toda sua história o ser humano matou uns aos outros. Matava pela honra, pela defesa, pelo raiva, pelo preconceito e até mesmo por motivo nenhum. De repente surge o dinheiro, e esse se tornou uma grande justificativa para matar. O crime chegava, então, num novo patamar. Em busca de dinheiro e poder, e muitas vezes somando isso à honra e a família, surgiu a máfia. A definição de máfia nos dias de hoje pode ser muito abrangente e até ambígua. No entanto, tudo tem um começo… tudo tem uma história. Muitos defendem que o conceito dessas organizações criminosas vem de muito tempo atrás, na idade média. Mas podemos pular algumas teorias e ir direto para o lugar onde se desenvolveu uma das maiores máfias da história: Sicília A Sicília sempre foi uma região banhada em sangue. Por estar estrategicamente no meio do caminho entre a Itália e o mediterrâneo, foi palco de diversas batalhas e sempre controlada por estrangeiros. Foi nesse cenário que os Sicilianos tornaram-se descrentes no Estado, e a família passou a ser o centro da vida siciliana. As disputas eram resolvidas ignorando-se as leis. Na verdade, tudo era resolvido de acordo com esse novo senso justiça, onde as famílias, vagarosamente, iam se tornando vários micro-governos nos quais, muitas vezes, seus membros não eram necessariamente parentes de sangue. Dessa forma, a palavra “família” passou a definir grupos regionais, que se uniam para se defender e também defender seus interesses. O termo “mafioso”, não era usado para definir um criminoso. A palavra vem de uma expressão arábica-siciliana, que era usada para definir alguém que protegia seus semelhantes da arrogância dos poderosos. O termo foi mais popularizado através de uma peça chamada “Mafiusi della Vicaria”, que significa “os heróis da penitenciária”, que conta a história de prisioneiros que tinham uma hierarquia própria. Foi assim que, no século XIX, com o sistema feudal já arruinado, a Sicília encontrava-se diante de uma terra onde não havia, de forma concreta, governo ou autoridades. O caos e a violência dominavam os habitantes da ilha. Aproveitando essa lacuna, alguns grupos de pequenos exércitos, se ergueram para extorquir dinheiro dos habitantes em troca de proteção. Esses grupos eram chamados de clans ou famílias. Surgia assim, a máfia siciliana. Chamados de capos, os cada vez mais poderosos chefes desses grupos de pequenos exércitos, começaram a ser vistos como líderes locais. Juntavam pequenas fortunas através dos tributos que recebiam dos habitantes de sua área. Quem se recusasse a pagar os tributos de “proteção”, na maioria das vezes era morto. O silêncio reinava entre os habitantes. Nem mesmo os familiares das vítimas dos mafiosos ousavam abrir a boca para as autoridades, e esse, talvez, era outro grande fator que fez o poder da máfia crescer mais ainda. As autoridades raramente, para não dizer nunca, eram procuradas pelos habitantes da ilha para qualquer coisa. Todos os assuntos eram resolvidos procurando-se o chefe da família mafiosa da região, desde pequenas disputas com vizinhos até casamentos. Se uma mulher solteira ficava grávida, o pai dela procurava o capo, e este procuraria o pai da criança, decidindo se haveria um casamento ou um funeral. A máfia estava enraizada na Sicília e não havia um ponto sequer do dia a dia em que não houvesse as mãos das famílias de mafiosos. Em 1861, com a recente unificação da Itália, a Sicília tornara-se uma província do país. Mas o governo ainda estava tentando se estabelecer e os Sicilianos viviam praticamente em outra forma de governo: o governo da Máfia. A violência e crimes constantes, não só da máfia mas, principalmente de outros pequenos criminosos, deixavam a situação na ilha completamente fora do controle italiano. Foi em 1870 que a polícia italiana chegou ao ponto de negociar com os mafiosos, pedindo que as famílias eliminassem os bandos criminosos que assolavam a ilha. Em troca, a polícia ofereceu fazer vista grossa para os negócios ilegais da máfia. Isso fez com que a máfia expandisse seus negócios e se enraizasse em diversos aspectos da sociedade siciliana. Os mafiosos, então, através de subornos, extorsões e tática do medo, tinham controle sobre a polícia local, os juízes e os políticos. A mão da máfia estava em todos os lugares. Não havia um negócio comercial em que a intermediação mafiosa não se fizesse presente. Até mesmo a igreja católica esteve envolvida com a máfia para proteger seus interesses. Éclaro que isso fez o poder das famílias mafiosas subirem como nunca. O que antes era somente uma cobrança de tributos para proteção, agora era um enorme negócio que envolvia toda a política e economia da ilha. Rituais secretos de iniciação eram comumente utilizados entre as famílias, focando basicamente na omerta, que era um antigo e tradicional código de conduta siciliano onde nunca se devia procurar as autoridades para resolver nenhum problema e muito menos cooperar com a justiça em investigações criminais. O omerta se baseava na antiga regra siciliana de que, se o governo não te ajuda nas pequenas coisas, para quê procurá-lo para todas as outras coisas? Quem quebrasse esse código, certamente morreria. Corpos na rua eram encontrados diariamente. Traidores ou pessoas que se negassem a pagar os tributos eram assassinados como exemplo. Pequenos ladrões e devedores cujos credores iam procurar os capos para resolver o problema, eram também mortos e seus corpos deixados na rua ou onde quer que fosse. Para muitos, a vida na Sicília passara a ser insuportável, fazendo com que milhares largassem tudo para recomeçar a vida em outro lugar. A maioria foi para os Estados Unidos, a terra da prosperidade. Mas junto com os imigrantes, inevitavelmente, ia a tradição mafiosa a qual estavam inseridos desde seus nascimentos. Com todo o silêncio e todo o controle da máfia sobre a Sicília, tornava-se impossível para o governo italiano sequer imaginar conseguir eliminar os mafiosos. Pelo menos utilizando a lei e a justiça. Para acabar com a máfia seria preciso usar as mesmas armas, algo além da justiça e das leis. E esse dia não demoraria a chegar. Até o ano de 1920 o poder da máfia crescia sem enfrentar muitos obstáculos, até que sobe ao poder o primeiro ministro Benito Mussolini. Mussolini, sem se importar com as leis regentes, varre os mafiosos da itália, levando centenas para a prisão e matando vários outros. Mas muitos mafiosos poderosos ainda resistiam e até enfrentavam Mussolini. Certa vez, na Sicília, o primeiro ministro foi fazer um discurso e levou sua guarda pessoal. O chefe mafioso local disse a Mussolini que ele estava seguro ali, pois aquela era sua área, mas o primeiro ministro não abriu mão de sua guarda, o que fez o mafioso se sentir ofendido. Quando Mussolini chegou para o discurso, não havia uma pessoa sequer para ouvir suas palavras, o que mostrou claramente o poder da máfia sobre a população. As famílias mafiosas se mostraram um empecilho para o regime fascista. Com mão de ferro, Mussolini usava contra os mafiosos mais poderosos as mesmas táticas que eles usavam com seus inimigos, como sequestrar e ameaçar familiares, até que os chefes fossem encontrados. Vários mafiosos fugiram para os Estados Unidos, juntando-se às famílias que começavam a se formar por lá. A Itália parecia, finalmente, livre da máfia. Mas não por muito tempo. Quando os aliados invadiram a Sicília, na segunda grande guerra, libertaram os inúmeros mafiosos que estavam atrás das grades, confundindo os mesmos com presos políticos. Com esse fato, unido a mais um capítulo caótico da história Siciliana, a máfia se ergue novamente, mas, dessa vez, com negócios cada vez maiores, já que muitas empresas se fizeram necessárias para reerguer a Itália pós guerra. A Máfia agora contava com famílias em diversos pontos da itália, controlando todo o tipo de negócio. Nos EUA, a máfia também prosperava. Famílias fundadas por imigrantes e seus descendentes, enriqueciam através de diversos empreendimentos, desde prostituição e bebidas, até a grandes indústrias onde os mafiosos se infiltravam. Vários políticos e outras autoridades eram comprados por mafiosos, facilitando suas ações e abrindo caminho para novos empreendimentos. Apesar de a máfia americana e a siciliana não terem se relacionado diretamente, seguiram caminhos parecidos, e mantinham o mesmo código de honra e silêncio, o que tornava muito difícil para a polícia desmantelar esses grupos. No fim, as tradições mafiosas, tanto na Itália, quanto nos EUA, eram os mesmos. Em 1950, a Cosa Nostra, como passou a ser conhecida a máfia italiana, era a rede de crime organizado mais poderosa da América. Na Sicília e demais regiões da Itália, as coisas não eram diferentes dos EUA. A máfia controlava praticamente todos os negócios. Através de suborno, conseguiam controlar políticos e, muitas vezes, colocavam membros da família no poder. O partido democrata-cristão rapidamente se uniu à máfia, criando um poder político sem prescedentes para os clans. O velho chefe mafioso Don Carlo, fez um discurso público dizendo apoiar o partido, o que fez com que várias outras famílias repetissem o gesto. Obviamente que a população seguiria aquele inocente conselho. E assim a máfia começou a encher os bolsos também com dinheiro público. Mas depois da morte de Don Carlo, uma nova geração de chefes mafiosos começou a surgir, e entre eles estava um famoso assassino da província de Corleone: Luciano Liggio. Essa nova máfia se mostrou muito mais violenta e aterrorizante. Luciano Liggio começou sua carreira como assassino e logo se tornara o matador mais procurado pela máfia corleonesa. Logo ele passaria a controlar um pequeno exército de assassinos. Quando a máfia corleonesa decidiu expandir seus negócios, procurou Liggio para que este fosse às cidades costeiras em busca de novos territórios. Como depois da segunda guerra mundial a Sicília estava em ruínas, Roma passou a enviar muito dinheiro para a reconstrução da ilha, focando em sua principal cidade: Palermo. Com isso, Liggio viu ali a chance de pegar uma fatia daquele grande montante de dinheiro. O problema é que, além dos corleoneses, várias outras famílias também buscavam a sua parte daquele bolo em Palermo. Uma guerra entre eles parecia inevitável. Com tanto poder e dinheiro concentrados em Palermo, ninguém mediria forças para dominar a região. Mas Liggio não poderia perder aquele espaço. Começou sua empreitada e uma média de três assassinatos por semana eliminava mafiosos de outras famílias, e elas retrucavam. Depois de cinco anos de muita violência entre os mafiosos, as famílias perceberam que aquela guerra estava prejudicando seus negócios e diminuindo seus lucros. Era necessário resolver aquela questão ou os mafiosos perderiam poder. Foi assim que em 1957 os chefes das famílias mafiosas marcaram uma reunião para resolver esses e outros problemas. Durante quatro dias os chefes se reuniram no Grande Hotel de Palermo, e ali resolveram criar uma comissão que controlaria a política e divisão de territórios de todas as famílias, resolvendo vários problemas e acabando com a guerra entre eles. Essa comissão ficou conhecida como a Cupola. A partir de então, tudo deveria passar antes pela comissão. Até mesmo assassinatos importantes deveriam ser aprovados pela Cupola. Com isso, nos anos seguintes, a Sicília viveu épocas de paz. Mas a máfia corleonesa estava inquieta, dizendo que ficara de fora da Cupola. Aproveitando esse momento de tensão, Liggio assassinou o chefe do clã (o qual teria tentado, antes, matar Liggio), abrindo caminho para que ele subisse ao poder e tomasse o controle da família Corleone. Liggio conseguiu seu lugar na Cupola e voltou-se para um negócio que se tornou um dos mais lucrativos: o tráfico de heroína. Logo toda a máfia siciliana estava envolvida no tráfico de drogas. O ópio vinha do Afeganistão e era processado na Sicília, de onde saía o produto para, principalmente, os Estados Unidos. Havia espaço para todos e, assim, parecia que a paz entre as famílias seria duradoura. Mas com tanto dinheiro vindo das drogas, a paz não poderia durar muito. Vários mafiosos começaram a conspirar para tentar tomar o controle do tráfico. Foi dessa forma que se iniciou, em 1964, uma nova guerra entre as famílias. Dessa vez muito mais sangrenta e violenta. Corpos eram encontrados diariamente. Mulheres e até crianças eram assassinados. Bombas explodiam e, se o objetivo era matar um só mafioso, os assassinos não se importavam se, junto com ele, morressem outros dez inocentes numa explosão. Essa guerra fez com que as autoridades reagissem. Uma grande operação foi feita em Palermo, onde centenas de armas e mafiosos foram presos, incluindo alguns líderes. Com a atenção das autoridades sicilianas voltadas para os mafiosos, vários fugiram para a América, onde foram recebidos pelos mafiosos locais e continuaram o tráfico de heroína dali. A parceria entre sicilianos e ítalo-americanos começava a render um bom negócio nos EUA. Em 1974, Liggi também foi preso. E quem assumiu a família Corleone foi Salvatore Riina. Salvatore se mostrou mais violento e ambicioso que Liggi. Com o objetivo de controlar todo o tráfico de drogas da Sicília, iniciou uma guerra sem precedentes, assassinando centenas de mafiosos de outras famílias. Corpos despedaçados eram encontrados diariamente pelas ruas de Palermo. O objetivo de Salvatore era colocar todas as famílias sob o controle dos Corleone. A violência durou até 1983. Mafiosos, políticos, policiais, juízes e quem quer que fosse que desafiasse o poder da máfia era assassinado. Os Corleone praticamente não sofreram perdas. Salvatore finalmente estava no controle total da Sicília, desde a política até a economia. O Império da Máfia havia se formado. A Sicília parecia estar total e definitivamente sob o domínio da máfia. Com o poder político e econômico dos Corleone e o medo e o silêncio da população, era praticamente impossível desmantelar o crime organizado. Contudo, um promotor chamado Giovanni Falconi declara guerra contra a máfia e se torna o mais famoso homem anti-máfia do governo. Numa missão que muitos diziam impossível, Falconi investiu todas suas forças para acabar com a máfia siciliana. Ele contou com a ajuda de outro promotor e amigo de infância, chamado Paolo Borsellino. Juntos travaram uma grande batalha contra os Corleone e a Cosa Nostra. Rastrearam o dinheiro dos criminosos e, quanto mais investigavam, mais fatos vinham a tona, colocando vários mafiosos na corda bamba. Devido aos grandes inimigos que os Corleone fizeram em sua guerra, somando a coleção de provas e descobertas que Falconi e Borsellino juntavam, pela primeira vez na história, iniciou-se uma quebra em massa do código dos mafiosos. Vendo aquilo como a única chance de continuarem vivos, vários mafiosos começaram a colaborar com a polícia. Dessa forma, o até então secreto mundo dos mafiosos, começava a vir a tona. A situação ficou piorou para os criminosos quando foi preso, no Brasil, Tommaso Buscetta, um importante chefe mafioso da Sicília. Já preso, e depois de tentar um suicídio, ele começou a falar. O principal motivo disso, talvez tenha sido o fato de que boa parte de sua família, como filho, sobrinho e irmão tenham sido assassinados pelos corleoneses. Pela primeira vez um mafioso de alto escalão resolveu cooperar com a polícia. Ele contou a Falconi tudo o que sabia sobre a máfia e isso foi um grande fator para que Falconi e Borselinno reunissem mais provas e montassem dossiês sobre centenas de mafiosos. Mais de 700 mafiosos foram a julgamento e quase 400 condenados, o que foi considerado uma vitória para a dupla anti-máfia, afinal eles haviam feito algo considerado impossível. Muito ainda precisava ser feito. Mas o caso não andava, pois a influência da máfia sobre os políticos era grande o bastante para se tornar um empecilho para os promotores continuarem sua batalha. O governo então promoveu Falconi para um cargo administrativo, evitando assim que a dupla anti-máfia continuasse seus trabalhos. Mas Falconi usou esse seu novo posto para iniciar uma nova perseguição aos criminosos e estava prestes a progredir. No entanto, em 1992, enquanto viajava de carro com sua esposa, uma bomba explodiu na estrada, matando Falconi, sua esposa e seus guarda-costas. O assassinato de Falconi chocou toda a Itália, levando milhares às ruas. Os sicilianos, diante da morte daquele que viam como um herói, não ficaram mais calados. Borsellino assumiu a cruzada anti-mafia e, dois meses depois, quando tocou o interfone do apartamento de sua mãe, um carro ao lado explodiu, matando o promotor. Mais e mais sicilianos saíram às ruas. Protestavam e exigiam uma ação do governo. Essa cena era algo inimaginável há poucos anos antes, mas, agora, os mafiosos tinham ido longe demais. Roma enviou o exército para Palermo para fazer o trabalho diário dos policiais, liberando-os para se dedicarem exclusivamente à caça aos mafiosos. Vários foram presos e a máfia começava a recuar. Em 1993, Salvatore Riina, o chefe dos Corleone foi preso para cumprir sua prisão perpétua e, pouco tempo depois, a Itália se viu livre do império da máfia. A máfia ainda existe nos dias de hoje. Vive de forma mais discreta, porém diversas famílias ainda operam no mercado internacional. Desde a indústria até ao lucrativo negócio do lixo. Ainda controlam políticos e outras autoridades, mas seu terreno está bem menor do que nos tempos antigos da Sicília. A dita era romântica da máfia deixou de existir há muito e muito tempo. Uma época em que a honra e a segurança da família eram justificativas mais do que suficientes para assassinar os inimigos. Uma época de uma terra perdida, onde o próprio povo cuidava dos seus e cometiam crimes em busca da prosperidade e da integridade. A família em primeiro lugar. Não é atoa que os clans mafiosos se chamavam famílias, mas há muito deixaram de agir como tal. Hoje a máfia está mais corporativa do que nunca. A máfia possui um só grande objetivo: fazer dinheiro a qualquer custo. Quem vai prevalescer? Afinal, como sugere Horácio: “ganhe dinheiro honestamente se puder, se não, como puder”. Talvez devêssemos pensar nos inúmeros políticos corruptos e lacaios que existem por aí. Não acho que os mafiosos sejam tão criminosos como eles, que, mesmo sem matar ninguém diretamente, são a razão de tanta fome, mortes, vícios e outros crimes. O mafioso está fazendo o cruel papel dele. Já o político corrupto… #Crime #História #Primeiratemporada

  • Diabolus

    A história e a mitologia por trás daquele que é o símbolo do mal para os cristãos. Esse episódio faz parte dos fantásticos podcasts mais antigos do Escriba Cafe que, por questões de direitos autorais, não estão disponíveis para download nem pelo feed, Spotify, etc, (nem mesmo pelo player fixo no site) sendo possível ouví-los somente pelo player no respectivo post. TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio O homem sempre buscou respostas para sua existência. Mas suas perguntas sempre permaneciam na escuridão. Sem conseguir lidar com sua própria consciência, com os fenômenos da natureza e a inevitabilidade da morte, precisou procurar respostas no desconhecido mundo invisível. Um mundo onde deuses e entidades surgiam como a cura para todas as dúvidas que consumiam o seu ser. O homem precisava ser amparado. Colocou sob responsabilidade dos deuses tudo aquilo que ele achava impossível fazer sozinho. E assim os deuses ganharam força. Vários surgiram, vários desapareceram e, os que ainda sobrevivem, são possuidores da fervorosa fidelidade e servidão daqueles que creem que o bem e o mal estão lutando por suas almas. E, para personificar essa guerra, criaram seus generais: criaram Deus e criaram o diabo. Os deuses da antiguidade Nas grandes religiões da antiguidade, não havia a nossa conhecida dualidade do bem o do mal. Eram vários deuses, cada um com sua função. Na mitologia grega, por exemplo, havia, dentre outros, o deus dos oceanos, o deus do amor e o deus da guerra. O mais próximo que poderíamos chegar de um deus do mal, nessa mitologia, é Hades, o senhor do mundo inferior, conhecido como o deus dos mortos, cujo qual era odiado pelos homens a ponto de não possuir nem um templo para sua adoração. Mas, ainda assim, ele não era a representação do mal. Na mitologia nórdica, havia o Loki, que apesar de não ser um deus propriamente dito, vivia com os outros deuses, e era considerado mal e trapaceiro, sempre causando problemas. Contudo, Loki era uma figura complexa demais para podermos compará-lo um com um deus do mal. Nas mitologias como a grega, os deuses tinham uma relação mais próxima com os seus adoradores e apresentavam comportamentos e sentimentos totalmente humanos, como o amor e o ódio, a generosidade e a inveja, a alegria e a tristeza. Mas podemos facilmente encontrar monstros, criaturas e entidades que devastavam reinos, matavam e devoravam humanos e espalhavam o caos. Essas criaturas, muitas vezes, seguiam ordens ou eram criadas pelos próprios deuses. Assim, o mesmo deus que protegia uma pessoa ou uma cidade, podia, posteriormente, ser o responsável por sua destruição. Em diversas crenças antigas, era muito comum os humanos fazerem sacrifícios ou oferendas para poderem acalmar os deuses. Isso deixa clara a dualidade das divindades, mostrando que os deuses podiam fazer com que as plantações de um ano prosperassem e, se algum dia ficassem insatisfeitos, podiam fazer com que tempestades ou secas destruíssem as terras cultivadas. Simples assim, sem motivo algum. Em algumas civilizações da antiguidade, como a Mesopotâmia, já se responsabilizavam seres maléficos por algumas catástrofes naturais e doenças, mas a existência de um ser supremo do mal, em constante guerra com um ser supremo do bem, só surgiu, de forma mais clara, na idade média. A idade média Na idade média, o domínio da igreja católica sobre a política e a cultura ocidental foi o principal fator que resultou na popularização, no ocidente, de uma personificação do mal. O cristianismo incorporou muitas características de diversas crenças antigas, assim como todas as religiões que existem ou existiram. Contudo, a ideia de seres poderosos que podiam ser maléficos foi usada para criar um único ser que, comandando suas hostes, representava todo o mal. Na mitologia cristã, Lúcifer era o mais belo e forte de todos os querubins. Ele revoltou-se contra deus e foi expulso do reino dos céus, junto com todos os seus anjos revoltosos. Desde então, uma guerra entre o bem e o mal é travada. Lúcifer, que também é chamado de Diabo, Satanás, Capeta e diversos outros nomes, tenta, junto com suas hostes, corromper o homem. O diabo é o responsável por tudo que é considerado mal no mundo, mas a falta de dados bíblicos sobre esse personagem da mitologia cristã acaba por criar diversas teorias diferentes, como a de que Lúcifer e Satanás são dois seres diferentes. Mas, de qualquer forma, fora criado o ambiente perfeito para amedrontar as pessoas: se um homem é mal — e não segue a Igreja — quando morrer terá sua alma enviada para o Inferno, onde sofrerá por toda a eternidade. Já os que seguem a igreja e são bons, poderão ir para o Paraíso. Esse dualismo, vivido mais na prática do que nos dogmas, foi determinante para o crescimento do poder da Igreja Católica, vista como o único caminho para o paraíso. Imagens do diabo começaram a surgir, mas não de acordo com a lenda, e sim pela perspectiva católica. Ele passa a ser retratado como um ser horrível, animalesco, que causa medo e repulsa em quem o olha. Com essa radical divisão entre o bem o mal, não podia haver meio termo para a Igreja. Ou você era do bem, seguidor e devoto da religião, ou simplesmente era um seguidor de satanás. Começa, então, a caçada aos seguidores do diabo. Qualquer mínimo questionamento ou comportamento contrário aos dogmas da Igreja, poderia levar qualquer pessoa para a fogueira, acusada de heresia. Era o homem matando em nome do fruto de sua própria imaginação. Codex Gigas Com toda essa sombra espiritual rondando a idade média, surge um livro que entrou para o hall de mistérios medievais: o Codex Gigas. Ele é o maior manuscrito medieval existente. É também conhecido como a Bíblia do Diabo. Foi concluído, provavelmente, no século XIII e possui quase um metro de altura, 50 cm de largura e 22cm de espessura, pesando aproximadamente 75kg. Suas capas são feitas de madeira e couro, com ornamentos de metal. Ele possui 310 folhas de velino, mas algumas páginas foram arrancadas. Ninguém sabe quem o fez nem o porquê. O apelido Bíblia do Diabo, se deve a uma ilustração do mesmo que existe em uma das páginas. Isto, somando-se aos inúmeros mistérios que cercam o livro, fez surgir a lenda sobre a criação do Codex. Dizem que um monge beneditino quebrou os votos monásticos e foi condenado a ser emparedado. Para se salvar, prometeu aos outros monges que escreveria em uma só noite um enorme livro que glorificaria o mosteiro e que conteria todo o conhecimento humano. Quando percebeu que não iria conseguir realizar a sua tarefa, ele rezou para o diabo para que este lhe ajudasse. E foi o que aconteceu: Satanás terminou o livro para o monge. A misteriosa imagem do diabo no livro seria um agradecimento ao ser das trevas ou até mesmo uma assinatura do coautor. Lendas a parte, há historiadores que defendem que o livro levou mais de 20 anos para ser concluído. Em seu conteúdo há a versão Vulgata Latina da Bíblia, a enciclopédia de Isidoro de Sevilha, a Crônica dos Bohemios, tratados sobre medicina e vários outros. As imagens e descrições do inferno que mais se popularizaram também foram uma criação tardia. A visão de inferno, que temos hoje em nosso imaginário, existe, em boa parte, graças a Dante Alighiere e sua famosa obra, A Divina Comédia, que narra sua ida ao inferno, ao purgatório e ao paraíso. Devido a influência católica no mundo ocidental, quando se fala em diabo ou Lúcifer, imediatamente somos remetidos à algo maligno, horrível. Mas devemos entender que isso é uma questão de ponto de vista, de acordo com o credo. Lúcifer e outras lendas O nome Lúcifer significa “Portador da Luz” — Muitas vezes ele também é chamado de “Estrela da Manhã”. Boa parte dos estudiosos da bíblia cristã afirma que a aplicação do nome Lúcifer ao Diabo é um erro de tradução ou, simplesmente, má interpretação do texto da bíblia. O fato é que, por causa dos antigos dogmas da Igreja Católica, criamos hoje relações erradas entre símbolos e personagens. Pentagramas, bodes, demônios… Acabamos mesclando tudo isso num só personagem: o Diabo. Até hoje, várias seitas e crenças pagãs sobrevivem, são criadas ou, até mesmo, reformuladas. Todos esses credos pagãos possuem símbolos e divindades que, por não serem cristãos nem de nenhuma outra grande religião que conhecemos, acabam por serem confundidos com algo demoníaco. É a velha lei: Se não é do bem, é do mal! Mas o bem se resume unicamente no que a pessoa acredita, portanto, surge aí, o preconceito e a intolerância. Como exemplo disso podemos citar os satanistas. O satanismo O satanismo, principalmente por causa do nome, é visto hoje pela maioria das pessoas como uma seita que segue Satã, o príncipe das trevas e do mal. E pressupõe-se que essas pessoas vivem para fazer o mal, para sacrificar humanos e animais em terríveis rituais e fazerem outras perversidades. Sempre que adolescentes ou outro grupo de insanos pratica algum crime, como o assassinato, invocando divindades e tudo o mais, o ato é rapidamente tachado de ritual satânico. O satanismo realmente existe. Mas esse termo é aplicado a diversas ramificações de crenças e seitas. Existem aqueles que cultuam, de fato, uma divindade, mas nem sempre o Satã ao qual se refere a Igreja. Contudo, o satanismo que mais possui adeptos é a vertente filosófica, que se resume na crença de que cada pessoa é o seu próprio sacerdote e o seu próprio deus. Veem Satã não como um ser ou um deus, e sim como uma força da natureza. Pregam a exaltação da vida, e veem os animais e as crianças como a mais pura manifestação dessa força vital. Os satanistas cultuam os prazeres mundanos, repudiando a abstinência cujo propósito seja a recompensa após a morte. Ou seja, é uma religião onde não se adora deuses, anjos ou demônios, e sim o mundo e o homem. Esse tipo de filosofia já existe há muitos séculos e vários grupos foram perseguidos e pessoas queimadas por causa disso. Mas é claro que hoje também existem grupos que, curiosamente, veneram o diabo mesmo. Talvez sem nem mesmo saber que esse ser foi uma criação da Igreja a qual eles são contrários. O preconceito parte sempre de ambos os lados. É preciso compreender que não há como uma crença ser demoníaca ou seguidora do senhor do inferno se esses conceitos nem sequer existem nessas crenças. Portanto, se alguma religião ou crença são diabólicos ou não, isso fica a cargo das crenças e dogmas de quem está julgando. Os demônios Existem inúmeros símbolos e personagens míticos que são considerados, de forma errada, como imagens ou representações do diabo cristão. Mas esses símbolos e personagens em pouco ou nada se relacionam com a mitologia cristã. Esse é o caso do pentagrama. Esse conhecido símbolo é usado há milhares de anos por diversas crenças com diversos significados, como a perfeição, os 5 elementos da natureza e, até mesmo, o satanismo, caso o pentagrama esteja apontando para baixo, formando algo como um bode. Existem, também, as entidades que povoaram a imaginação de diversas crenças: os demônios. Embora muitas pessoas liguem demônio unicamente ao Satanás, como se fosse apenas um ser, os demônios são vários. É uma espécie de criatura que, dependendo da crença, pode ser má ou nem tanto. Na antiguidade, em civilizações como o Egito e a Mesopotâmia, acreditava-se na existência de demônios que estavam sempre à espreita para fazer vítimas. Eles eram responsabilizados por doenças, mortes e azar. Na Grécia Antiga, os demônios eram vistos como divindades inferiores, mas que não necessariamente eram maus. No cristianismo, os demônios são ferramentas de Lúcifer, anjos que caíram junto com ele ou criaturas infernais cujo único propósito é fazer o mal. Boa parte desses demônios possuem nomes e são velhos conhecidos dos cristãos, como Belzebu, Azazel e Pazuzu. Existe até mesmo uma linha de pesquisa chamada Demonologia, que cataloga e estuda os demônios. Essas criaturas do mal, além de possessões, são também responsabilizadas por crimes, drogas, tristeza, depressão, falta de dinheiro e qualquer outra coisa que o crente possa achar que essa é a única explicação. Nos dias de hoje, com influências de várias religiões atuais e antigas, construídas sobre os mesmos primitivos pilares, e misturando-se os mitos, é comum que um mesmo demônio, deus, ou entidade sobrenatural sejam vistos de formas completamente diferentes, até mesmo por pessoas inseridas na mesma cultura. A modernidade trouxe novas perspectivas espirituais, principalmente quando se trata do Diabo. O ocultismo e os dias de hoje Foi no século XIX que o ressurgimento e popularização de uma antiga pseudociência, fez a imaginação de muitos transbordar: entrava na moda o Ocultismo. O ocultismo, também conhecido como ciência oculta, existe, na verdade, há muito mais tempo, desde a antiguidade até a idade média com a alquimia e a cabala judaica. Esses tipos de ocultistas foram perseguidos e mortos durante a inquisição. Mas, no século XIX o ocultismo ressurgiu e ganhou fama. É um tipo de pseudociência que estuda o que pode ser chamado de sobrenatural, buscando atingir o conhecimento primordial, o qual se acredita ser a origem de todas as religiões e filosofias. Com a popularidade da ciência oculta, muitas pessoas passaram, até mesmo, a se entreter com isso. Sessões espíritas após os jantares festivos eram comuns entre os mais ricos, como uma diversão para os convidados. Misturando o ocultismo com os dogmas religiosos, o esoterismo e até a falta de conhecimento sobre esses assuntos, chegamos nos dias de hoje com inúmeras lendas urbanas. Uma delas ganhou muita popularidade: os pactos com o diabo. Muitas pessoas ricas ou famosas começaram a ser acusadas, através de boatos, que haviam trocado suas almas por dinheiro, fama ou o que quer que fosse. O diabo passou a ser visto não mais como um monstro que quer acabar com a humanidade, e sim como um elegante e sedutor negociante à la Wall Street. Um gênio da lâmpada que sempre pedia algo em troca dos desejos. Filmes, livros e a cultura pop começaram a criar uma imagem diferente do príncipe das trevas. Antes ele era um monstro repugnante. Agora, pode ser um belo homem ou uma linda e sensual mulher, vestindo roupas caras, curtindo a vida como um bon vivant e oferecendo o mesmo para quem quisesse dar sua alma em troca. Ou seja… Vivemos hoje num grande mix de religiões, crenças e misticismos em geral. Por mais cristã que uma pessoa seja, por exemplo, ela pode acabar, mesmo sem perceber, praticando algo pagão. Simpatias e superstições poderiam levar qualquer um para a fogueira na idade média. Hoje em dia, talvez, até alguns padres evitam passar por debaixo de escadas ou cruzar o caminho com gatos pretos. Estamos cercados culturalmente por essa mistura. Para alguém que não é um devoto muito praticante, as mitologias antigas e modernas se confundem no imaginário, criando diferentes formas para os deuses, os demônios, os anjos, os diabos, os profetas, enfim, criando nossa visão de mundo, físico e espiritual. Essa é a bagunça de viver num mundo onde a razão ganhou espaço, deixando de ser ameaçada pelas religiões, porém influenciada. Se o diabo existe ou não, se os demônios estão nos corrompendo ou não e se há uma guerra espiritual acontecendo há mais de dois mil anos, cabe apenas a você acreditar ou não. Mas uma certeza eu lhes dou: existem demônios que podem nos destruir, sim: nossos demônios interiores. Portanto, procure focar suas forças para combater esses seres maléficos primeiro, depois preocupe-se, se quiser, com o inferno. #História #Primeiratemporada #Religião #Sobrenatural

  • A Franco-Maçonaria

    Conheça a história da fraternidade que mudou o mundo. Esse episódio faz parte dos fantásticos podcasts mais antigos do Escriba Cafe que, por questões de direitos autorais, não estão disponíveis para download nem pelo feed, Spotify, etc, (nem mesmo pelo player fixo no site) sendo possível ouví-los somente pelo player no respectivo post. FICHA TÉCNICA Roteiro, produção e narração: Christian Gurtner BIBLIOGRAFIA VARIOUS. Mysteries of the Freemasons. DVD — The History Channel. 1.ed. n/a: A&E Home Video, 2007 SCHILLING, V. Os Cavaleiros Templários, a milícia de Cristo.Disponível em: < http://educaterra.terra.com.br/voltaire/ >. Acesso em: 20/04/2010 CORDEIRO, T. O compasso do mundo. Disponível em: < http://historia.abril.com.br/politica/compasso-mundo-474629.shtml >. Acesso em: 21/04/2010 TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO (As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los) Ler a transcrição completa do episódio Israel, aproximadamente 950 anos antes de Cristo. O templo de Salomão começava a ser erguido. Apesar da falta de evidências históricas dessa construção, uma das versões da lenda conta que o rei recebeu diretamente de Deus o projeto para construir o maior templo de todos. A esse projeto divino outra pessoa também tinha acesso: era o mestre de obras Hiram Abif. Alguns estudiosos maçons afirmam que Hiram Abif, filho de uma viúva e brilhante mestre de obras, havia criado um sistema de códigos para organizar as centenas de milhares de trabalhadores e assim saber o nível de conhecimento de cada um, e também para acertar o pagamento. Entre os trabalhadores subordinados, 3 ambiciosos pediram a Hiram que lhes passasse o conhecimento de um mestre de obras, e Hiram disse que quando o templo estivesse pronto, todos poderiam ter acesso à esses segredos, se tivessem perseverança. Não satisfeitos, ao final do dia os três trabalhadores fizeram tocaia, cada um numa porta do templo. Quando o mestre de obras se retirou para suas orações, foi abordado pelo primeiro, que exigiu que Hiram lhe passasse o conhecimento secreto. Hiram negou e imediatamente foi golpeado na garganta por um graminho de carpinteiro. Atordoado e sangrando, Hiram dirigiu-se à outra saída do templo para fugir, quando foi abordado pelo segundo operário que repetiu a exigência. Hiram novamente negou e foi ferido no peito com um esquadro. O mestre de obras tentou, então, fugir pela terceira porta do templo, e lá foi abordado pelo terceiro operário com a mesma exigência. Sem revelar nada, Hiram levou o último e fatal golpe e, antes de morrer, teria dito “quem ajudará o filho da viúva?”, frase essa que se tornaria o pedido de ajuda secreto dos maçons. Essa lenda viria a se tornar muito importante para os maçons, para, dentre outros, lembrar aos seus membros a seriedade dos votos maçônicos. Mas como realmente surgiu a maçonaria? Se formos pensar em evidências históricas, podemos começar a pesquisar aproximadamente 2 mil anos depois de Hiram Abif. Europa, Século XIV Os cavaleiros templários haviam se tornado poderosos, ricos e numerosos. Conta-se que durante o início de suas atividades em Jerusalém, eles haviam escavado o local onde antes estava o antigo templo do rei Salomão. Lá encontraram alguma coisa, talvez tesouros ou até mesmo, como alguns gostam de acreditar, encontraram o santo graal. Mas alguns historiadores cogitam que, dentre outros, talvez eles tenham encontrado manuscritos contendo rituais secretos que dariam contato direto com Deus. Mas tudo ainda é especulação. O fato é que depois de ficarem ricos e poderosos, os segredos da ordem e o fato de ela ser estritamente fechada aos não iniciados, foram usados para derrubá-los. O papa Clemente e o rei Philipe — nitidamente atraído pela riqueza templária — acusaram e condenaram os Cavaleiros por heresia. Em um só dia, de forma sincronizada, tropas surpreenderam os templários por várias partes da Europa, em suas próprias casas, e todos foram presos e depois queimados, acusados de blasfemar, cuspir na cruz e outras heresias. O último grão mestre templário, Jacques De Molay, enquanto as chamas começavam a queima-lo gritou: “NEKAN, ADONAI !!! CHOL-BEGOAL!!! PAPA CLEMENTE… CAVALEIRO GUILHERME DE NOGARET… REI PHILIPE: INTIMO-OS A COMPARECER PERANTE AO TRIBUNAL DE DEUS DENTRO DE UM ANO PARA RECEBEREM O JUSTO CASTIGO. MALDITOS! MALDITOS! TODOS MALDITOS ATÉA DÉCIMA TERCEIRA GERAÇÃO DE VOSSAS RAÇAS!!!” A ordem dos cavaleiros templários foi dizimada e sumiu para sempre. Será mesmo? Émuito plausível a idéia de que era quase impossível uma investida como essa eliminar todos os templários. Muitos afirmam que alguns templários que não foram encontrados, passaram a viver na obscuridade e acabaram se mesclando à uma outra sociedade. Os pedreiros livres Durante o século XIV várias obras pela Europa criavam uma grande demanda por trabalhadores especializados. Dentre os trabalhadores, haviam pedreiros com um grande conhecimento em esculpir pedras. Como esse conhecimento era guardado para valorizar o trabalho, esses pedreiros não eram muitos. Eles se reuniam em locais chamados “lojas”, que eram abrigos criados no campo de obras, e ali discutiam o andamento da construção. Haviam também os aprendizes que, aos poucos, iam aprendendo a arte dos mestres. O uso da geometria e do simbolismo era um marco desses pedreiros, que acreditavam no encontro com o sagrado através das formas e números. E as maravilhosas e complicadas formas criadas por esses homens, eram projetadas com ferramentas simples, como o esquadro e o compasso. Para manter seu conhecimento secreto e se identificarem entre si, esses pedreiros criaram códigos, como apertos de mãos próprios e fecharam-se numa sociedade que possuía uma estrutura democrática, onde desde os aprendizes até os grandes mestres se tratavam como irmãos e todos pregavam a igualdade. Esses pedreiros altamente especializados, receberam uma espécie de carta-branca, que lhes concedia o raro direito de ir e vir. Podiam viajar por quase toda a Europa livremente, já que seus serviços eram necessários em vários países. Assim esses homens ficaram conhecidos como os pedreiros livres, ou em francês, os Franc-Maçons, que chamamos em português de Franco-Maçons ou Maçons Livres. Muitos afirmam que os templários sobreviventes, encontraram na ordem dos pedreiros livres seu refúgio para continuar sua ordem, mesclaram conhecimento e trouxeram seus rituais. Mas isso também é somente uma teoria. O fato é que essa idéia dos pedreiros livres de unir ciência, misticismo e democracia chamou a atenção, mais tarde, de um novo grupo de intelectuais e cientistas: os iluministas. Forma-se a Ordem Maçônica A origem da Maçonaria, como a conhecemos hoje, foi uma misteriosa transição de uma associação de pedreiros à uma poderosa sociedade. Mas ainda existem muitos mistérios sobre como exatamente ocorreu essa transição. Durante a revolução iluminista, os monarcas se viram ameaçados por essa liberal nova idéia de visão do mundo, de democracia, enquanto a igreja, mais do que o estado, se viu diante de idéias em que estado e igreja tinham que se separar. Os iluministas começaram, então, a serem perseguidos. Toda e qualquer pessoa que se mostrasse favorável às idéias do iluminismo, era presa e torturada. Dessa forma, renomados pensadores, filósofos, intelectuais e cientistas como Isaac Newton, precisavam encontrar lugares onde pudessem se reunir para discutir assuntos então proibidos. E a sociedade dos pedreiros livres, com suas idéias de igualdade, fraternidade e liberdade parecia refletir muito o ideal iluminista. Com os novos maçons, o prestígio da sociedade ganhou uma nova versão e, pouco tempo depois era fundada a primeira grande loja maçônica. Vários símbolos foram criados, a tolerância religiosa se tornou um forte ideal, os líderes da ordem eram eleitos democraticamente e, tudo isso, ainda resultaria em fatos que balançariam o mundo. A maçonaria, bem como seus ideais, se espalharam e rapidamente a ordem se tornou uma enorme força política. No século XVIII, um papa chamado, coincidentemente, pelo menos nome do papa que dizimou os templários, ou seja, Clemente, soltou a primeira de muitas bulas papais atacando a maçonaria, chamando a ordem de perversa e depravada e ameaçando com excomunhão qualquer católico que entrasse para a ordem. As revoluções e a maçonaria Já era tarde demais para conter os maçons e seus ideais. Por toda parte revoluções democráticas eram encabeçadas ou tinham envolvimento de maçons, como Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, Voltaire e outras figuras importantes. Quando começou a revolução americana, com forte envolvimento dos maçons, as idéias de igualdade e liberdade guiaram o Estados Unidos à sua independência, cuja declaração fora assinada, por entre outros, 9 maçons, destacando-se George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos, o que daria uma influência ainda maior à maçonaria. Talvez os Estados Unidos jamais tivessem vencido os britânicos na guerra pela independência se não fosse a rede de conexões da maçonaria, que conseguiu trazer vários oficiais estrangeiros à América para lutar e liderar batalhas em prol do ideal de liberdade e igualdade. Há evidências de envolvimento maçônico em várias outras revoluções, inclusive a da independência do Brasil. Após George Washington, outros 14 presidentes americanos também seriam maçons. Um forte golpe contra a maçonaria Em 1826 a sociedade maçônica já tinha acumulado poder e influência, mas estava prestes a ruir. Pessoas na América começaram a questionar o que realmente acontecia dentro dos templos, quem eram esses homens que estavam em todos os lugares e eram cheios de mistérios e segredos. O primeiro boato a circular contra a maçonaria foi criado depois da publicação de uma obra equivocada que afirmava que o terror e o sangue derramado pela revolução francesa foram frutos de uma conspiração de um grupo secreto apoiado pela maçonaria: os Illuminati. Assim começou a ser divulgado o boato de que os Illuminatti também estavam nos Estados Unidos e que iriam fazer a mesma revolução de terror ali. George Washington passou a receber cartas dizendo para ele assumir publicamente que não era maçom, pois se o povo começasse a temer o maçons o governo poderia cair. Mas Washington não o fez. Após essa onda de teorias da conspiração, a maçonaria levou outro golpe, que unido ao já presente receio da população, seria quase fatal à fraternidade. Um maçom quebrou seu juramento e disse publicamente que iria revelar em detalhes todos os segredos da maçonaria. Pouco depois de sua declaração esse ex-maçom foi preso por uma reles acusação de não pagar uma conta de 2 dólares. Os maçons fizeram de tudo para que esse homem não fizesse o que tinha prometido, até que ele fora sequestrado de sua cela e desapareceu para sempre. Quatro maçons foram presos e acusados de sequestro, mas o julgamento foi influenciado pelo poder e conexões maçônicos, abafando o caso e condenando os acusados com penas leves. Quando soube do ocorrido, a opinião pública se voltou contra os maçons e, mesmo tendo sido um fato local isolado, a população passou a considerar todos os maçons assassinos e a fraternidade foi alvo de inúmeros boatos e teorias de conspiração. Um partido anti-maçônico foi criado e várias cidades, lideradas por pastores, começaram a perseguir os maçons, as escolas não aceitavam mais filhos de maçons, e um grupo de mães criou boatos que se espalharam rapidamente sobre atos imorais e depravados que ocorriam dentro das lojas maçônicas. A maçonaria fora devastada, inúmeros membros abandonaram a fraternidade e várias lojas foram fechadas. Parecia ser o fim da maçonaria nos Estados Unidos. A fraternidade se ergue novamente Em 1860 a maçonaria voltou a ganhar força, tornando-se também uma enorme sociedade beneficente. Um dos principais responsáveis pelo feito foi um culto e carismático maçom de nome Albert Pike. Em sua obra ele modificou vários aspectos da maçonaria e ainda elaborou novas idéias e ritos, onde um maçom precisaria passar por 33 rituais, ou 33 degraus para entender a maçonaria. Albert Pike foi uma figura muito controvertida e, enquanto a maçonaria se reerguia rapidamente por toda parte, a obra de Pike foi fonte de várias interpretações que culminaram em acusações à maçonaria de racismo, adoração ao demônio, ligação com o Ku Klux Klan e várias outras teorias. Mas a maçonaria já havia caminhado bastante para superar essa nova onda de boatos e se moldado para a forma em que a conhecemos hoje, ou pelo menos que pensamos conhecer. A Maçonaria Hoje não é correto chamarmos a maçonaria de sociedade secreta, afinal a fraternidade não faz força nenhuma para se esconder. Sabemos onde estão suas lojas e conhecemos vários maçons declarados. Mas podemos chama-la de sociedade que possui segredos. A maçonaria se divide hoje em vários ritos que, apesar de alguns diferentes aspectos, se assemelham muito, sendo o rito escocês um dos mais praticados no Brasil. Os maçons são denominados, de acordo com alguns textos, uma associação de homens esclarecidos e virtuosos, que se consideram Irmãos entre si e cujo fim é viver em perfeita igualdade, intimamente ligados por laços de recíproca estima, confiança e amizade, estimulando-se, uns aos outros, na prática da virtude”. Textos maçônicos afirmam também que a maçonaria prega a luta contra o mal do mundo, que é a ignorância e o fanatismo. Vários maçons a consideram uma instituição de aperfeiçoamento moral e intelectual. Os maçons, entre si, chamam ao outro de irmão, enquanto os não maçons são chamados de profanos. Mas não devemos nos enganar com essa palavra, ela não é pejorativa, ela vem do latim, profanus, onde PRO significa diante de e Fanus, espaço sagrado. Ou seja quem está diante de, não está dentro, e quem não é maçom, não está dentro do espaço sagrado dos maçons, e sim diante. Para um profano se tornar maçom, primeiro um maçom sugere esse profano aos seus irmãos de fraternidade, que votarão. Se ao menos um dos maçons votar contra, o profano não será convidado e provavelmente jamais vai saber que foi indicado. Mas caso seja aceita a indicação, o profano será convidado e terá que preencher vários formulários e provar que não possui nenhum processo contra ele e que não deve nada ao estado. Passará então por várias sindicâncias para comprovar o que preencheu até que finalmente será iniciado em uma sessão maçônica especial, onde fará um juramento de guardar os segredos maçons sob simbólica pena de morte. A partir daí o maçom vai subindo numa espécie de hierarquia, começando como aprendiz, depois companheiro e então mestre, onde continuará subindo em graus, que variam nos diferentes ritos. Quanto maior o grau do maçom, mais segredos são compartilhados com o mesmo. Apesar de a maçonaria usar muito a simbologia e possuir vários rituais, não se trata de esoterismo nem religião. Os maçons podem seguir qualquer religião ou seita esotérica, e a unica exigência antes de entrar na maçonaria é que o maçom acredite em uma força suprema, ou no grande arquiteto do universo como costumam chamar, e a definição para essa força suprema fica a cargo da crença de cada um. Se um maçom quebra seu juramento, pratica atos ilícitos ou denigre a imagem da maçonaria, ele é expulso da ordem. Uma coisa que nem todos sabem é que a maçonaria pratica muito a filantropia. São inúmeras obras beneficentes criadas ou financiadas pelos maçons, que possuem um preceito de filantropia de desinteresse, ou seja, de não ficar se vangloriando, como muitas empresas fazem, dos necessitados que eles ajudaram. O silêncio dos Maçons Os maçons jamais se livraram da sombra dos Illuminatti, das perseguições e boatos que surgiram durante toda sua história. Hoje continuam, e cada vez mais, a serem alvos das mais diversas acusações. Filmes, documentários, livros e mais livros, acusam os maçons de adoração ao diabo, planos para dominar o mundo, assassinatos e até mesmo, pra variar, negociação com alienígenas. Hoje com a internet, temos acesso a vários, senão, quem sabe, a todos os segredos maçons, já que inúmeros maçons já quebraram seus juramentos e publicaram tudo o que sabiam e até o que não sabiam. Éaí que realmente está a preservação dos segredos maçons que, apesar de já talvez explícitos, um profano jamais saberá o que é verdade, jamais saberá se tal ex-maçom disse tudo de acordo com o que realmente é ou se exagerou ou se simplesmente mentiu, ou seja, é uma agulha no meio de milhões de outras agulhas. Acabamos todos criando também preconceitos e julgamentos generalistas quando vemos um maçom ou um grupo de maçons fazerem coisas ruins, como o caso recente do governador Arruda. Já os maçons, por outro lado, mantêm o silêncio. Assim como não divulgam muito suas obras beneficentes, jamais se erguem para refutar ou contradizer as teorias de conspiração e, por isso, são um apetitoso prato para os adeptos desse tipo de teoria. Dentre todas as mirabolantes teorias que podemos encontrar em todos os lugares, as que mais ganham força são as teorias de que os maçons querem e já estão conseguindo dominar o mundo. Mas talvez devêssemos pensar um pouco. Se queremos encontrar sociedades secretas que querem dominar o mundo, basta olharmos para certos círculos de políticos corruptos ou certas reuniões à meia noite de executivos de alto nível de multinacionais. Ali estão sociedades realmente secretas em busca de poder e dinheiro através da ganância. Mas a possibilidade de os maçons conspirarem e já estarem conseguindo dominar o mundo, nós não podemos descartar, afinal, só um maçom de elevado grau para responder essa pergunta. Mas uma coisa é certa. Mesmo que seja verdade essa teoria, ao invés de olharmos com malícia, que tal pararmos para pensar que, se uma fraternidade de homens que se ajudam, se respeitam, confiam uns nos outros, trocam conhecimento e vivem sob a lei da igualdade da liberdade e da tolerância, consegue facilmente dominar o mundo para aplicar seus ideais, não seria a maçonaria um modelo para toda a humanidade seguir? Posfácio Quando pela primeira vez, há dois ou três anos, eu quis falar sobre a maçonaria nesse podcast, fiquei muito tentado a seguir a linha conspiratória, afinal é o que mais se acha por aí e acaba sendo um assunto fascinante ao imaginarmos uma sociedade secreta poderosíssima, que adora o diabo, tem poderes mágicos e raízes fincadas em todo lugar do planeta e com planos maléficos para dominar o mundo. Não há dúvida que a linha conspiratória dê mais audiência, mais polêmica. Contudo, quanto mais se pesquisa, mais podemos enxergar um pouco da verdade. Sei que é impossível afirmar isso ou aquilo sobre os segredos da fraternidade, mas podemos ver o quão improváveis e às vezes ridículas são determinadas teorias. E ao enfrentar uma dúvida insolúvel, o melhor a fazer é não passá-la adiante como verdade, e sim como pergunta. #História #Mistério #Primeiratemporada

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